Eduardo Militão
O ex-servidor José Cláudio Antunes da Silva dá mostras de não ter nada a perder. Confessou aos investigadores da Câmara que fez a venda de R$ 45 mil em créditos de passagens do deputado Paulo Bauer (PSDB-SC), mas diz que estava cumprindo ordens de superiores. Em entrevista ao Congresso em Foco, revelou que ele e seu irmão articularam a contratação fantasma de três pessoas próximas: a ex-mulher Lúzia Ribeiro, o irmão Carlos Silva e a namorada do irmão, Selma Batista.
Lúzia confirma a versão. Carlos Silva nega e Selma não foi localizada. Apesar de dizer que o casal João José dos Santos e Verena Loch Santos participou de todas as empreitadas, é fato que as afirmações de Cláudio podem lhe render problemas com a Justiça.
Mas ele diz não temer sequer ser preso. “Eu agi de má-fé. Isso com certeza vai me prejudicar. Só que eu não estou com medo, porque eu vou falar a verdade. Não posso omitir isso perante as autoridades.”
Cláudio diz que estava em situação difícil e que por isso aceitou entrar nos esquemas relatados. “Eu vou falar a verdade. Eu precisava, cara, por mais que… eu fui procurado… eu precisava, cara, por mais que isso com certeza vá me prejudicar”, disse ele, em entrevista ao site na segunda-feira (23).
Gravações
O servidor responde a processo administrativo na Câmara junto com o ex-colega João Santos desde o final de julho. Mas, a partir de maio, Cláudio começou a gravar conversas com deputados e colegas de trabalho.
“A gravação foi só mesmo para provar o que eu sou. Eu sou um cara pequeno, eu não tenho condições de pagar um advogado. Eu sou um cara pobre. Eu fiz para segurança minha, pra ver se eu conseguia pegar alguma coisa nesse áudio, porque eu sou um cara que não tem condições. Quando eu vi que o negócio ia sobrar pra mim, que sou o lado mais fraco, eu gravei para manter a minha segurança..
O ex-servidor lembra que a colega Ana Cássia de Oliveira Marques também fez gravações de deputados e colegas no gabinete.
Cláudio diz que está desempregado e endividado, com as prestações do carro e a pensão dos cinco filhos atrasadas. Afirma que não ficou com os R$ 45 mil pagos por Vagdar e que sua situação econômica é uma evidência disso. O ex-servidor diz que entregou o dinheiro a João Santos, que nega a acusação.
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