Correio Braziliense
Ministério suspende repasses para ONGs
O ministro do Turismo, Gastão Dias Vieira, suspendeu temporariamente a execução e o repasse financeiro de todos os convênios com organizações não governamentais destinados à qualificação profissional, em especial aqueles do programa Bem Receber Copa. As contas dessas entidades com recursos transferidos pela pasta foram bloqueadas. Gastão justifica a medida — que tenta moralizar o ministério — a partir de um relatório do Tribunal de Contas da União (TCU) e do decreto presidencial que obriga ministros a se responsabilizarem por convênios assinados com ONGs. No mês passado, o Correio publicou suspeitas de irregularidades sobre o Bem Receber Copa.
A Secretaria Nacional de Programas de Desenvolvimento do Turismo e a Secretaria Nacional de Políticas de Turismo terão de promover um levantamento sobre os convênios em execução. Por determinação de Vieira, a pesquisa deverá detalhar o nome da entidade; início e fim da vigência dos acordos; valores repassados e pendentes; percentual executado; estabelecimento bancário, agência e conta. O ministério cobra ainda o cumprimento das recomendações do TCU.
Segundo acórdão do TCU, votado no fim do mês passado, o ministério apresentou documentação insuficiente para comprovar os valores dos convênios para a Copa. Foram examinados processos e prestações de contas de sete convênios, de três contratos e de um termo de parceria, no valor total de R$ 72,2 milhões. A pasta revê o investimento total de R$ 440 milhões nas ações de qualificação profissional voltadas para a Copa. Os trabalhos de auditoria foram feitos entre 28 de fevereiro e 16 de março.
O tribunal aponta diversos problemas de governança do programa. “Não existem, ainda, ferramentas para que o Ministério do Turismo possa mensurar efetivamente os resultados das ações e a disponibilização de indicadores de desempenho consistentes. Essa falha nos processos pode culminar em desperdício ou mesmo malversação de recursos, com a aplicação de cifras consideráveis em ações de baixa ou nenhuma eficácia, com indesejável reflexo no evento Copa do Mundo de 2014”, afirma o relatório do ministro Valmir Campelo. O documento aponta que, dos 11 contratos fiscalizados, apenas um teve as metas cumpridas.
Leia também
A hora do PSD
Hoje à noite, o mundo político estará voltado para o plenário do Tribunal Superior Eleitoral (TSE). Os sete ministros da Corte definirão entre conceder ou não o registro definitivo ao Partido Social Democrático (PSD). Em jogo está a criação de uma legenda que nascerá com até 50 deputados federais e terá um Fundo Partidário de pelo menos R$ 13 milhões, a partir de 2014, nas estimativas mais conservadoras. As projeções mostram, porém, que a nova sigla poderá alcançar a cifra de R$ 20 milhões anuais, valor próximo aos R$ 22 milhões recebidos atualmente pelo DEM, partido que será o maior prejudicado caso o registro do PSD seja aprovado.
O julgamento do processo de criação do PSD começou na última quinta-feira, mas acabou interrompido por um pedido de vista do ministro Marcelo Ribeiro. Antes, somente dois integrantes do TSE haviam votado — Nancy Andrighi a favor do partido e Teori Zavascki, contra. Idealizador do partido, o prefeito de São Paulo, Gilberto Kassab (ex-DEM), passou o dia de ontem em uma reunião sigilosa com lideranças num hotel de São Paulo e trocando telefonemas com o ex-deputado Índio da Costa (RJ), com o secretário-geral da comissão provisória do PSD, Saulo Queiroz, e com o advogado da legenda, Admar Gonzaga.
Kassab está tão confiante na concessão do registro pelo TSE que chegou a debater o rumo que o partido novo terá. No entanto, o prazo apertado para a criação da sigla a tempo de disputar as eleições de 2012 deixou apreensivos os presentes ontem na reunião. “Assim que for criada, a legenda vai atrair novos quadros, principalmente parlamentares”, assegurou o prefeito. No encontro, Kassab tentou tranquilizar os futuros integrantes do partido, que temem o fato de a legenda não ser criada até 7 de outubro, o que inviabilizaria os políticos que buscarão novos mandatos em 2012.
