Folha de S.Paulo
PSDB escolhe Alvaro Dias vice de Serra e abre crise
Um dia depois de uma reunião com o candidato do PSDB à Presidência, José Serra, o comando do partido anunciou ontem a escolha do senador Alvaro Dias (PR) para vice de sua chapa. O objetivo é desmontar o palanque de Dilma Rousseff (PT) no Paraná, onde os petistas investem na candidatura do senador Osmar Dias (PDT) como suporte à campanha da ex-ministra. A opção deflagrou, porém, uma crise com o DEM.
Além de reivindicar a vaga de vice, o presidente do DEM, Rodrigo Maia (RJ), ficou irritado ao saber que o presidente do PTB, Roberto Jefferson (RJ), anunciara a escolha no Twitter, já durante o intervalo do jogo da seleção. “Se o Jefferson é o porta-voz do PSDB, tudo bem”, protestou Maia, numa ríspida conversa com o presidente tucano Sérgio Guerra (PE). A reação foi tamanha que, no fim da noite, colaboradores de Serra admitiam a hipótese de recuo. Apesar do esforço do PSDB de dar o fato como consumado -graças ao apoio do PTB e PPS-, Serra não se comprometeu. Remeteu o problema ao partido: “Estou fora do ar desde que embarquei. Não consegui nem telefonar para saber”, disse em Parintins.
Apesar da discussão travada com Maia, num voo do Rio a Aracaju, o presidente do PSDB, Sérgio Guerra, oficializou em nota a indicação. “Alvaro é um senador de grande coerência e capacidade. Ele ajuda a dignificar o Parlamento brasileiro.” Mas fez uma ressalva: “Sua indicação está sendo apreciada por líderes e presidentes dos partidos coligados”.
DEM se rebela e ameaça romper com PSDB
Maior partido da aliança em torno de José Serra, o DEM se rebelou ontem e condenou a escolha do tucano Alvaro Dias para vice. Democratas ameaçaram até propor rompimento com o PSDB na convenção naciona do partido, quarta-feira. Até lá, o PSDB decide se mantém ou não a indicação do senador paranaense. “Entendemos que, se não for o Aécio [Neves], o vice é nosso”, afirmou o presidente do DEM, Rodrigo Maia (RJ). A briga foi explicitada no Twitter: “O DEM é uma merda!!!”, atacou o presidente do PTB, Roberto Jeffferson. No microblog, o deputado Ronaldo Caiado (GO) pregou a ruptura e acusou os tucanos de tentar ocultar a decisão.
Segundo relato de Caiado, Maia telefonou para o presidente nacional do PSDB, Sérgio Guerra (PE), para confirmar a escolha. Em resposta, Guerra teria dito que nada fora decidido. “Eles não tiveram coragem de nos informar a decisão”, protestou. Sob pressão, Guerra afirmou, em nota, que o nome de Dias ainda depende de aprovação dos aliados. Mas, numa tentativa de isolar o DEM, os tucanos buscaram apoio prévio do PPS e do PTB. Em defesa do nome tucano, Jefferson chegou a dizer que não seria oportuna a escolha de um democrata.
“Se o DEM tiver que sair, saio eu”, diz senador
O senador Álvaro Dias (PSDB-PR) confirmou ontem que recebeu uma “convocação” para ser o vice na chapa de José Serra à Presidência e aceitou. “Não vou fugir a essa responsabilidade. Aceito sim. É uma honra ser vice de Serra”, disse Dias, em Cuiabá. Segundo ele, a indicação só depende de “uma conversa” com o DEM. “Já houve consulta ao PPS e ao PTB. E o senador Sérgio Guerra [PSDB-PE] ficou encarregado de conversar com os Democratas. E só falta isso”, disse o senador, que participa hoje da convenção do PSDB-MT.
Questionado sobre um possível descontentamento do DEM com a chapa pura tucana, Dias disse que não há possibilidade de um rompimento. “Se o DEM tiver que sair, antes saio eu. Não há nenhum risco disso ocorrer. Estamos juntos a favor do Brasil.” Dias defendeu a unidade em busca de viabilidade eleitoral. “O DEM está participando de um projeto. E a responsabilidade nossa é acomodar as forças políticas, para que esse projeto seja viável eleitoralmente. Se o governador José Serra fizer um apelo à unidade, os Democratas apoiarão.”
Crítico do governo do PT, Álvaro Dias não confirmou se sua indicação representaria uma mudança de tom no discurso tucano. “É ele [Serra] quem dá o tom e nós acompanharemos.”
