A três dias da votação, na Câmara, da denúncia de corrupção passiva contra o presidente Michel Temer, a Avenida Paulista voltará a ser palco, neste domingo (30), de manifestações contra a corrupção no Brasil. Desta vez, pelo menos 13 juristas e demais operadores do Direito participarão de ato cívico convocado pelo Movimento Quero um Brasil Ético. Apartidário e sem qualquer ligação com a administração pública, o ato tem início previsto para 10h.
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Capitaneado pelo jurista Luiz Flávio Gomes, colunista do Congresso em Foco, o protesto pede “fora, Temer, fora Lula, fora Aécio, fora todos os corruptos”. Um dos criadores da iniciativa, Luiz também pede que a sociedade civil faça pressão sobre os deputados para que eles aceitem a denúncia, bem como defende uma candidatura da sociedade civil em caso de eleições indiretas e quer o fim financiamento público de campanhas eleitorais. E, claro, reitera a importância do poio à Operação Lava Jato.
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O mote principal do protesto é a luta da sociedade, nas ruas, contra todos os corruptos, mas outras bandeiras serão hasteadas na Avenida Paulista. Confirmaram participação no ato cívico os juristas Modesto Carvalhosa e Hélio Bicudo, um dos autores do pedido de impeachment de Dilma Rousseff (PT); e o secretário-geral da Associação de Juízes Federais (Ajufe), Fernando Mendes, entre outros. Embora o perfil majoritário dos organizadores seja de profissionais ligados à execução da Justiça, espera-se que a concentração de gente na longa avenida mantenha a tradição de diversidade que tem marcado os últimos protestos anticorrupção.
PublicidadeA avaliação dos organizadores do evento é que “a sociedade está calada” diante de tantos descalabros da gestão peemedebista. O advogado Márlon Reis, um dos idealizadores da Lei da Ficha Limpa, gravou um vídeo para convidar as pessoas a participar da manifestação, publicado na página do Movimento. Ele afirmou que o ato pretende reunir o maior número de pessoas possível.
“Queremos que as leis que dão base à Operação Lava Jato sejam efetivamente cumpridas, e que o Parlamento não tente, como já esboçou várias vezes, alterá-las para favorecer os investigados”, declarou à reportagem Márlon, que também é um dos fundadores do Movimento de Combate à Corrupção Eleitoral (MCCE).
O coautor da Lei da Ficha Limpa também explicou a pertinência de uma candidatura da sociedade civil em caso de vacância da Presidência da República, bem como a importância de que seja mantida nesse caso, nos termos da Constituição, a convocação de eleições indiretas. Ele afirmou ainda que a escolha seria coletiva, por um nome que “represente um Brasil ético” e possa ser apresentado à sociedade em busca de apoio.
“É uma forma de mostrar que os políticos não são todos iguais e que é sempre possível fazer as melhores escolhas”, acrescentou Márlon, que fez questão de negar a pretensão de ser candidato a cargo eletivo.