O ator José Mayer, da TV Globo, admitiu, em carta aberta, que assediou sexualmente a figurinista da emissora Su Tonani, de 28 anos, conforme denúncia feita publicamente por ela na semana passada. “Eu errei. Errei no que fiz, no que falei, e no que pensava. A atitude correta é pedir desculpas. Mas isso só não basta. É preciso um reconhecimento público que faço agora”, afirma o artista em um trecho do texto (veja a íntegra abaixo).
O reconhecimento do ator coincide com o seu afastamento da próxima novela das 20 horas e sua suspensão, confirmadas pela Globo, e com a adesão de atrizes e apresentadoras da TV à campanha #MexeuComUmaMexeuComTodas. Entre as participantes, estão atrizes como Bruna Marquezine, Carolina Ferraz, Sophie Charlotte, Taís Araújo e Debora Falabella.
Leia também
No texto, o ator de 67 anos afirma que aprendeu com o “erro” e atribuiu suas “brincadeiras” de cunho machista à sua própria geração. “Mesmo não tendo tido a intenção de ofender, agredir ou desrespeitar, admito que minhas brincadeiras de cunho machista ultrapassaram os limites do respeito com que devo tratar minhas colegas. Sou responsável pelo que faço”, declarou, sem especificar o que realmente fez. Su Tonani afirma que Mayer tocou em sua genitália, fez propostas de cunho sexual a ela e a xingou na frente de outras pessoas diante de suas negativas ao assédio dele.
“Tristemente, sou sim fruto de uma geração que aprendeu, erradamente, que atitudes machistas, invasivas e abusivas podem ser disfarçadas de brincadeiras ou piadas. Não podem. Não são. A única coisa que posso pedir a Susllen, às minhas colegas e a toda a sociedade é o entendimento deste meu movimento de mudança”, afirmou.
Veja a íntegra da nota de José Mayer:
“Carta aberta aos meus colegas e a todos, mas principalmente aos que agem e pensam como eu agi e pensava:
Eu errei. Errei no que fiz, no que falei, e no que pensava. A atitude correta é pedir desculpas. Mas isso só não basta. É preciso um reconhecimento público que faço agora.
Mesmo não tendo tido a intenção de ofender, agredir ou desrespeitar, admito que minhas brincadeiras de cunho machista ultrapassaram os limites do respeito com que devo tratar minhas colegas. Sou responsável pelo que faço.
Tenho amigas, tenho mulher e filha, e asseguro que de forma alguma tenho a intenção de tratar qualquer mulher com desrespeito; não me sinto superior a ninguém, não sou.
Tristemente, sou sim fruto de uma geração que aprendeu, erradamente, que atitudes machistas, invasivas e abusivas podem ser disfarçadas de brincadeiras ou piadas. Não podem. Não são.
Aprendi nos últimos dias o que levei 60 anos sem aprender. O mundo mudou. E isso é bom. Eu preciso e quero mudar junto com ele.
Este é o meu exercício. Este é o meu compromisso. Isso é o que eu aprendi.
A única coisa que posso pedir a Susllen, às minhas colegas e a toda a sociedade é o entendimento deste meu movimento de mudança.
Espero que este meu reconhecimento público sirva para alertar a tantas pessoas da mesma geração que eu, aos que pensavam da mesma forma que eu, aos que agiam da mesma forma que eu, que os leve a refletir e os incentive também a mudar.
Eu estou vivendo a dolorosa necessidade desta mudança. Dolorosa, mas necessária.
O que posso assegurar é que o José Mayer, homem, ator, pai, filho, marido, colega que surge hoje é, sem dúvida, muito melhor.
José Mayer”