Vice de Serra já fez campanha contra o tucano
Um dos críticos mais ácidos do governo Lula no Senado, o escolhido pelo PSDB para ser vice de José Serra já fez campanha contra o tucano.
Em 2002, Alvaro Dias estava no PDT e optou por apoiar Lula no segundo turno na disputa contra Serra. Dias havia deixado o PSDB um ano antes sob ameaça de expulsão por ter assinado requerimento de criação de uma CPI para investigar denúncias de corrupção no governo FHC (1995-2002). A atitude, considerada indisciplinada pelo partido, revela a forma de atuação do senador.
Dias voltou ao PSDB em 2003. No governo Lula, ele procurou tomar a dianteira quando surgia uma brecha para investigar atos da administração, propondo convocações, CPIs e enchendo os gabinetes dos ministros de requerimentos. Apesar disso, esteve entre os senadores que cederam a parentes bilhetes aéreos de sua cota no caso que ficou conhecido como o “escândalo das passagens”.
Relembre tudo sobre a farra das passagens, série de reportagens exclusivas deste site
Dias é considerado um político midiático, o que irrita muitos dos seus colegas e lhe tirou a chance de ser líder do PSDB no Senado.
PT ainda crê que será fechada aliança com Osmar Dias no PR
Os petistas ainda acreditam ter chance de selar uma aliança com o senador Osmar Dias (PDT) para o governo do Paraná. Na tarde de ontem, após anúncio do irmão de Dias, o senador Alvaro Dias (PSDB-PR), como vice em chapa do tucano José Serra, o ministro das Relações Institucionais, Alexandre Padilha, disse que não só o PT, mas também o governo esperam que Osmar seja candidato.
“O prazo termina na terça-feira, na convenção do PDT”, afirmou Padilha. “Nós não estamos trabalhando com um plano B”, disse. Na manhã de ontem, o presidente nacional do PT, José Eduardo Dutra, afirmou que o partido aposta no apoio do PDT e que a ida da candidata petista Dilma Rousseff ao Paraná na terça-feira já estava prevista na agenda dela.
Ex-tucano é vice de Mercadante em SP
O PT de São Paulo anunciou ontem o ex-tucano Antônio Clóvis Pinto Ferraz (PDT) como candidato a vice-governador do senador Aloizio Mercadante. A chapa será oficializada na manhã de hoje na capital paulista. Conhecido como Coca Ferraz, o novo vice foi aceito depois de os petistas terem recusado quatro nomes apresentados pelo PDT. Ferraz, que era dirigente do PSDB de Araraquara (interior de SP) até 2008, criticou a ex-legenda. “Fui do PSDB de esquerda, mas infelizmente o partido derivou mais para a direita. Ele está há 20 anos do poder e já cansou um pouquinho”, afirmou Ferraz, que passou ainda pelo PTB.
Em chá com socialites, Dilma promete reforma tributária
Enquanto o PSDB anunciava o vice de seu rival José Serra, a candidata do PT à Presidência, Dilma Rousseff, tomava chá e discorria sobre reforma tributária para 38 socialites e “executivas de influência” na sala de estar de Abílio Diniz, dono do grupo Pão de Açúcar. Com um tailleur preto e uma echarpe vermelha, Dilma chegou às 16h05 para o chá das cinco. À espera dela, apenas a anfitriã, Geyze Diniz. As outras convidadas chegaram depois. Oito não apareceram.
Greves no Judiciário já atingem 21 Estados e DF
Com maior ou menor adesão, diversas greves nas Justiças Federal, Trabalhista ou Eleitoral já atingem 21 Estados e o Distrito Federal, segundo a Fenajufe (Federação Nacional dos Trabalhadores do Judiciário Federal). Em ao menos quatro deles -São Paulo, Mato Grosso, Ceará e Paraíba-, há greve também na Justiça estadual.
Os locais afetados são: AC, AL, AM, BA, CE, DF, ES, GO, MA, MG, MS, MT, PE, PI, PR, RO, RS, RR, SC, SP, RJ e TO.
Na maioria dos casos, os servidores estão com os braços cruzados há mais de um mês; em alguns, há 60 dias. Os prejuízos para a população se multiplicam: audiências de processos que já duram anos foram remarcadas para o ano que vem, pessoas e empresas deixam de concretizar negócios por falta de documentos fornecidos pelo Judiciário e saques de recursos já autorizados são retidos por falta de certidões.
