O Globo
PF quer acesso às contas de Arruda
Depois de concluir a primeira etapa da análise dos documentos apreendidos semana passada na Operação Caixa de Pandora, a Polícia Federal decidiu pedir a quebra do sigilo bancário do governador do Distrito Federal, José Roberto Arruda, e de mais 17 investugados no inquérito sobre o chamado mensalão do DEM. A sugestão de quebra de sigilo para o apronfundamento das investigações será apresentada na próxima semana ao Ministério Público Federal. A partir daí, a subprocudorageral da República Raquel Dodge deverá fazer o pedido ao relator do caso, o ministro Fernando Gonçalves, so Superior Tribunal de Justiça.
“A quebra do digilo de todos os investigados, inclusive do governador, é o caminho natural da investigação”, afirmou um policial que acompanha os desdobramentos da Operação Caixa de Pandora.
Arruda já arma discursos para evitar expulsão
Plano estratégico do Rio prevê espera menor em emergência de hospitais
O Plano Estratégico do Rio de 2012, a ser lançado pela prefeitura na segunda-feira com 46 metas, prevê a redução das áreas de favela em 3,5% (o equivalente a duas Rocinhas). Uma das remoções já foi programada para fevereiro: 500 famílias sairão do trecho do Morro dos Tabajaras atrás do Cemitério São João Batista, em Botafogo. Ao todo, cerca de 12 mil famílias serão removidas das favelas, e os moradores ganharão novas casas. Na área de Saúde, a meta é reduzir em 20% o tempo de espera nas emergências dos hospitais municipais. Já a Guarda Municipal ganhará mais 3 mil homens.
Pão de Açúcar arremata as Casas Bahias
Sem gastar um tostão, o empresário Abílio Diniz, do Pão de Açúcar, arrematou ontem as Casas Bahia e ficou líder isolado no varejo brasileiro, com faturamento de R$ 40 bi. Os Klein (da Bahia) ficarão na festão do negócio.
O Estado de S. Paulo
Empresas de deputados da lista do caixa 2 ganharam contratos no DF
O “mensalão do DEM” em Brasília vai além de pagamentos mensais a deputados aliados do governador José Roberto Arruda (DEM). Há indícios de que empresas de parlamentares, que constam da contabilidade clandestina da campanha de 2006, abasteceram o caixa 2 de Arruda em troca de contratos, alguns sem licitação, com o governo do Distrito Federal. Na planilha da arrecadação ilícita, revelada ontem pelo Estado, há relação de empresas que teriam contribuído com o caixa 2 de Arruda.
O documento escrito pelo presidente do PSDB-DF, Márcio Machado, menciona, por exemplo, R$ 650 mil doados pela Fiança, do ramo de terceirização de mão de obra de segurança e serviços gerais. A Fiança, que pertence aos pais do deputado Cristiano Araújo (PTB), não aparece na prestação de contas oficial da campanha de Arruda. A empresa recebeu, desde 2007, R$ 240 milhões do governo do DF, sendo que ao menos R$ 60 milhões são oriundos de contratos sem licitação, segundo levantamento feito ontem, a pedido do Estado, pela assessoria do deputado distrital Chico Leite (PT) no sistema de despesas do governo.
A planilha do caixa 2 da campanha de Arruda traz ainda duas empresas ligadas à deputada Eliana Pedrosa, secretária de Desenvolvimento Social do governo: a Dinâmica e a Esparta. O nome Dinâmica, de acordo com o manuscrito de 2006, é mencionado com o valor de R$ 100 mil ao lado. Uma empresa com o mesmo nome, que tem uma irmã de Eliana Pedrosa como dona, fechou contrato para cuidar do metrô de Brasília. E obteve do governo Arruda, em 2008, a prorrogação de um contrato no valor de R$ 7 milhões.
A Esparta é do filho de Eliana, André Pedrosa, e atua no ramo de segurança. Segundo a contabilidade informal da campanha de Arruda, teria ajudado com R$ 50 mil na eleição. A Esparta acaba de fechar um contrato emergencial, sem licitação, com o governo do Distrito Federal. Uma nota de empenho de R$ 4,8 milhões foi emitida no dia 29 de outubro com a menção “dispensa de licitação” no documento. Uma semana depois, R$ 1,3 milhão foram depositados na conta da empresa.