Seis meses depois de anunciar a criação do partido, Kassab já articula as filiações à sigla para que haja tempo hábil de candidatos do PSD disputarem prefeituras e vagas nas câmaras municipais no pleito de 2012. Embora reconheça o risco de o TSE não aprovar o registro da agremiação, o prefeito já trabalha na montagem da estrutura nos estados para que as fichas dos filiados sejam homologas ainda esta semana, a depender da decisão do TSE. A pressa tem uma explicação: para disputar o pleito do ano que vem, o candidato tem de estar inscrito no partido até 7 de outubro.
Contra o registro do partido
Sandra Cureau, vice-procuradora-geral eleitoral do Ministério Público Federal, debruçou-se nos últimos meses ao processo de criação do PSD. Comprou a briga por mais diligências por entender que as denúncias envolvendo a nova legenda eram graves. As negativas de investigação levaram a procuradora a sugerir, então, o indeferimento do registro eleitoral. Para ela, o PSD só demonstrou o apoiamento de 221.969 eleitores, número inferior ao exigido para demonstrar o caráter nacional do partido.
Cureau é, segundo colegas, assim: uma legalista. Há mais de 30 anos no MPF, a vice-procuradora geral mantém uma atuação forte ainda nas áreas de meio ambiente e de patrimônio cultural. A diferença destas duas com o eleitoral? “Está nas paixões mais vibrantes e no tempo. A eleição está em curso e é aí que as paixões se acirram”, comenta Cureau. Durante as eleições de 2010, foi alvo de críticas de militantes por conta da sua atuação e dos pedidos de multa contra os candidatos. Bem humorada, ela não perde o sono. Também não é de levar trabalho para casa. Transforma o trabalho em casa. Durante as eleições, passava fins de semana e madrugadas no gabinete. Mesmo com uma equipe pequena, Cureau zerou o resíduo de processos na área eleitoral.
A vice-procuradora nunca pediu proteção policial, apesar de já ter atuado no combate ao crime organizado e ao tráfico de drogas. Mas foi no eleitoral que passou mais susto. Já teve que “fugir” de um tribunal em um processo contra um prefeito. “Houve uma quebra de respeito pelas instituições. Quem faz isso sai com um sentimento de impunidade, que é horrível para o país”, completa.
Câmara se debruça sobre temas polêmicos
Após concluir votações importantes na semana passada, como a regulamentação da Emenda 29, o projeto que cria a Comissão da Verdade e a ampliação do aviso-prévio para trabalhadores, a Câmara dos Deputados deve apreciar medidas provisórias (MPs) complexas nos próximos dias, segundo o presidente da Casa, Marco Maia (PT-RS).
A mais polêmica é a MP 540, parte do Plano Brasil Maior que trata da elevação do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) para cigarros. O texto já recebeu 231 emendas, segundo o relator, deputado Renato Molling (PP-RS), que apresentou uma emenda permitindo a criação de locais específicos para fumantes em bares e restaurantes. A iniciativa promete gerar debates acirrados na Câmara.
Um projeto de lei enviado com urgência constitucional pelo Executivo, que determina a criação da Secretaria da Micro e Pequena Empresa, também deverá ser discutido esta semana. Marco Maia adiantou que pedirá ao governo que retire a urgência do projeto, para que sejam votadas outras medidas de interesse do Planalto. A oposição é contra a criação de mais um ministério e tentará dificultar a aprovação do texto.
Outro projeto de interesse do governo é a prorrogação da Desvinculação das Receitas da União (DRU), que permite ao Executivo gastos livres de até 20% da arrecadação. A matéria está em uma comissão especial, onde a oposição trabalha para obstruir os trabalhos e evitar que o governo consiga a aprovação da DRU até o fim do ano, quando a medida expira.
Mansão de Durval vale 100 casas
Valor a ser arrecadado na venda da mansão de Durval Barbosa construída com recursos oriundos de esquema de corrupção será colocado à disposição do GDF. Governador decidirá em que área aplicará a verba
O dinheiro a ser arrecadado com a venda da propriedade de Durval Barbosa confiscada pela Justiça deverá retornar ao tesouro do Distrito Federal. A decisão de como aplicar esses recursos será tomada, então, pelo governador Agnelo Queiroz (PT). Caberá a ele, como atual chefe do Executivo, definir o destino da verba a ser recuperada graças a investigações do Ministério Público do DF sobre os desvios de contratos de empresas de informática que resultaram nas operações Megabyte e Caixa de Pandora. Conforme o Correio revelou no último domingo, a 5ª Vara Criminal de Brasília fará um leilão público nesta quinta-feira para vender uma casa situada na QL 10 do Lago Sul, alvo de sequestro judicial em virtude da comprovação de que foi construída com dinheiro fruto de corrupção.
