Em depoimento na Comissão de Agricultura da Câmara nesta quarta-feira (3), o ministro da Agricultura, Wagner Rossi, disse que o líder do governo no Senado, Romero Jucá (PMDB-RR), pediu que o irmão, Oscar Jucá Neto, permanecesse na Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), mesmo depois de ter cometido irregularidade. Ex-diretor da Conab, Jucá Neto foi demitido após ter feito um pagamento irregular de R$ 8 milhões.
“No início, quando pensávamos que poderia ter acontecido essa falha dele por um equívoco, o senador Jucá, com a maior deferência em relação a mim, pediu que, se tivesse condições, e se ele não fosse adequado à diretoria, pudesse retorná-lo a um emprego de assessoria. Eu disse, só na primeira reunião, que ia tentar a possibilidade dele voltar a ser assessor. Mas quando os dados completos chegaram a nós, não teve como”, afirmou Rossi.
Na audiência, que dura mais de duas horas, Rossi negou irregularidades na pasta e disse Jucá Neto quis transformar “um caso estritamente administrativo” em “caso político”. O ministro da Agricultura considerou as acusações do ex-diretor como “uma série de xingamentos e denúncias vazias sem sentido”. Segundo Rossi, seu depoimento no Congresso é para esclarecer as denúncias, por não “admitir” que Jucá Neto acuse servidores da pasta.
Leia também
“Ele tenta transformar um caso estritamente administrativo, que ele foi pego em infração gravíssima, em caso político, agredindo a todos, inclusive esse ministro que aqui está”, disse Rossi, atribuindo as acusações de Jucá Neto a ressentimentos por ter sido punido. “Para nós é motivo de orgulho ser atacado porque agimos dentro da lei”, disse se referindo à punição do ex-diretor.
Jucazinho, como é conhecido, em entrevista à revista Veja, disse que a Conab está atrasando um pagamento determinado por decisão judicial à Caramuru Alimentos, um dos maiores armazéns do país, para barganhar uma comissão de R$ 5 milhões, que seria incluída no valor da dívida de maneira fraudulenta. Jucá Neto acusou ainda a Conab de vender um terreno em Brasília por preço abaixo do mercado para um amigo do senador Gim Argello (PTB-DF).