“Apetite” de Prudente surpreende mensaleiros
Relatório da Inteligência da Polícia Federal revela que até mesmo os operadores do “mensalão do DEM” constrangiam-se com o “apetite” do deputado Leonardo Prudente (DEM) sobre as licitações do governo do DF, a ponto de acusá-lo de “extorsão” e chamá-lo de “doido”. Aliado do governador José Roberto Arruda, apontado como o comandante do esquema de captação de propinas de empresas com contratos com o governo e distribuição de dinheiro a parlamentares da base aliada, Prudente teria tentado obter na marra contratos públicos ainda não licitados, mas prometidos a outros parceiros do esquema.
Diálogo gravado entre Durval Barbosa e o chefe da Casa Civil, José Geraldo Maciel, registra o modus operandi que irritou a “organização criminosa”, segundo a definição do Ministério Público. De acordo com relato de Maciel a Barbosa, o presidente licenciado da Câmara Legislativa teria pressionado para participar de uma licitação de instalação de câmeras de segurança pública já prometida para outro beneficiário do esquema. “Não aguento mais o Leonardo Prudente no meu calcanhar”, desabafa Maciel. “Ele quer participar para forçar o outro a dar dinheiro para ele. Ele é doido”, responde Barbosa, autor da gravação entregue a PF.
Procurado ontem pela reportagem em seu gabinete e na empresa de segurança de sua família, o deputado não foi localizado nem respondeu as ligações.
Escândalo derruba presidente local do PSDB
A revelação da existência de uma suposta planilha de caixa 2 da campanha do governador José Roberto Arruda (DEM) em 2006 derrubou ontem o presidente do PSDB-DF, Márcio Machado. Ele foi o autor do documento divulgado ontem pelo Estado com o nome de 41 empresas que teriam sido abordadas para ajudar a campanha de Arruda. O documento contém o nome das empresas e, ao lado, valores que somam R$ 11 milhões. Junto do nome de várias das empresas há cifras e a sigla “PG”.
Após a campanha, Arruda nomeou Machado seu secretário de Obras. Ontem, pressionado pela cúpula do partido com a divulgação do documento, Machado pediu licença de 90 dias do cargo, mas dificilmente deverá reassumir o posto. Segundo a assessoria do PSDB, Machado deve ser chamado a dar explicações na semana que vem e pode sofrer processo disciplinar por causa da prática de caixa 2.
Juízes do DF negam troca de favores
Dois dos três desembargadores do Tribunal de Justiça (TJ) do Distrito Federal citados em gravações da Operação Caixa de Pandora garantiram que não prestaram favores ao governador José Roberto Arruda (DEM). Em entrevista coletiva ontem, eles disseram que votaram a favor da abertura de processos contra o ex-secretário Durval Barbosa, autor de gravações incluídas no inquérito nas quais é revelada a distribuição de grandes quantias de dinheiro. O corregedor Getúlio Pinheiro e o desembargador Romeu Gonzaga Neiva negaram que houvesse tráfico de influências, apesar de terem sido citados nas gravações.
“Sobram motivos para expulsão”
Presidente da Comissão de Constituição e Justiça (CCJ), o senador Demóstenes Torres (DEM-GO) foi um dos primeiros do partido a defender a expulsão sumária do governador José Roberto Arruda. Para ele, não há dúvidas quanto à participação do governador no esquema de corrupção. Demóstenes diz que o prazo concedido pelo presidente do DEM, deputado Rodrigo Maia (RJ), para Arruda se defender “prolongou a agonia partidária” por mais uma semana: “E faz com que todas as pessoas do partido sejam identificadas com o esquema.”
“Há motivos de sobra, eu até disse isso a ele pessoalmente, que a situação é da maior gravidade e já existem as provas politicamente necessárias para que Arruda saia do partido. Acredito que é o momento de o partido desligá-lo ou de ele mesmo se convencer de que já não pode mais ficar dentro do DEM”, afirmou Demóstenes em entrevista ao jornal.
Uni Repro já é alvo de inquérito
A Uni Repro Soluções para Documentos Ltda, uma das empresas que alimentaram o suposto esquema do “mensalão do DEM”, foi investigada em São Paulo em 2007 dentro da Operação Parasitas da Polícia Civil. A ação desmantelou um grupo de empresas que fraudava e superfaturava contratos no Estado na área de saúde.