Congresso vota remanejamento de recursos para o PAC na terça
O Congresso Nacional se reúne na terça-feira para votar o projeto de lei do Executivo que fixa em 30% o limite de remanejamento de recursos das obras do PAC (Programa de Aceleração do Crescimento) previstas na LDO (Lei de Diretrizes Orçamentárias) de 2010. A reunião está marcada para as 19h30, no plenário da Câmara. O Executivo argumenta que, em anos anteriores, a margem de remanejamento foi de 30% do montante.
A redução para 25% da verba de cada obra incluída na Lei Orçamentária Anual de 2010 teria retirado do Gepac (Grupo Executivo do PAC) a flexibilidade necessária para tocar os trabalhos com agilidade.
Governo vai levantar dados para Dilma
O governo convocou os ministros das principais pastas para mobilizar as equipes a levantar informações e números inéditos para municiar a candidata do PT à Presidência, Dilma Rousseff. Além disso, ela terá “aulas” com auxiliares de Lula. O chefe de gabinete de Lula, Gilberto Carvalho, disse que a estratégia é que os ministros passem à candidata números dos quais “nem o governo tem ciência”.
A preocupação é que Dilma esteja mais preparada para valorizar ações de Lula em comparação com o governo tucano nos debates que terá com o tucano José Serra. Os encontros com ministros começaram a ser definidos anteontem em almoço de Dilma com Carvalho.
Tribunal de Contas coloca relatórios do PAC sob suspeita
O TCU (Tribunal de Contas da União) aprovou um relatório com críticas que põe sob suspeita as avaliações divulgadas pelo governo do andamento das obras do PAC (Programa de Aceleração do Crescimento). Segundo o texto, o governo não tem como comprovar, pelos sistemas que possui e pelas informações disponíveis neles até o ano passado, se o que divulga está correto.
“Como esses sistemas oficiais não permitem o monitoramento completo do programa, questiona-se, então, como são elaborados os balanços”, informa o relatório. A assessoria da Casa Civil informou que, para ela, “o relatório TCU não afirma que o governo não tem como comprovar informações que divulga em seus balanços”.
Por Nordeste, Lula cancela ida ao G20
Sob o argumento de que pretende acompanhar no Brasil os trabalhos de apoio aos moradores de Alagoas e Pernambuco atingidos pelas chuvas, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva cancelou sua ida neste fim de semana à reunião do G20 que acontece em Toronto, no Canadá.
O anúncio, feito pelo ministro Celso Amorim (Relações Exteriores), tem motivação na devastação provocada pelas chuvas, mas ocorre após o boicote das grandes potências à proposta brasileira de acordo com o Irã. Também se acende no Planalto um sinal amarelo em relação ao Nordeste, onde Lula encontra seus maiores índices de aprovação.
CNJ apura fraude em concurso para juiz
O Conselho Nacional de Justiça e o Ministério Público de Minas Gerais investigam irregularidades apontadas em concurso para seleção de novos juízes substitutos no Tribunal de Justiça de Minas. Há suspeitas de que mudanças de critérios feitas na seleção tenham beneficiado parentes de magistrados, entre os quais duas filhas do presidente da corte, desembargador Cláudio Costa. Elas estão entre os primeiros classificados na fase preliminar. Costa não comentou as acusações. Segundo a assessoria de imprensa do tribunal, o concurso “se encontra em regular andamento”.
Fiscalização faz governo cortar verba de festas juninas
Tradicionais palanques eleitorais, as festas juninas deste ano ganharam pouco mais da metade dos recursos federais liberados em 2009. A redução foi resultado da pressão dos órgãos de controle, que investigam fraudes em festas e eventos custeados com verbas do Ministério do Turismo em todo o país. Entre maio e 22 de junho deste ano, o Turismo já liberou R$ 23,7 milhões para prefeituras e ONGs organizarem eventos em 20 Estados.
No ano passado, foram R$ 45,3 milhões para 14 Estados fazerem quadrilhas, São João e arraial, segundo levantamento da Folha junto ao sistema de execução orçamentária da União. Se não houver mais empenhos de recursos este mês, a economia aos cofres da União terá sido de 52% em relação ao montante gasto com festejos juninos em 2009.
Anac veta pistas irregulares e deixa índios sem médicos
Cerca de 5.000 índios da terra indígena Ianomâmi (RR e AM) estão com o atendimento médico prejudicado desde 12 de junho, quando aviões que prestavam serviços de saúde foram proibidos pela Anac de utilizar 34 pistas consideradas irregulares. Segundo a Funasa, a suspensão dos voos afeta o atendimento de casos graves, que exigem internação em hospitais. As remoções têm sido feitas por helicópteros, mais lentos e caros que os aviões.