O governo Agnelo ainda não tratou do assunto. Mas o secretário de Governo, Paulo Tadeu, ao tomar conhecimento ontem de que os recursos serão destinados a uma conta do orçamento local, disse ao Correio que a utilização da quantia terá caráter social. “Acredito que poderíamos aplicar em projetos de habitação ou na área da Saúde”, defende. Pelo cálculo dos peritos, o imóvel vale R$ 4,3 milhões. Trata-se de uma mansão, com 862,58 metros quadrados, localizada em área nobre de Brasília, em frente ao Pontão do Lago Sul.
O imóvel está à disposição da Justiça para ser vendido a quem der o maior lance em hasta pública, marcada para ocorrer a partir de 14h34 desta quinta-feira. Esta é a segunda tentativa de negociar a casa. A propriedade foi colocada à venda pela primeira vez em 19 de setembro, mas não apareceram compradores. O edital foi publicado no Diário Oficial da União em 1º de julho, que detalhou as características da residência e a data de quando seria levado à leilão. A casa tem dois pavimentos e uma área social com todas as características para quem gosta de receber convidados. No segundo andar, há uma suíte com banheira de hidromassagem e closet. Há ainda outra suíte,sala, dois quartos, banheiro social e home theater. No primeiro piso, o comprador poderá desfrutar de piscina e de churrasqueira.
O Globo
Turismo susta repasse de R$91 milhões
O Ministério do Turismo congelou todo o dinheiro depositado em contas de entidades privadas sem fins lucrativos para promover cursos de capacitação profissional, como antecipou O GLOBO no domingo. Além do dinheiro que já estava na conta dos prestadores de serviço, o Turismo suspendeu R$91,1 milhões reservados no orçamento deste ano para abastecer esse tipo de convênio. Em portaria publicada ontem no Diário Oficial da União, o ministro Gastão Vieira também abriu uma brecha para repactuar os valores contratados com organizações não governamentais (ONGs), se ficar comprovado que os acordos tiveram valores inflados.
A portaria foi editada após o Tribunal de Contas da União (TCU) confirmar indícios de graves irregularidades na execução dos convênios. A decisão atinge, especialmente, o programa Bem Receber Copa, voltado à preparação de mão de obra para atender ao público na Copa de 2014. Ao GLOBO no último domingo, o ministro admitiu a possibilidade de extinguir o programa, se o pente-fino nos convênios apontar que as irregularidades ameaçam o cumprimento da meta de preparar 306 mil profissionais.
A portaria determina um pente-fino em todos os contratos para identificar prazos, volume de verbas liberadas ou com execução prevista. Gastão admitiu não ser possível contabilizar quantas pessoas já foram capacitadas no Bem Receber, tal o descontrole das ações do programa. Só após a avaliação, o Turismo poderá dizer quanto dinheiro está na conta das organizações sem fins lucrativos e o valor não sacado.
– A minha portaria amplia para tudo. Nada mais sai por entidades, até que eu tenha um quadro correto do que aconteceu e do que pode acontecer. Então, suspende-se – disse Gastão ao GLOBO sexta-feira.
Segundo o Diário Oficial, o cumprimento das alterações contratuais, caso ocorram, deverá ser acompanhado in loco pelo Turismo. O ministério frisa que, a partir de agora, as ONGs deverão anexar documentação que comprove a razoabilidade dos valores contratados.
Câmara agora admite anular sessão-fantasma
O presidente da Câmara dos Deputados, Marco Maia (PT-RS), admitiu ontem a possibilidade de anular a sessão-fantasma da Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) que, na última quinta-feira, aprovou 118 projetos em apenas três minutos e com apenas um parlamentar votando e outro na presidência. Maia criticou o fato de a reunião acontecer com apenas dois deputados, como revelaram vídeo e reportagem do GLOBO. Ele reúne-se hoje com o presidente da CCJ, João Paulo Cunha (PT-SP), para discutir medidas para este fato não acontecer mais.
