O juiz Vallisney de Souza Oliveira, da 10ª Vara Federal em Brasília, mandou para o Supremo Tribunal Federal (STF) a investigação sobre o ex-ministro Geddel Vieira Lima, bem como as provas colhidas pela Polícia Federal em busca e apreensão realizadas na Operação Cui Bono e na Operação Tesouro Perdido – esta, um desdobramento da primeira. Na última semana, no “bunker” atribuído ao ex-ministro, foram encontrados R$ 51 milhões, com digitais de Geddel detectadas em cédulas, malas e caixotes de papelão.
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Na decisão enviada ao Supremo, Vallisney afirma que não se pode “excluir” a participação do deputado Lúcio Vieira Lima (PMDB-BA), irmão de Geddel, no esquema de lavagem de dinheiro. “Considerando o encontro fortuito de indícios acerca do local utilizado para a guarda de dinheiro em espécie que apontam para eventual ligação com o parlamentar, parece-nos mais adequado, neste momento, a remessa dos autos à Egrégia Corte para apreciação de sua competência”, diz o magistrado.
Para Vallisney, como trata de referências ao deputado Lúcio Vieira Lima, a polícia não pode avançar nas investigações em primeira instância. No apartamento onde estavam guardados os milhões de Geddel, também foi encontrado uma fatura pertencente a uma funcionária da residência do parlamentar baiano. Devido a sua condição de deputado federal, o peemedebista possui foro privilegiado. Neste caso, cabe ao STF comandar a investigação.
No documento, o juiz também pede que o Supremo decida se a investigação sobre o deputado deve ser realizada juntamente com a do ex-ministro ou se deve haver desmembramento.
Bunker
O “tesouro perdido” de Geddel foi encontrado em um imóvel no bairro da Graça, em Salvador. O apartamento pertence a Silvio Silveira, amigo do ex-ministro. A PF passou mais de 14 horas contabilizando, por meio de máquinas, o dinheiro apreendido, guardado em caixas e malas.
Além das digitais, a Polícia Federal reuniu outros indícios de que o ex-ministro é o dono da fortuna guardada em caixas e malas. O proprietário do imóvel e outra testemunha confirmaram que o apartamento estava sob os cuidados dele. Também foi identificada uma pessoa suspeita de ajudar Geddel a transportar o dinheiro.
Na última sexta-feira (8), a Polícia Federal prendeu o ex-ministro, que estava em prisão domiciliar desde 12 de julho. Na Cui Bono, Geddel é suspeito de ter recebido cerca de R$ 20 milhões em propina de empresas em troca da liberação de financiamentos na Caixa Econômica Federal (CEF). Ele foi vice-presidente de Pessoa Jurídica entre 2011 e 2013, no governo da ex-presidente Dilma Rousseff.
O ex-ministro, que virou réu em 22 de agosto, foi denunciado por tentar atrapalhar as investigações sobre o desvios no FI-FGTS, o fundo de investimentos do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço, no período em que foi vice-presidente da Caixa. Segundo a acusação, ele tentou impedir o doleiro Lúcio Funaro de fazer delação premiada.
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