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“Se os acusados tivessem recebido um alerta sobre a decretação das prisões em 14 de fevereiro de 2012, teriam tido muito tempo para se esconderem, porquanto as prisões somente foram efetuadas em 29 de fevereiro de 2012”, disse o magistrado, em nota divulgada pela assessoria do Tribunal Regional Federal da Primeira Região (TRF 1). Ele cita dois motivos para justificar a convicção de que o vazamento não ocorreu de dentro da Justiça Federal em Goiânia.
Segundo o juiz, a pessoa que repassou as informações não sabia que havia interceptação em andamento e que era possível grampear as ligações feitas pelos rádios Nextel. “Essas duas informações eram do conhecimento dos servidores da 11ª Vara”, disse. O juiz negou que tenha representado contra o responsável pelo inquérito da Monte Carlo, Paulo Augusto Moreira Lima, e acrescentou que recebeu apoio dos colegas e do Conselho Nacional de Justiça (CNJ).
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Na nota, Leão menciona outra notícia publicada nos últimos dias, de que um telefone registrado em seu nome foi usado para contatos com integrantes da quadrilha de Cachoeira. O magistrado afirmou na nota que dois aparelhos celulares estão no nome de sua mulher, Maria do Carmo Oliveira Alves. Um deles fica com seu filho, que há cinco anos estuda com um dos filhos de Carlinhos Cachoeira. Ele justificou a ocorrência dos números por ligações feitas pelo próprio filho para conseguir falar com a mãe. “Em não raras ocasiões, meu filho utilizou o telefone celular do filho do Sr. Carlos Cachoeira para entrar em contato com a mãe dele”, explicou.
“Lamentavelmente, nos dias de hoje, algumas pessoas se satisfazem apenas com especulações”, afirmou. Ele criticou a imprensa pela divulgação da informação que sua mulher teria conversado por telefone com Queiroga. “Não existem conversas interceptadas mantidas por minha esposa ou por mim em contato com quaisquer dos investigados na Operação Monte Carlo. Minha esposa fez várias ligações para a irmã de José Olímpio”, disse.
Leia a íntegra da nota:
“A imprensa noticiou que nas interceptações efetuadas pela Polícia Federal, no âmbito da Operação Monte Carlo, um telefone registrado em meu nome teria sido usado para manter contato com um dos suspeitos de integrar a suposta quadrilha liderada pelo Sr. Carlos Augusto Ramos ou Carlos Cachoeira.
Não houve interceptação telefônica e esse registro resultou da quebra do sigilo telefônico de minha esposa, e, não, da quebra do sigilo telefônico do suspeito. O telefone fixo de minha residência e os telefones celulares usados por minha família (esposa e filho) estão registrados em nome de minha esposa, Maria do Carmo Oliveira Alves. Meu filho e um dos filhos do Sr. Carlos Cachoeira estudam, há 5 anos, na mesma sala de aula. Ambos dispõem de telefones celulares. Assim como o aparelho usado por meu filho está em nome da mãe dele, o aparelho utilizado pelo filho do Sr. Carlos Cachoeira está registrado em nome dos familiares ou empregados respectivos. Em não raras ocasiões, meu filho utilizou o telefone celular do filho do Sr. Carlos Cachoeira para entrar em contato com a mãe dele. Dessa forma, as conversas mantidas pelo meu filho e pelo filho do Sr. Carlos Cachoeira, com o uso desses aparelhos, foi, de forma apressada e irresponsável, apresentada como prova de que eu ou minha mulher teríamos mantido contato com integrantes da suposta quadrilha. Melhor seria se tivesse havido a interceptação telefônica, porque nesse caso a exibição das conversas seria o suficiente para expor a verdade. Na ausência da interceptação, qualquer ilação quanto à natureza e ao conteúdo das conversas é mera especulação.
Lamentavelmente, nos dias de hoje, algumas pessoas se satisfazem apenas com especulações.
A imprensa também noticiou que a polícia descobriu o envolvimento do nome de minha esposa por acaso, quando rastreava um telefone flagrado em várias ligações para José Olímpio de Queiroga Neto, um dos principais sócios de Cachoeira. Não existem conversas interceptadas mantidas por minha esposa ou por mim em contato com quaisquer dos investigados na Operação Monte Carlo. Minha esposa fez várias ligações para a irmã de José Olímpio. A irmã de José Olímpio e o então esposo dela batizaram meu filho em 1999. A irmã de José Olímpio não figura como acusada na ação penal relativa à Operação Monte Carlo.
Não podemos nos responsabilizar pelo que terceiros atribuem a mim e a minha esposa em conversas telefônicas. Porém, quanto à afirmação feita pelo Sr. Carlos Cachoeira, em conversa ocorrida em 7 de fevereiro de 2012, no sentido de que “Dia 14 o Leão assume a Vara e ela ficou de avisar se vai ter prisão ou não”, o teor da conversa prova a inocência da pessoa acusada, porque se eles foram presos significa que ela não avisou. Se os acusados tivessem recebido um alerta sobre a decretação das prisões em 14 de fevereiro de 2012 teriam tido muito tempo para se esconderem, porquanto as prisões somente foram efetuadas em 29 de fevereiro de 2012.
Essa é a maior prova de que os investigados não receberam informações privilegiadas de quem quer que seja. Além disso, em depoimento à Polícia Federal, minha esposa negou que tivesse prometido informações a José Olímpio. Esse fato foi confirmado por José Olímpio em declaração entregue à autoridade policial federal.
Não fiz representação contra o Juiz Federal Paulo Augusto Moreira Lima, mas apenas requeri à Corregedoria do TRF-1ª Região que, se pesasse suspeita sobre minha conduta, que então a investigação fosse imediatamente avocada. A Corregedoria ouviu o Juiz Paulo Augusto e, diante de seu depoimento, concluiu que eu não estava sob investigação. Por esse motivo, a investigação permaneceu no âmbito da Polícia Federal.
As informações obtidas pelos acusados na Operação Monte Carlo não partiram de integrantes da Justiça Federal por duas e incontestáveis razões: a) a pessoa que repassou as informações não sabia que havia interceptação em andamento; b) a pessoa que repassou as informações não sabia que os rádios americanos eram passíveis de interceptação, e essas duas informações eram do conhecimento dos servidores da 11ª Vara.
Ontem (20/06/2012) em Brasília recebi o apoio da Corregedora Nacional Ministra Eliana Calmon e do ex-Corregedor da 1ª Região Desembargador Federal Cândido Ribeiro. Tenho a convicção de que a investigação inocentará as pessoas atualmente colocadas, apenas com base no que terceiros disseram em conversa telefônica, na condição de suspeitos.
Goiânia, 21 de junho de 2012.
Leão Aparecido Alves”