No inquérito da polícia, a Uni Repro aparece como uma das 11 empresas que teriam participado do esquema que gerou um rombo de R$ 100 milhões nos cofres públicos através de fraudes em licitações e superfaturamento de preços. O grupo atuava no governo do Estado de São Paulo, na prefeitura da capital e de outras 29 cidades do interior, no Rio, em Minas e Goiás.
Procuradoria admite só dois pedidos de impeachment
Dois pedidos de impeachment contra o governador do Distrito Federal, José Roberto Arruda (DEM), foram admitidos pela Câmara Legislativa. Mas a Procuradoria-Geral da Casa rejeitou outros seis protocolados até anteontem por conterem falhas formais. O vice Paulo Octávio, também investigado na Operação Caixa de Pandora, não responderá aos processos.
Agora os pedidos – feitos pelo advogado Evilázio Viana Santos e pelo ex-deputado distrital Chico Vigilante (PT) – serão encaminhados à Comissão de Constituição e Justiça. Cinco solicitações foram rejeitadas por terem como autores entidades representativas em vez de cidadãos, como prevê a legislação. O sexto pedido incluía o vice-governador no processo.
PSDB tenta se blindar e isolar escândalo em MG
A abertura de processo no Supremo Tribunal Federal contra o senador Eduardo Azeredo (PSDB-MG), por suposto envolvimento no chamado “mensalão do PSDB”, levou os tucanos a tentarem “desnacionalizar” o caso. O objetivo é blindar o partido de envolvimento no escândalo e minimizar as acusações de uso de caixa 2 por parte de integrantes da legenda em Minas.
A avaliação é que, num primeiro momento, o PSDB de Minas sai como maior prejudicado – e indiretamente o governador Aécio Neves, um dos cotados para disputar o Planalto em 2010. Ontem, Aécio foi a público dizer que Azeredo “foi vítima do conturbado momento político pelo qual” o País está passando. Enquanto o governador mineiro defendeu publicamente o senador, o governador de São Paulo, José Serra, não se manifestou sobre o assunto nos dois eventos dos quais participou ontem.
Denúncia apontou desvio de estatais para campanha
O chamado mensalão mineiro, segundo investigações da Polícia Federal e do Ministério Público, era um esquema de caixa 2 que, em 1998, desviou recursos de empresas estatais para a campanha de reeleição do tucano Eduardo Azeredo, então governador de Minas Gerais. O operador do esquema era o publicitário Marcos Valério, que mais tarde, em 2005, seria flagrado no centro do escândalo do mensalão petista, que abalou o primeiro mandato do presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
Folha de S. Paulo
Arruda ignorou parecer e contratou empresa suspeita
O governo de José Roberto Arruda (DEM) ignorou alertas de sua assessoria jurídica e firmou contratos milionários com empresas suspeitas de financiar o mensalão do DEM. Em março do ano passado, a própria Procuradoria-Geral do Distrito Federal deu parecer contrário à contratação da Info Educacional por R$ 12 milhões para implantar software em 173 escolas do DF diante da ausência de projeto piloto e justificativa de preços adequada.
Após quatro meses, mesmo tendo sido alertado para a necessidade de teste prévio e um possível superfaturamento, o governo abriu licitação para comprar programa de computador com exercícios de matemática, português e inglês. Em seguida, desclassificou as três primeiras colocadas sob o argumento de que as empresas não passaram no “teste de conformidade” e escolheu como vencedora a Info Educacional, que apresentou preço (R$ 12 milhões) quatro vezes o valor da menor oferta (R$ 3 milhões).
Neste ano, o contrato com a empresa recebeu um aditivo de R$ 3 milhões. Além do contrato de R$ 15 milhões com o DF, a Info Educacional já firmou contratos com outros quatro governos, entre eles as administrações do PSDB em Minas Gerais (R$ 6,7 milhões em 2008) e São Paulo (R$ 12,8 milhões entre 2004 e 2006), todos eles sem licitação.
Ex-secretário diz que desconhecia recomendações
Afastado há uma semana do cargo, o secretário da Educação do DF, Luiz Valente, disse ontem desconhecer qualquer parecer jurídico contrário à contratação da Info Educacional. Afirmou ainda que ele não era o responsável pelo contrato nem participou da licitação.