As aeronaves também transportavam agentes e médicos da Funasa, que ficavam cerca de 20 dias nas aldeias até serem substituídos por uma outra equipe. Agora eles não têm permanecido na reserva, e o atendimento é feito por equipes de índios. Segundo a Funasa, a suspensão dos voos ocorreu após a empresa de táxi aéreo que prestava serviços à fundação ter recebido duas multas da Anac e ser ameaçada de perder o registro por usar pistas não homologadas.
Correio Braziliense
PSDB escolhe Dias e ameaça aliança
Em vez de resolver um ponto de conflito, a definição tucana por encarar a campanha presidencial com uma chapa puro-sangue pode levar José Serra (PSDB) a perder o maior aliado, o DEM. O partido bateu o martelo em uma reunião que varou a madrugada e terminou com a formalização do convite para a vice ao senador Álvaro Dias (PSDB-PR). O parlamentar aceitou ontem pela manhã e, logo em seguida, saiu espalhando a informação — mesmo movimento seguido pelo presidente do PSDB, Sérgio Guerra. Um dos “comunicados”, o ex-deputado federal cassado Roberto Jefferson (PTB), vazou a informação via Twitter, antes mesmo de ela ser comunicada ao DEM, o que provocou a ira do partido.
Na medida em que a escolha por Dias foi se alastrando, o incêndio no ninho tucano tomou proporções cada vez maiores. “Soubemos pela imprensa, não fomos consultados nem nada. Se aceitarmos, estaremos desmoralizados nacionalmente. Se isso não mudar, vou propor que o partido não feche a aliança com o PSDB. Não tem sentido colocar um peso morto na campanha e ainda afrontar o maior aliado”, esbravejou o deputado federal Ronaldo Caiado (DEM-GO). Com o caldo já entornado, Guerra ainda tentou contornar a crise. Voou até o Rio de Janeiro, para tentar convencer o presidente do DEM, Rodrigo Maia, a aceitar Dias na vice. O esforço foi em vão. Maia reiterou o que o partido repete há meses: sem Aécio Neves (PSDB) na vice, o DEM exige o posto. O deputado foi além: caso os tucanos imponham o nome do senador, terão de enfrentar a campanha sem o engajamento do partido.
O oposto de Serra
O senador Álvaro Dias (PSDB-PR) tem fama de ser um político eficiente e trabalhador. Tem hábito oposto ao do candidato a Presidente da República, José Serra (PSDB), com quem deverá concorrer a vice na chapa. Ele acorda bem cedo e há dias em que ele chega ao gabinete do Senado às 7h da manhã. “Na maioria dos dias, é o primeiro a chegar”, diz uma funcionária que bate o ponto às 8h no gabinete. Dias nasceu no município paulista de Quatá. Filho de agricultores, tem 65 anos e foi reeleito senador pelo Paraná em 2006 com 2,5 milhões de votos.
O político iniciou carreira política em 1968, como vereador de Londrina (PR) pelo extinto MDB. Antes, era radialista de uma emissora AM e seu programa popular deu-lhe a notoriedade necessária para ingressar na vida pública. Em 1971, foi eleito deputado estadual e, três anos depois, já era deputado federal. Chegou ao Senado pela primeira vez em 1982 e saiu em 1988 para assumir o governo do Paraná pelo PMDB. Tem fama de ter sido um bom governador e é figura expressiva quando se fala em oposição ao governo de Luiz Inácio Lula da Silva. O senador se formou em história na Universidade Federal de Londrina (PR).
Álvaro Dias é fiel ao irmão, senador Osmar Dias (PDT-PR), com quem mantém um pacto de nunca serem adversários políticos. Esse acordo poderá ser um entrave para uma aliança em fase de costura entre Osmar Dias e o PT de Dilma Rousseff. Ontem, ao fim do dia, Álvaro ligou para o irmão. Queria contar que havia aceitado o convite para ser vice de Serra. Osmar entendeu e já cogita desistir da candidatura em nome de Álvaro. Deve se lançar à reeleição para senador.
