O senador Romero Jucá (PMDB-RR), atual líder do governo Michel Temer no Senado, foi citado em pelo menos três delações premiadas de executivos e ex-executivos da Odebrecht. O peemedebista tem sido definido como o “coordenador” dos pedidos da empreiteira dentro do Congresso, especificamente no Senado. De acordo com parte dos depoimentos de Marcelo Odebrecht e Cláudio Melo Filho, ex-diretor de Relações Institucionais da construtora, a membros da força-tarefa da Operação Lava Jato no Ministério Público Federal, Jucá atendia os interesses do conglomerado em medidas provisórias e projetos de resolução da Casa e, em troca, era beneficiado com doações. “Participei de pagamentos a ele que hoje superam R$ 22 milhões”, ressaltou Cláudio Melo.
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“Como tive conhecimento, esses valores eram concentrados no senador Romero Jucá e posteriormente redistribuído dentro de seu grupo no PMDB. […] Essa característica sempre foi considerada por mim como ponto de referência na minha relação”, acrescentou o delator.
Ao saber das citações, o senador afirmou, em nota, que sempre estará à disposição da Justiça “para prestar qualquer informação”. “Nas minhas campanhas eleitorais sempre atuei dentro da legislação e tive todas as minhas contas aprovadas”, ressaltou o peemedebista.
Assista aos vídeos do depoimento de Cláudio Melo Filho:
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Guerra dos Portos
Um período marcante para ambos os delatores foi a Guerra dos Portos, debatida em projeto de resolução do Senado (PRS 42/2010). O senador foi o relator da proposta e, à época, também era o líder do governo na Casa. Em depoimento, Cláudio Melo disse que Jucá “sempre foi identificado como uma pessoa de grande força no Senado”.
“Esse PRS tratava do incentivo que os estados davam às importações feitas por alguns portos. O mesmo produto produzido no Brasil, exportava com os benefícios da exportação, e entrava com os benefícios do subsídio à importação. Isso fazia com que esse produto deteriorasse o poder aquisitivo do brasileiro e reduzisse enormemente a capacidade de geração de PIB”, explicou o executivo. “Em 2011, Marcelo Odebrecht me manda um email que diz: ‘CMF [iniciais de Cláudio Melo Filho], veja com Jucá se GM [inicias de Guido Mantega] está mesmo firme conforme me disse. Ele me disse que orientou Jucá a botar pra votar esse ano. Ademais, veja se tem mais alguém com preciso atuar'”, acrescentou. O projeto de resolução foi aprovado no dia 24 de abril de 2012.
Jucá também foi citado na delação de Marcelo Odebrecht sobre a negociação na Guerra dos Portos. “O tema era sobre o incentivo dado a estados para importação de produtos e que geravam discussão no mercado interno. Esse acabou sendo resolvido e foi mais um dos temas que foi resolvido com medida provisória, dentro do Congresso. Um dos temas que, junto com outras empresas, foi feito compromisso explícito e implícito. E, novamente, foi um dos temas que teve coordenação do Jucá para resolver”.
Assista ao vídeo do depoimento em que Marcelo Odebrecht cita Romero Jucá:
Lista dos senadores investigados na Lava Jato