“Homem da cueca” pagava funcionários em dinheiro
Personagem de vídeo no qual aparece colocando notas na cueca, o empresário Alcyr Collaço costumava pagar com dinheiro vivo os funcionários de seu jornal, “Tribuna do Brasil”. Collaço ganhou espaço na mídia nos últimos dias por conta de dois vídeos gravados por Durval Barbosa, ex-secretário do governo do DF que denunciou o “mensalão do DEM”. Num deles, aparece guardando R$ 30 mil na cueca. Em outro, cita integrantes da cúpula do PMDB como supostos beneficiários do esquema.
Ontem a Folha conversou com seis pessoas que trabalharam no jornal de Collaço. Segundo eles, que pediram anonimato, até 2007 o dinheiro chegava à redação numa sacola, sempre no final do dia, e o pagamento era sempre feito em dinheiro vivo, independentemente do valor ou do cargo.
O jornal “Tribuna do Brasil” é mantido com publicidade do Governo do Distrito Federal, Banco de Brasília e da construtora PauloOctávio, empresa do vice-governador. Segundo o jornal, a tiragem diária é de 13 mil exemplares.
Barbosa acusa Arruda de comprar haras no DF por meio de laranja
Além de acusar José Roberto Arruda de ter recebido propina, o pivô do “mensalão”, Durval Barbosa, afirmou ao Ministério Público do DF que o governador do DEM comprou um haras em nome de um laranja na região de Planaltina, a 90 km do centro de Brasília.
Oposição quer “agenda positiva” contra crise
Passada uma semana do início do escândalo envolvendo o governador do Distrito Federal, José Roberto Arruda (DEM), a oposição começa a se articular para sair das cordas. A estratégia passa por quatro pontos: movimentar-se para uma expulsão rápida do governador -o que evitaria o prolongamento do “sangramento” dele-, intensificar agenda de viagens dos pré-candidatos para discutir plano de governo, aumentar a pressão pela chapa unindo os governadores tucanos José Serra (SP) e Aécio Neves (MG), e começar a trabalhar palanques em locais problemáticos, como DF, RS e RJ. A oposição quer circunscrever a crise de Arruda ao Distrito Federal e entrar em 2010 com “agendas positivas”.
OAB-SP tenta barrar PEC dos Precatórios no Supremo
A seção paulista da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) vai ao Supremo Tribunal Federal, corte máxima do país, para tentar derrubar a PEC dos Precatórios, que foi aprovada pelo Senado Federal e torna ainda mais lenta a fila de pagamento das dívidas do poder público com pessoas físicas e jurídicas. “A decisão judicial no Brasil é para ser respeitada. Há décadas, o poder público não respeita a ordem desse pagamento e agora surge essa PEC para institucionalizar o calote, o que não é justo com todas as pessoas que aguardam há anos o pagamento”, afirmou o presidente da OAB paulista, Luiz Flávio Borges D’Urso. Na última quarta-feira, o Senado concluiu a aprovação da proposta de emenda constitucional que permite a Estados e municípios retardar o pagamento e obter descontos de dívidas impostas pela Justiça.
Grupo Pão de Açúcar adquire o controle da Casas Bahia
O Pão de Açúcar adquiriu ontem o controle da Casas Bahia, em uma transação que não envolveu desembolso de dinheiro. A operação, que depende de aprovação dos órgãos de defesa da concorrência, transforma o grupo na quinta maior empresa do país em faturamento bruto, com R$ 40 bilhões. Perde apenas para Petrobras, Vale, Gerdau e AmBev. O Pão de Açúcar, cocontrolado pelo grupo francês Casino, transforma-se no maior empregador privado do Brasil, com 137 mil funcionários.
O negócio ocorre num momento de aceleração de fusões e emergência de grandes grupos econômicos no Brasil e em que a alta da renda e do emprego impulsiona o varejo. Ele reforça a atuação do grupo Pão de Açúcar no segmento de bens duráveis (móveis, eletrônicos e linha branca) e amplia sua presença junto ao consumidor de baixa renda. Com a forte presença da Casas Bahia em São Paulo, concorrentes temem que a concentração em eletrônicos possa chegar a 70% no Estado.