Maia afirmou ainda que pediu uma análise sobre as votações na comissão e que seja analisada a frequência deste tipo de ocorrência. Perguntado sobre a possibilidade de anulação, Marco Maia afirmou: – Pode (ser anulada), mas à luz do cumprimento do regimento: se descumpriu preceitos, acordo ou regra preestabelecida pela CCJ. O que acontece é que a própria comissão interpreta o regimento para agilizar a votação – disse Marco Maia.
Na sessão da CCJ, César Colnago (PSDB-ES) presidiu os trabalhos, e Luiz Couto (PT-PB) era o único presente para votar, após ter sido chamado às pressas em seu gabinete. Maia criticou a realização da reunião com esse quorum e disse que irá estudar medidas para evitar que se repita. – Teremos uma proposta de funcionamento ou uma avaliação melhor sobre o que é possível fazer para, de um lado, permitir que a CCJ continue votando com rapidez, mas, por outro, para não se repetir situação como essa, de apenas dois deputados deliberando – disse Maia, que indiretamente criticou Colnago por realizar a sessão: – Temos um problema de quantidade (de parlamentares) que havia no momento. É questão de sensibilidade de quem está presidindo: “como não temos aqui número razoável, não vou proceder a votação”. Vou conversar amanhã (hoje) com o João Paulo e propor alterações no procedimento.
Planalto teme o ‘pior dos mundos para o governo’
A presidente Dilma Rousseff manifestou ontem grande preocupação com a disposição do Senado de retomar o texto original da regulamentação da Emenda 29, aprovado na Casa, que estabelece o gasto mínimo de 10% das receitas da União com a Saúde, mas sem a criação de um novo imposto. O Palácio do Planalto orientou os líderes aliados no Senado a monitorar de perto a base governista e evitar que o texto aprovado na Câmara seja alterado. A proposta de fixar um percentual mínimo para a União é de autoria do ex-senador Tião Viana (PT), atual governador do Acre. – É o pior dos mundos para o governo – reconheceu ontem um auxiliar da presidente Dilma, ao falar da possibilidade de aumento de despesas sem a criação de uma nova fonte de receitas.
Planalto estuda mobilização para barrar mudanças
O alerta de Dilma foi feito para ministros em reunião ontem de manhã no Planalto. Integrantes da coordenação política já defendem uma nova mobilização com os governadores para barrar mudanças no texto no Senado.
Embora o Planalto reconheça que os governadores temem o desgaste de defender a recriação da CPMF, a presidente entende que eles têm que participar do debate. Para Dilma, também é responsabilidade dos governadores evitar que o Senado aumente as despesas do governo sem apontar a nova fonte de financiamento.
O problema é que os governadores estão insatisfeitos com a postura do Planalto sobre o assunto. Primeiro, foram incentivados pela própria presidente a defender o novo imposto. Depois, ela mesma voltou atrás, dizendo que não iria propor sua aprovação.
O líder do governo no Senado, Romero Jucá (PMDB-RR), afirmou que o governo federal não pretende criar novo imposto, mas reforçou que a ordem do Palácio do Planalto é que a base aliada mantenha sem alteração o texto da Câmara.
Mercadante diz que Saúde é subfinanciada
O ministro da Ciência, Tecnologia e Inovação, Aloizio Mercadante, disse ontem que a Saúde Pública no Brasil é subfinanciada. Segundo ele, os gastos per capita com Saúde seriam 47% menores que os da Argentina. As afirmações foram feitas após a participação do ministro na abertura do seminário “Inovação — o Brasil na rota do desenvolvimento científico e tecnológico”, promovido pela revista “Brasileiros”, em São Paulo. – O que posso dizer é que a Saúde Pública no Brasil é subfinanciada, o setor privado gasta 2,5 vezes mais com Saúde o que o setor público consegue gastar. Temos um déficit comercial de quase US$12 bilhões do complexo da Saúde neste ano e estamos fazendo um grande esforço para fazer fármacos e diminuir esse déficit. Mas a Saúde vai ter de melhorar suas condições de financiamento – disse.
Perguntado sobre a possibilidade de se recriar um imposto para gerar recursos para o setor, ele preferiu evitar a polêmica:
– Não sou mais senador. Já tem gente competente tratando disso – disse apenas.
CNJ retomará hoje julgamento de Wider
O Conselho Nacional de Justiça (CNJ) vai retomar hoje o julgamento do processo administrativo disciplinar contra o desembargador Roberto Wider, ex-corregedor-geral de Justiça do Rio, que está afastado das funções desde janeiro do ano passado. Ele é acusado de favorecer o lobista Eduardo Raschkovsky, de quem é amigo, em decisões judiciais e administrativas. Uma delas foi a nomeação, sem concurso, para comandar cartórios do Rio e de São Gonçalo, de dois advogados que trabalhavam no escritório do lobista.