Tentativa de barrar o Ficha Limpa
Cassado pelo Tribunal Regional Eleitoral do Espírito Santo e envolvido em denúncias que ligam seu nome a crimes de pistolagem e contravenção, o ex-deputado estadual José Carlos Gratz (PSL-ES) abriu a temporada de recursos contra o Ficha Limpa. O ex-presidente da Assembleia Legislativa do Espírito Santo entrou na noite de quinta-feira com mandado de segurança questionando a constitucionalidade do projeto. Gratz pretende concorrer ao Senado pelo PSL capixaba, mas os critérios do Ficha Limpa barram a candidatura dele.
O ex-parlamentar, que já foi preso em duas ocasiões, contesta a legalidade do Ficha Limpa e chama a proposta de “excrescência”. Para Gratz, o 1,6 milhão de assinaturas colhidas para dar início à criação da lei no Congresso não tem representação social. “Questiono esse negócio de assinaturas. Se eu quiser colher 500 mil assinaturas dizendo que isso aí não vale nada, vou colher também. Esse projeto é ilegal e para mim não passa de uma excrescência. Pela nossa Constituição ninguém é condenado antes de trânsito em julgado. Tenho duas condenações de improbidade arrumadas por juízes inimigos meus. Confio no Supremo Tribunal Federal e tenho certeza que o STF não vai avalizar levantes mentirosos por parte de pessoas que, na verdade, são hipócritas”, reclama o ex-deputado.
O ministro Dias Toffoli recebeu o mandado e decidiu encaminhar o recurso ao Tribunal Superior Eleitoral. Como o órgão já demonstrou entendimento favorável à aplicabilidade do Ficha Limpa nas eleições deste ano, o advogado de Gratz, Último de Carvalho, informou que entrará com reclamação pedindo que o Supremo analise o recurso e não o TSE. O ministro Dias Toffoli recebeu o mandado e decidiu encaminhar o recurso ao Tribunal Superior Eleitoral. Como o órgão já demonstrou entendimento favorável à aplicabilidade do Ficha Limpa nas eleições deste ano, o advogado de Gratz, Último de Carvalho, informou que entrará com reclamação pedindo que o Supremo analise o recurso e não o TSE.
PP adota neutralidade
Último partido a divulgar a decisão para as eleições presidenciais, o PP anunciou neutralidade no pleito de outubro, mas pode confirmar apoio informal a Dilma Rousseff (PT) em 7 de julho. A executiva nacional tem encontro marcado para a data, dois dias depois do início da campanha oficial, para definir se apoia informalmente a petista. A decisão foi uma saída diplomática encontrada pelo presidente da legenda, Francisco Dornelles (PP-RJ), para evitar atritos tanto com tucanos quanto com petistas. O senador fluminense é íntimo de quadros do PSDB, mas a maioria dos progressistas preferia Dilma.
Segundo cálculos internos do partido, a petista teria o apoio de 20 diretórios regionais, contra 7 de José Serra (PSDB). A conta apertada fez com que o partido liberasse os estados para formarem as coligações de acordo com as circunstâncias eleitorais de cada região. Em tese, a saída do partido das alianças formais favorece, em parte, a petista. Sem o PP na fatia referente ao horário eleitoral, o tempo do partido, estimado em 1min10s, é distribuído entre as legendas com bancadas federais, fechadas em coligações para a Presidência. A divisão é proporcional, de acordo com a representatividade na Câmara dos Deputados. Como Dilma é apoiada por PMDB e PT, os dois partidos com as maiores bancadas da Casa, ela terá cerca de 60% do tempo antes destinado ao PP.
PMDB e o tricô estadual
Maior partido do país, com 2 milhões de filiados, o PMDB sacramenta neste fim de semana os rumos eleitorais em 13 estados. Dos diretórios em convenção, a aliança nacional com o PT deve se reproduzir em seis. Outros cinco estão em palanques contrários aos petistas. Apenas Santa Catarina ainda não se definiu entre o acordo nacional e a aliança PSDB-DEM-PPS. Fechadas as situações nesses estados, sobram Paraíba, Piauí, Tocantins e Minas, que definem seus rumos durante a semana que vem.
As convenções regionais peemedebistas têm cenário alinhado com a orientação nacional em Goiás, Alagoas, Amazonas, Ceará, Paraná e Rondônia. Nessas regiões, o partido terá candidato próprio apoiado pelo PT, ou apoiará um nome aliado à candidatura de Dilma Rousseff (PT) à Presidência. Da lista, apenas o Paraná ainda não tem o candidato definido. Em princípio, a legenda lançará o governador Orlando Pessutti à reeleição, coligado com os petistas. Caso Osmar Dias (PDT) decida concorrer ao governo, a legenda retiraria a candidatura para apoiar o senador. Nesse quadro, ficaria com a vice, que pode cair no colo do deputado federal Osmar Serraglio (PMDB-PR). “Ainda esperamos a decisão do Osmar, mas o partido tem um candidato pronto para dar palanque a Dilma, caso ele decida não entrar na disputa”, afirmou o líder do PMDB na Câmara dos Deputados, Henrique Eduardo Alves (RN).
