Correio Braziliense
Mais da metade da Casa será de novos deputados a partir de 2015, diz especialista
Sete em cada 10 deputados federais vão tentar permanecer no Congresso Nacional pelos próximos quatro anos. A ambição da maioria dos parlamentares, entretanto, deve esbarrar no desejo dos milhões de pessoas que foram às ruas em 2013 para reivindicar, entre outros temas, a renovação na política. Na análise de especialistas, os protestos do ano passado ecoarão nas urnas em outubro. A projeção inicial do Departamento Intersindical de Assessoria Parlamentar (Diap) é de que a mudança de nomes na Câmara bata recorde em comparação às últimas quatro eleições e supere a taxa de 50%.
De acordo com o Diap, 77,97% dos deputados federais serão candidatos à reeleição este ano. O percentual é praticamente o mesmo de 2010, quando 79% dos parlamentares tentaram se reeleger na Câmara. A renovação costuma ser inversamente proporcional à quantidade de deputados que tentam a reeleição dos mandatos. Desta vez, no entanto, a situação tende a ser diferente, segundo levantamentos do instituto.
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“Acredito que o índice de renovação será de, no mínimo, 50%, algo atípico. Estaremos próximos dos percentuais verificados em 1990 e em 1994”, diz Antônio Augusto Queiroz, assessor parlamentar e analista político do Diap. Ele explica que o prognóstico foi feito considerando o ambiente político, o custo de campanha e os históricos anteriores.
Mesmo com o fim da Copa, debate sobre legado deve continuar nas eleições
Com o fim da Copa do Mundo e faltando pouco mais de 80 dias para o primeiro turno das eleições presidenciais, oposição e governo avaliam que o debate sobre a reformulação do futebol brasileiro após a traumática derrota para a Alemanha vai se esfarelar aos poucos. Os oposicionistas defendem que deve ganhar corpo a discussão em torno de questões práticas que impactam a vida do brasileiro, a exemplo dos problemas de mobilidade urbana, que não foram resolvidos com o Mundial. Nos bastidores, a avaliação governista é de que “o assunto futebol”, no momento, favorece a presidente Dilma Rousseff porque, à medida que se tenta responsabilizar o governo pelo péssimo resultado dentro de campo, cola em seus adversários a imagem de oportunismo eleitoral. Na manhã de ontem, em pouco mais de 30 minutos, a presidente fez 10 postagens sobre o tema na sua conta oficial em um microblog.
O líder do PSDB na Câmara, deputado Antonio Imbassay (BA), declarou que uma ampla reforma no futebol brasileiro é importante, mas o tema deve se diluir ao longo da campanha. “Claro que o futebol é importante, mas o que devemos debater é o legado. Aquilo que foi prometido pelo governo e não foi consagrado. Acaba a Copa e o brasileiro continua com os mesmo problemas”, afirmou. Para ele, não há como fugir desse debate. “É só compararmos com outros países que tiveram eventos desse nível. O Brasil deixou muito a desejar. Do ponto de vista da imagem do país, das belezas, do caráter da nossa gente, a Copa foi fantástica. Do ponto de vista do legado, de aproveitar o Mundial para construções duradouras, foi um fracasso total”, avaliou.
O líder do PT no Senado, Humberto Costa (PE), procurou minimizar o peso da palavra “intervenção”, utilizada pelo ministro do Esporte, Aldo Rebelo, que defendeu, a partir da mão do governo federal, modificação na estrutura do futebol brasileiro. O petista informou que o tema não vai dominar o centro da campanha eleitoral. “É possível que algumas preocupações que existem há algum tempo comecem a ser resolvidas. Mas esse tema não ocupará o centro da campanha. O debate é movido por este momento que vivemos. É bastante natural”, declarou.
Com dinheiro público, gráfica do Senado imprimiu 34,9 milhões de páginas
Embora representem pouco mais de um terço da composição do Senado, parlamentares candidatos nas eleições deste ano são responsáveis por mais da metade das impressões feitas pela gráfica da Casa. Para eles, a estrutura pública já imprimiu nada menos que 34,9 milhões de páginas este ano, entre elas peças gráficas recheadas de reportagens positivas. O material chega aos eleitores via postal, também pago pelo Senado, ou pelas mãos dos congressistas e assessores. Senadores alegam que as publicações estão dentro das normas da Casa.