O julgamento começou em agosto, quando o relator do caso, desembargador Tourinho Neto, recomendou o arquivamento do processo. Mas, em seguida, a ministra Eliana Calmon, corregedora-geral de Justiça, pediu vista e adiou a decisão por tempo indeterminado. Embora reconheça que a conduta de Wider foi inadequada, Tourinho Neto alegou que não consistia em falta tão grave para a sua aposentadoria compulsória ou disponibilidade. Para ele, a pena correta seria a de censura, “mas essa pena só pode ser aplicada a juiz de primeiro grau”, argumentou.
Folha de S. Paulo
Governo vai divulgar nomes de deputados
Para não ser acusado de conivência com as declarações sobre “venda” de emendas parlamentares, o governo de São Paulo passará a divulgar o nome do deputado que destinou recursos, em emendas, às suas bases eleitorais.Hoje, o sistema de acompanhamento de gastos aberto à consulta pública não identifica a autoria do parlamentar que transferiu os recursos.O governador Geraldo Alckmin (PSDB) determinou ainda um pente-fino nos convênios firmados com base em indicação de deputados. “Nós queremos contribuir na apuração disso. Já estamos levantando os convênios todos assinados e, agora, vamos mostrar quem indicou os recursos”, afirmou o secretário da Casa Civil.Alckmin disse ontem à noite, em evento da Fiesp, que os nomes estarão na internet até sexta-feira.”Se tiver um caso, a apuração vai ser rigorosíssima”, disse o governador. Na entrevista em que apontou a existência de um balcão de venda de emendas na Assembleia, o deputado Roque Barbieri assegurou ter denunciado o esquema ao governo.O secretário da Casa Civil negou. “O deputado Barbieri esteve comigo tratando de emendas dele, mas não tratou desse assunto”. O senador Aloysio Nunes (PSDB-SP), secretário da Casa Civil do governo anterior, também negou ter recebido relatos sobre cobrança de propina.
Governador aluga carro de filiado ao próprio partido
O governador de Pernambuco, Eduardo Campos (PSB), e a mãe dele, a deputada federal Ana Arraes (PSB-PE), já pagaram cerca de R$ 300 mil em verbas públicas a uma locadora de automóveis de uma filiada ao PSB.A BSB Locadora não tem carros suficientes para cumprir seus contratos, não possui site nem número na lista telefônica e tem como endereço uma sala fechada na periferia de Brasília.Graças à mobilização feita pelo filho, Ana Arraes foi eleita na semana passada para o TCU (Tribunal de Contas da União), órgão que fiscaliza o uso de verba pública.A relação de Campos e de Ana Arraes com a locadora extrapola os serviços fornecidos oferecidos pela empresa.A sócia majoritária da BSB, Renata Ferreira, é filiada ao PSB -legenda presidida pelo governador.
Renata resolveu entrar no partido em outubro de 2009, uma semana depois de ter vencido uma licitação para fornecer automóveis para a representação do governo pernambucano em Brasília.Renata também tem emprego, como terceirizada, no Ministério de Ciência e Tecnologia, que no governo Lula foi comandado pelo PSB -no primeiro mandato, foi dirigido pelo próprio Campos. O pai dela, Esmerino Ferreira, trabalha no gabinete de Ana Arraes desde 2007. Antes, foi o motorista de Campos entre 1998 e 2006.
Retirar sigilo não é importante agora, diz Temer
O vice-presidente Michel Temer disse ontem que o projeto para regulamentar o acesso a informações oficiais não é relevante agora. “É uma discussão tão de pouco significado técnico. Daqui a cinquenta anos, o presidente fulano de tal pode dizer: ‘Foi decretado o sigilo desses documentos e agora não tem mais sigilo’.”Embora tenha dito que a aprovação não é relevante neste momento, diz “reconhecer que o ideal é retirar todo e qualquer sigilo”. A posição de Temer contrasta com a da presidente Dilma Rousseff, que na semana passada, também em visita à cidade, citou o projeto como avanço na busca por transparência no país.O projeto de Lei de Acesso às Informações Oficiais está sendo debatido em comissão do Senado.