Nos outros cinco diretórios acordados com o PT, as decisões são favas contadas. O partido vai apoiar os aliados Cid Gomes (PSB) no Ceará, Omar Aziz (PMN) no Amazonas e Ronaldo Lessa (PDT) em Alagoas. Lançará candidato próprio em Goiás (Íris Rezende) e Rondônia (Confúcio Moura). O maior nó das convenções regionais do partido é mesmo Santa Catarina. Em que pese a decisão de confronto contra os petistas no Acre, no Rio Grande do Norte, no Rio Grande do Sul, no Pará e em Mato Grosso do Sul, é entre os catarinenses a maior chance de conflito interno.
TSE inicia os testes das urnas
O Tribunal Superior Eleitoral (TSE) iniciou a fase de testes das urnas eletrônicas para as eleições de outubro. No pontapé inicial, um grupo de 700 servidores do órgão participa da simulação do pleito, realizada em seções adaptadas para a votação biométrica, aquela na qual os eleitores são identificados pela impressão digital. Cerca de um milhão de brasileiros tiveram as digitais previamente cadastradas para votarem nas eleições deste ano, em 65 municípios distribuídos por 24 estados.
“Esse é o primeiro ensaio para as eleições gerais. Temos um cronograma de testes bem intenso. Nesta etapa inicial, contamos com a colaboração dos servidores da Casa”, disse o coordenador de Sistemas Eleitorais do TSE, José Cruz. Segundo ele, haverá simulações em Curitiba na semana que vem. A ideia da Justiça Eleitoral é realizar testes do sistema de votação em todo o Brasil até setembro.
Com candidatos fictícios, o pleito simulado desta semana seguiu todas as regras de uma eleição verdadeira. As votações ocorreram das 8h às 17h, com o emprego de todo o sistema eletrônico que será usado nas eleições. Havia até mesários e presidentes das seções eleitorais. Os eleitores votaram em candidatos a deputado estadual, deputado federal, dois senadores, governador e presidente.
O Estado de S. Paulo
Dias afirma que desiste de ser vice por apoio do DEM
O senador Alvaro Dias (PSDB-PR) disse nesta sexta-feira, 25, em Cuiabá (MT), que uma “eventual” resistência ao seu nome como vice na chapa de José Serra na disputa presidencial não colocará em risco a aliança com o DEM. Segundo o tucano, caso o DEM se mantenha irredutível quanto à indicação do seu nome, ele cederá para preservar a aliança. “Se o DEM tiver que sair, saio eu”, reforçou.
O senador se considera a melhor opção como vice de Serra. “É normal que o DEM aspire à posição. É legítimo, mas sempre vai prevalecer a vontade da maioria. Até onde eu sei há um aval positivo dos nossos aliados. O DEM é um partido da base e imprescindível ao nosso projeto”, ponderou. “É claro que sou mais um dos coadjuvantes a apoiar o Serra, que lidera um projeto de Nação, com seu talento, competência, experiência e visão estratégica de um futuro com responsabilidade”, completou.
Lula cancela ida ao G-20 por causa das cheias no Nordeste
Apesar do risco de sofrer críticas dos países ricos, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva decidiu cancelar sua participação na reunião do G-20, em Toronto, neste fim de semana.
O anúncio foi feito ontem pelo ministro das Relações Exteriores, Celso Amorim, após se reunir com o presidente Lula, no Palácio da Alvorada. Segundo Amorim, Lula decidiu permanecer no Brasil “monitorando o atendimento às vítimas das enchentes do Nordeste”, porque “ficou impressionado” e “chocado” com a destruição que viu durante visita às cidades atingidas em Pernambuco e Alagoas, na quinta-feira.
Diplomatas ouvidos pelo Estado comentaram, no entanto, que o presidente Lula poderá ser criticado por ter cancelado a viagem, já que poderia monitorar as ações no Nordeste de qualquer lugar. O principal motivo da crítica seria o fato de Lula ter feito inúmeros esforços para estar presente no Irã e em outros países para tentar ajudar o país a evitar as sanções da Organização das Nações Unidas (ONU) e, na hora de comparecer ao G-20, onde estava sendo esperado por todos os presidentes dos países ricos, preferiu não ir, alegando necessidade de permanecer no Brasil. No encontro, o presidente alertaria a Cúpula do G-20 para as consequências de medidas de austeridade fiscal, porque um aperto exagerado pode comprometer a recuperação da economia mundial.