A gráfica do Senado imprimiu, este ano, 52,3 milhões de páginas, a pedido dos parlamentares. Além de cartões de visitas, os itens mais comuns são “boletins informativos” e livros com as leis brasileiras. Constituição, Código Penal e Estatuto da Criança e do Adolescente estão na lista. Assessores parlamentares justificam que os livros são pedidos por alunos e universidades. Mas chegam personalizados. A maioria deles é impressa com a foto e nome, além de um “prefácio” do parlamentar, reforçando o nome do autor da doação.
Parlamentares que vão disputar o pleito este ano são responsáveis por 66,8% dessa avalanche de papel. Candidato ao governo do Ceará, Eunício Oliveira (PMDB) foi quem mais imprimiu. Foram 8,8 milhões de páginas, sendo praticamente todas do exemplar Para o Brasil e o Ceará avançarem. É uma coletânea de discursos do senador. Cada item tem 176 páginas. Eunício pediu 50 mil exemplares. Segundo a assessoria do senador, a impressão é entregue a pessoas que o visitam em seu gabinete.
Folha de S. Paulo
Ex-ministro de Lula é pivô de crise no comitê de Dilma
O comitê da campanha de reeleição da presidente Dilma Rousseff enfrenta sua primeira crise interna na largada oficial da disputa eleitoral e corre o risco de perder um de seus coordenadores.
Ex-ministro do governo Lula, Franklin Martins, responsável pelo site da campanha –o “Muda Mais”–, entrou em atrito com interlocutores da presidente por causa de um post sobre a CBF, publicado depois do que foi classificado como “terrível eliminação da seleção”.
Irritado, ele chegou a ameaçar deixar a campanha depois que integrantes do comitê ligados a Dilma pediram que fosse retirado o texto que apontava a CBF como responsável pela desorganização do futebol. “Impera na CBF um sistema que em nada lembra uma instituição democrática e transparente. É preciso mudar”, diz o texto do site.
Presidente rebate Aécio e nega intervenção na CBF
Dilma Rousseff afirmou, neste sábado (12), que o futebol “não pode nem deve ser estatal” e que o governo quer ajudar a modernizá-lo.
“O governo não quer comandar o futebol. Queremos ajudar a modernizá-lo. Contem conosco para isso”, disse a presidente no Twitter.
A declaração foi feita após o candidato do PSDB à Presidência, Aécio Neves (MG), insinuar um dia antes que o governo quer se apropriar do futebol brasileiro.
Na quarta (9), Dilma defendeu uma renovação no futebol e, na quinta (10), o ministro Aldo Rebelo mostrou-se favorável a projetos de lei que ampliem a participação do Estado na gerência esportiva.
Antonio Lavareda: é cedo para saber se vexame da seleção afetará a eleição
Há 16 anos, quando a seleção brasileira passou pelo vexame dos 3 a 0 na final da Copa da França, vencida pela anfitriã, o sociólogo Antonio Lavareda cuidava das pesquisas e da estratégia da campanha pela reeleição de Fernando Henrique Cardoso.
A “profunda tristeza” que tomou conta dos brasileiros naquela ocasião, porém, não foi motivo de preocupação na campanha tucana, diz.
Na época, a discussão que pautava a agenda política era se FHC venceria no primeiro ou no segundo turno. Acabou ganhando no primeiro, sem qualquer sinal de influência do futebol no resultado.
Apesar dessa experiência, Lavareda acha errado comparar 1998 com 2014. Para ele, que não está vinculado com qualquer candidatura hoje, a derrota para a Alemanha não produziu só tristeza, mas indignação e revolta.
“Sentimentos diferentes repercutem de formas diferentes”, diz. Não quer dizer que a presidente Dilma Rousseff será necessariamente prejudicada, ressalva. Na sua opinião, é cedo ainda para conclusões consistentes.
PMDB teme perder hegemonia no Senado
O mapa da disputa por 27 cadeiras do Senado indica o enfraquecimento do PMDB, dono hoje da maior bancada da Casa, e o crescimento de partidos como o PT e o PSB.
O partido do atual presidente da Casa, Renan Calheiros, tem hoje 20 dos 81 senadores. Sete, porém, encerram seus mandatos em janeiro próximo e somente Kátia Abreu (TO) tentará a reeleição.
Para compensar essa sangria, o partido terá que apostar em novos nomes, como Dário Berger (SC) e Geddel Vieira Lima (BA).