Saúde perde espaço no Orçamento da União
Fatia do setor caiu de 8%, em 2000, para 6,8% em 2010; governo priorizou programas de transferência de renda. Em 2000, a assistência social e o amparo aos trabalhadores ficaram com 4,2% das receitas; em 2010, tiveram 7,9%. A saúde perdeu espaço no Orçamento da União ao longo dos últimos dez anos, enquanto o governo federal preferiu priorizar, na área social, a expansão dos programas de transferência direta de renda para as famílias.Um levantamento da evolução dos gastos sociais ajuda a entender por que entidades e parlamentares defendem reservar para a saúde 10% das receitas da União, como previa projeto aprovado no Senado em 2008, modificado pelos deputados em votação na semana passada.Conforme a Folha noticiou ontem, 43 dos 81 senadores dizem apoiar a retomada da proposta original.Se utilizados os critérios do texto, a fatia orçamentária do setor caiu de 8%, em 2000, para 6,8% no ano passado -equivalentes a R$ 60,6 bilhões, segundo dados do Tesouro Nacional.Para manter a mesma participação de dez anos antes, o gasto deveria ter chegado a R$ 71,2 bilhões em 2010. Para atingir o patamar previsto na proposta aprovada pelos senadores, a R$ 89 bilhões.
Dilma deixa aos Estados acordo sobre royalties
A presidente Dilma Rousseff aceitou ceder mais R$ 450 milhões na divisão da receita de tributos do petróleo em 2012, mas decidiu também que agora cabe aos Estados produtores e não produtores a negociação final do tema.Segundo assessores, Dilma avalia que cedeu no que era possível e que agora a “discussão é entre eles”, não cabendo à União dizer quanto os Estados produtores devem perder no debate sobre royalties.A posição do Planalto será levada hoje aos parlamentares em reunião no Ministério da Fazenda como sua proposta final.No total, a União abriria mão de R$ 1,250 bilhão, sendo R$ 800 milhões de royalties e R$ 450 milhões de participação especial, tributo cobrado dos campos mais produtivos.A fatia do governo federal nos royalties cairia de 30% para 20%, e na participação especial, de 50% para 46% em 2012.A Folha apurou que a União manterá a proposta de reduzir a parte de royalties dos Estados produtores de 26,25% para 25%.Desistiu, porém, de endossar a ideia dos não produtores de baixar essa parcela ainda mais, para 20%, e cortar em quatro pontos percentuais a fatia dos produtores na participação especial, de 40% para 36%.Os governadores de Estados não produtores defendiam que Dilma arbitrasse as negociações, impondo mais perdas aos produtores (Rio, Espírito Santo e São Paulo).
Pré-candidato, Covas se contradiz sobre oferta de propina
Secretário nega proposta, mas áudio divulgado por jornal confirma abordagem quando ele era deputado. Na cerimônia em que mudou título de eleitor de Santos para capital, tucano afirma ter sido mal-interpretado. A pré-candidatura de Bruno Covas (PSDB) à Prefeitura de São Paulo foi ofuscada ontem por uma declaração na qual ele admite ter sido assediado por um prefeito com oferta de propina.Secretário de Meio Ambiente do Estado, o tucano tentou desmentir a fala.Mas o jornal “O Estado de S. Paulo” divulgou trecho de uma entrevista concedida há cerca de um mês na qual Covas narra um episódio em que, quando deputado estadual, um prefeito lhe ofereceu R$ 5.000 pela liberação de uma emenda.O episódio alimentou acusação feita pelo deputado Roque Barbieri (PTB), em agosto, ao jornal “Folha da Região”, de Araçatuba, de que cerca de 25% a 30% dos parlamentares vendem emendas e fazem lobby para empreiteiras na Assembleia Legislativa de São Paulo.Na entrevista, Covas afirma que um prefeito -ele não diz qual – lhe ofereceu 10% de retorno depois da liberação de uma emenda dele.”Uma vez, eu consegui uma emenda de R$ 50 mil para obra de um município. Assinamos o convênio e depois o prefeito veio perguntar com quem deixava os R$ 5.000″, relata Covas.Após a publicação da reportagem, o tucano tentou minimizar o episódio, dizendo ter sido mal-interpretado.”Aquilo não aconteceu comigo. Falei em hipótese que [político] não deveria aceitar [propina]. Estava dando um exemplo hipotético”, disse.
Deixe um comentário