Correio Braziliense
A milionária papelada da Saúde
Diálogos transcritos no inquérito do Superior Tribunal de Justiça (STJ), que subsidiou a ação da Polícia Federal na Operação Caixa de Pandora, apontam o iceberg de um suposto esquema de desvio de recursos instalado em, pelo menos, uma área vital do governo: a Secretaria de Saúde. O que dá robustez às conversas gravadas com autorização da PF é um levantamento sobre o histórico de gastos na secretaria com a empresa Uni-Repro Soluções para Documentos Ltda. E o que torna esses gastos ainda mais suspeitos é o fato de o próprio governo admitir em um documento que as despesas com a empresa Uni-Repro são 89% superiores aos praticados no mercado.
A Uni-Repro é uma empresa criada em São Paulo, mas que ganhou o mercado de Brasília a partir de 2007, num contrato por meio de ata de registro de preço — um expediente que se baseia numa licitação feita por outro órgão. Daquele tempo até agora, a participação da firma especializada em reprodução de material gráfico só cresceu. Em 2007, o repasse do GDF para a Uni-Repro foi de R$ 1,1 milhão. No ano seguinte, a quantia da prestação de serviço à Saúde subiu para R$ 12,1 milhões. No mesmo período, outros oito setores do governo passaram a manter negócios com a firma paulista, que em função do volume de trabalho montou um escritório em Brasília.
Depois do montante na Saúde, aparece o contrato de R$ 5 milhões com a Secretaria de Educação. E todos os outros sete juntos não somam um quarto das transferências feitas pela Saúde. Tudo somado, a empresa de reprografia levou do governo um total de R$ 19,9 milhões em 2008, 20 vezes mais do que em 2007, e aumentou sua fatia no GDF em 2009. De janeiro até ontem, o Sistema Integrado de Gestão Governamental (Siggo) — que registra os gastos do Executivo — acusava notas de empenho (compromisso de pagamento do governo) no total de R$ 21,2 milhões.
Dois pedidos aceitos
A Procuradoria da Câmara Legislativa do Distrito Federal (CLDF) considerou válidos apenas dois dos oito pedidos de impeachment apresentados contra o governador José Roberto Arruda até a última quinta-feira. Na avaliação dos procuradores da Casa, apenas os requerimentos feitos pelo advogado Evilázio Viana Santos e pelo presidente do Partido dos Trabalhadores no DF, Chico Vigilante, estão de acordo com a Constituição Federal e a Lei nº 1.079, de abril de 1950, que rege o processo de impeachment. Ontem, mais dois pedidos de impeachment contra o governador foram protocolados na Casa.
Forças se rearrumam em blocos
Deu certo a pressão do governador José Roberto Arruda sobre os parlamentares que integravam a base aliada na Câmara Legislativa até antes do início da crise no Governo do Distrito Federal (GDF). Ontem foi publicado no Diário da Câmara Legislativa (DCL) um rearranjo em quatro blocos partidários, que contam, ao todo, com 14 distritais. Em todos eles estão distribuídos aliados de primeira hora do governador, como os deputados Raimundo Ribeiro (PSDB) e Alírio Neto (PPS).
É o tamanho desses grupos que define, por exemplo, a composição de Comissões Parlamentares de Inquérito (CPIs). Eles também são determinantes para a renovação de cadeiras das comissões permanentes da Casa, que acontecerá no próximo ano. Desde o início da crise, os distritais iniciaram uma articulação para reordenar as forças políticas da Casa. Com a costura, Arruda conseguiu reunir seus aliados.
Estrutura de menos
Depois das negociações intensas no Congresso e da disputa envolvendo os mais diferentes interesses, a nova lei eleitoral(1) aprovada às pressas pelos parlamentares em setembro começou a ser questionada no Judiciário. Nos bastidores, advogados e ministros que integram o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) têm admitido que as novas regras — principalmente as que liberam o uso da internet em campanhas — jogaram para a Justiça Eleitoral uma responsabilidade de fiscalização sem que o órgão tenha se preparado e montado estrutura adequada capaz de encontrar e punir irregularidades praticadas por meio da rede.