O temor do PMDB é perder o posto de maior bancada para o PT, hoje com 13 senadores, mas com apenas três em fim de mandato: Eduardo Suplicy (SP) e os suplentes Ana Rita (ES) e Anibal Diniz (AC).
O Estado de S. Paulo
Toffoli aponta ‘pacto tácito’ entre partidos
Roraima tem maior teto de gasto por voto
Despesa com comunicação encarece campanha
Crítica à CBF gera mal-estar na campanha petista
‘Futebol não deve ser estatal’, diz presidente
Nunca uma Copa do Mundo foi tão politizada, afirma historiador
São Paulo já mistura Alckmin e Campos
O Globo
Para ampliar bancada de deputados, PMDB aumenta número de candidatos a governador
Se a política fosse um jogo de tiro ao alvo, o PMDB estaria mirando na borda para acertar no centro. Em 2014, a sigla lançou o maior número de candidatos a governador desde 1994: 18, contra 13 em 2010. Aliado do governo Dilma em plano nacional, o partido enfrentará o PT em 17 unidades da federação. Em 2010, peemedebistas e petistas estavam em polos opostos em 12 disputas estaduais.
A mudança de postura do PMDB, segundo analistas e políticos, tem um objetivo claro: fortalecer a campanha estadual para garantir a eleição de grande número de deputados federais. Quanto maior a bancada, maior a presença e o poder de barganha do partido na Câmara e mais robusta a sua importância, qualquer que seja o próximo governo.
A tática adotada pelo PMDB tem sido pensada por seus estrategistas desde o começo da gestão Dilma. Para o sociólogo Rudá Ricci, ela faz sentido.
— Nas últimas eleições parlamentares, o governador eleito levou quase sempre as maiores bancadas federais. É importante perceber que candidatura majoritária puxa as bancadas — diz Ricci.
Desempenho de candidatos a presidente com pouco tempo de TV pode garantir segundo turno
A eleição presidencial este ano terá sete candidatos integrando o pelotão dos chamados “nanicos”, que disputam por partidos pequenos, normalmente sem coligações e com tempo tempo de TV e recursos de campanha mais reduzidos. Segundo a última pesquisa de intenção de votos do Instituto Datafolha, eles somam 5% dos votos. Cinco são ligados a partidos mais à esquerda do atual governo e dois têm propostas mais conservadoras.
Por enquanto, a maioria figura com traço ou 1% nas intenções de voto. Eles prejudicam mais a candidatura à reeleição da presidente Dilma Rousseff, que lidera as pesquisas : somados aos 4% de intenção de votos do candidato Pastor Everaldo (PSC), os nanicos exercem o papel de garantir a realização do segundo turno das eleições presidenciais.
Eduardo Jorge (PV), Luciana Genro (PSOL), Zé Maria (PSTU, Mauro Iasi (PCB) e Rui Costa Pimenta (PCO) criticam muito o atual governo e, também, os adversários mais fortes da presidente: Aécio Neves (PSDB) e Eduardo Campos (PSB). Levy Fidelix (PRTB) e José Maria Eymael (PSDC) amenizam as críticas a Aécio, mas batem forte no governo petista.
Articulador, Dornelles entra na chapa de Pezão para atrair apoios
Com o maior poder de articulação entre os vices nas chapas que disputam o Palácio Guanabara, o senador Francisco Dornelles (PP) usou os dois dias após sua indicação à disputa para colocar em prática seu mantra político: “pedir mais e perguntar menos”. O vice na chapa do governador Luiz Fernando Pezão (PMDB) telefonou para 80 dos 92 prefeitos do estado em busca de apoio e votos. No total, foram 200 ligações para empresários, líderes religiosos e políticos.
Os telefonemas são parte de uma estratégia de bastidores eleitorais típica de Dornelles, para deslanchar a candidatura de Pezão e impedir o crescimento dos adversários Anthony Garotinho (PR), Marcelo Crivella (PRB) e Lindbergh Farias (PT). O senador é apontado hoje por aliados e adversários como um político fluminense de atuação silenciosa e em todas as esferas dos poderes Executivo e Legislativo. Dornelles tem nomes de confiança espalhados pelos municípios e sua influência transita pelas máquinas dos governos estadual e municipais.
— Em política, você tem que pedir e dizer o que se espera da sua candidatura. Ligo como faço em todas as eleições para falar que sou candidato — afirma.
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