Associação com Lula impulsiona avanço de Dilma
A última pesquisa CNI/Ibope mostra que, em três meses, a intenção de voto na petista Dilma Rousseff subiu 20 pontos porcentuais no eleitorado “lulista” – formado pelos que se dizem dispostos a eleger um candidato apoiado pelo presidente. Os lulistas são aproximadamente metade da população – 53% em março e 48% em junho, segundo o Ibope. Nesse contingente, Dilma tinha 50% das intenções de voto há três meses, e agora concentra 70%.
O avanço ajuda a explicar o crescimento da preferência pela petista no eleitorado total. Desde março, ela subiu 7 pontos porcentuais, para 40%, e ultrapassou o tucano José Serra, que tem 35%.
A candidata ainda tem a explorar um “filão” de 30% de lulistas que demonstram preferência por outros candidatos ou não sabem em quem votar, por desinformação ou incoerência. Esse grupo forma cerca de 11% do eleitorado total. O grau de desinformação ou incoerência cai à medida que sobe a escolaridade. Apenas 9% dos lulistas com curso superior não se definiram por Dilma. Entre os que estudaram até a quarta série do ensino fundamental, o índice chega a 37%.
PV ‘recolhe’ Marina para replanejar campanha
A candidata do PV à Presidência, senadora Marina Silva, ficará afastada de compromissos públicos por três dias, reservando sua agenda para atividades internas. Boa parte do tempo será destinada ao planejamento da campanha eleitoral, que começa oficialmente dia 6. Busca-se uma fórmula capaz de deixar mais claras as suas propostas de governo.
“Com as limitações da fase de pré-campanha, a Marina não pôde até agora apresentar de maneira clara as suas propostas, nem explicitar as questões que a diferenciam dos outros candidatos”, diz o coordenador da campanha, João Paulo Capobianco. “Vamos sair de uma fase reativa, marcada por entrevistas e convites para debates e eventos, e passar para uma fase propositiva.”
A nova etapa da campanha deverá ganhar um tom mais intenso e direto – com o intuito de mostrar ao eleitor que o modelo de desenvolvimento em curso no País está ultrapassado. “Não será um discurso oposicionista, mas de interrupção do continuísmo, deixando de lado a visão de crescimento econômico a qualquer preço, para adotar a proposta de crescimento sustentável”, explica Capobianco.
Os compromissos públicos de Marina foram suspensos ontem e devem ser retomados na segunda-feira. Segundo Maurício Brusadin, presidente do PV em São Paulo, a interrupção também assinala o fim da fase de consolidação das candidaturas nos Estados. “O PV é o partido com mais candidatos a governos já sacramentados. São 12 até agora e o número vai aumentar”, afirma.
Dobra participação do BNDES em fundos
O Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) dobrou nos últimos seis anos sua carteira de fundos de investimentos, por meio dos quais participa de empresas. A subsidiária de participações do banco, a BNDESPar, já é sócia de 30 fundos. Em 2004, eram 16. Só os ligados à gerência de fundos do banco são 27, que somam R$ 7,1 bilhões de patrimônio.
A parcela do banco nesse ativo é de R$ 1,4 bilhão, mas a capilaridade impressiona: os fundos detêm participações em 170 empresas, a maioria ainda em desenvolvimento. A atuação nos fundos tem sido a alternativa para o BNDES ajudar a capitalizar empresas de setores considerados estratégicos para gerar investimentos e empregos ou para estimular processos de consolidação.
A participação direta da BNDESPar na estrutura acionária de empresas tem de obedecer a critérios rígidos, que envolvem o retorno de dividendos e futura alienação dos papéis. Por isso, o banco tem usado os fundos para aumentar os investimentos com maior risco, em empresas cujo potencial de rentabilidade ainda é difícil de precisar.
O Globo
Vice de Serra abre crise com DEM
Com o aval do candidato tucano, José Serra, o presidente nacional do PSDB, Sérgio Guerra, apresentou o nome do senador Alvaro Dias (PR) como o nome do partido para ser vice na chapa presidencial. Mas, antes mesmo que conseguisse comunicar a decisão a todos os aliados, a informação foi antecipada no Twitter pelo presidente do PTB, o deputado cassado Roberto Jefferson, dando início a uma crise na campanha. O DEM reagiu, avisou que não abre mão da vaga e, nos bastidores, ameaçou romper a aliança nacional com o PSDB.