Durante audiência pública realizada pelo TSE para ouvir sugestões de diferentes órgãos sobre a conduta que deve ser adotada para implementar a nova lei eleitoral, o relator das instruções de 2010, ministro Arnaldo Versiani, deu o tom das dúvidas e inseguranças da Corte quanto à possibilidade de fiscalização do uso da rede mundial de computadores nas campanhas. Disse que algumas normas previstas na Lei nº 12.034/09 são bem intencionadas, mas ressaltou que será um desafio fazer com que o TSE consiga aplicar as multas e punições previstas na lei.
Gilmar Mendes cobra reforma na lei eleitoral
Depois do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que tratou do assuntou esta semana, ontem foi a vez de o presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), Gilmar Mendes, cobrar “uma posição mais enfática” dos parlamentares em relação ao financiamento público de campanhas.
Durante visita a Goiânia, Gilmar Mendes argumentou que é preciso haver mudanças na forma de arrecadação de dinheiro em campanhas eleitorais para que a seriedade da democracia brasileira não seja posta em dúvida. “No que diz respeito ao financiamento de campanhas, temos que ser mais enfáticos no que concerne às reformas. Temos que discutir com seriedade o financiamento público de campanha”, cobrou, ao comentar o escândalo de corrupção envolvendo o primeiro escalão do Governo do Distrito Federal (GDF) e parlamentares da base aliada na Câmara Legislativa. Segundo a cúpula do GDF, o dinheiro que aparece em vídeos sendo distribuído é para pagamento de dívidas de campanha e teria sido fruto de caixa 2.
Mendes voltou a classificar de “preocupantes” os fatos revelados na Operação Caixa de Pandora, da Polícia Federal (PF), e em outras ações policiais que têm como foco irregularidades envolvendo políticos. “Essas operações têm revelado a corrupção no mundo político e em outras áreas. Isso é um pouco preocupante quando revela as mazelas do sistema político porque pode afetar a legitimidade do sistema e a dúvida do cidadão em relação à seriedade do processo democrático”, analisou. “O sistema exige mudanças. Temos que combater a corrupção, especialmente a corrupção no sistema político.”
PV sofre para escolher vice
Com a candidatura da senadora Marina Silva (PV-AC) engatinhando, a cúpula do PV diverge sobre qual a melhor saída para a escolha do vice na chapa que entrará na disputa pelo Palácio do Planalto no ano que vem. O presidente da sigla, o vereador paulistano José Luiz Penna, pretende colocar o posto no balaio de negociações para atrair partidos à empreitada e aumentar o tempo de televisão durante o período de propaganda eleitoral gratuita. As pretensões do dirigente verde colocam como plano B a proposta defendida pelo deputado Fernando Gabeira (PV-RJ), que prefere uma opção caseira, adotando um dos empresários recém-filiados ao partido. Três são os mais cotados: Guilherme Leal, da Natura; Roberto Klabin, da SOS Mata Atlântica; e Marcus Elias, da Parmalat.
Emergências que se tornam corriqueiras
A Delta Engenharia não é a única empresa a manter contrato emergencial com o Senado para executar o mesmo serviço previsto em contrato revogado pela administração da Casa. A Fiança Serviços Gerais assumiu um compromisso emergencial em 20 de novembro, de 180 dias, para substituir o contrato que resultou do Pregão 09/2008, no valor de R$ 2,9 milhões, vencido por ela mesma. A empresa mantém 40 trabalhadores de nove categorias distintas. Uma sindicância promovida pela Primeira Secretaria, em maio, sugeriu a revogação do processo licitatório por ter encontrado em outros acordos em vigor categorias profissionais exatamente iguais às previstas no Pregão 09/2008.
Jornal do Brasil
Alemão volta a ser a fortaleza do tráfico
As operações da PM para ocupar morros da Zona Sul da cidade, com vistas à instalação das Unidades de Polícia Pacificadora (UPP), forçaram a migração de bandidos para os complexos do Alemão e da Penha, que estão voltando a ser as maiores fortalezas do tráfico no estado, como ocorria antes dos Jogos Pan-Americanos. A região da Zona Norte passa por obras do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), o que dificulta as operações policiais contra os bandidos.
Câmara do DF beneficia Arruda
A Câmara do Distrito Federal rejeitou seis dos oito pedidos de impeachment do governador José Roberto Arruda (DEM). E, por enquanto, ainda livrou o vice, Paulo Octávio, de investigação pelos deputados distritais.
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