– O DEM não aceita isso. Não abrimos mão da vaga de vice. Se for (Alvaro Dias), será uma imposição – afirmou o líder do DEM no Senado, José Agripino, um dos nomes do partido para vice de Serra. À noite, no Twitter, cresceu a reação dos integrantes do DEM. O deputado Ronaldo Caiado (GO) classificou a escolha como “desastrosa e inconsequente”. Ele afirmou que o DEM não admitia o “golpe” e acrescentou: “Se na campanha nos tratam assim, imagine se o PSDB ganhar?”
Convenções desafiam a Lei da Ficha Limpa
Começa hoje a temporada de homologação de políticos ameaçados pela Lei da Ficha Limpa. Até a próxima quarta-feira, prazo final para as convenções partidárias, pelo menos sete candidatos a governador ou a senador terão as suas postulações confirmadas, apesar do risco de impugnação mais adiante pela Justiça Eleitoral. A fila das convenções de políticos já condenados será puxada pelo pré-candidato ao governo do Maranhão Jackson Lago (PDT), que teve o mandato de governador cassado em 2009. A convenção que oficializará sua candidatura está marcada para hoje.
A assessoria jurídica dos pré-candidatos contesta a Lei da Ficha Limpa e ameaça questionar a sua constitucionalidade, caso seus clientes sejam impedidos pelos tribunais regionais eleitorais de disputarem a eleição. – Se houver impugnação, vamos contestar, e, se precisar ir ao Supremo Tribunal Federal, nós iremos – disse o advogado do pré-candidato ao governo do Distrito Federal Joaquim Roriz (PSC), Eládio Carneiro. – Meu cliente goza de todos os direitos políticos.
A mulheres de empresários, Dilma promete fazer reforma tributária
Em uma espécie de sabatina informal com empresárias, executivas e socialites ontem em São Paulo, a candidata do PT à Presidência, Dilma Rousseff, teria dito, segundo relatos, que vai realizar a reforma tributária nos primeiros seis meses de governo, caso seja eleita. A sessão de perguntas e respostas foi organizada na residência do casal Abílio e Geyze Diniz, do Grupo Pão de Açúcar. A lista de convidados foi mantida sob sigilo, e a o encontro sequer foi divulgado na agenda da petista.
A maioria das participantes se assustou com a presença da imprensa, mas algumas aceitaram dar entrevista e comentaram o consideraram ter sido um encontro “muito surpreendente e convincente”. O chá da tarde, segundo elas, foi muito informal, sério e concorrido. – Ela disse ser sua prioridade, nos primeiros seis meses, fazer a reforma tributária. Todos saíram com uma impressão muito positiva. Ela mostrou estar bem preparada e surpreendeu, respondeu a tudo com precisão e foi convincente. Vou votar nela – disse Cláudia Bonfliglioli, dona da rede Bon Grillê e presidente da Casa Hope, entidade de apoio a crianças com câncer.
– Foi uma confraternização. Dilma foi muito simpática, mais do que achava – disse Laura Bethlem, esposa de um executivo do Pão de Açúcar. Segundo a assessoria do Pão de Açúcar, o evento reuniu 50 amigas de Geyze. Segundo a assessoria de Dilma, cerca de 30 “executivas e formadoras de opinião” participaram da conversa, com lanche e chá, no Jardim Europa, bairro de casas de luxo em São Paulo. Abílio Diniz, que já declarou apoio a Dilma, participou apenas do começo do encontro.
Pedro Abramovay é o novo secretário de Justiça
O advogado Pedro Abramovay assumirá na próxima semana o comando da Secretária Nacional de Justiça, ligada ao Ministério da Justiça, em substituição ao ex-secretário Romeu Tuma Júnior, que deixou o cargo no último dia 14, após ser acusado de envolvimento com o chinês Li Kwon Kwen, o Paulo Li, preso por contrabando em São Paulo, ano passado. A nomeação de Abramovay foi definida anteontem entre o ministro da Justiça, Luiz Paulo Barreto, e auxiliares do presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
A secretário indicado tem 29 anos, mas já acumula experiência. Chegou ao governo como assessor especial do ex-ministro da Justiça Márcio Thomaz Bastos, ainda no primeiro mandato de Lula, e participou da elaboração de boa parte dos projetos de modernização da legislação penal nos país nos últimos anos.
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