O GLOBO
Presidente afirma que foi enganado por Erenice Guerra
Uma semana depois de Erenice Guerra ter sido demitida da Casa Civil, envolvida em denúncias de tráfico de influência no governo, o presidente Lula disse ontem que foi enganado pela ex-ministra, e que Erenice perdeu a oportunidade de ser “uma grande funcionária pública” no país.
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Erenice era o braço-direito de Dilma Rousseff na Casa Civil e assumira o cargo em março para a petista disputar a Presidência. — Na medida em que têm oportunidade, as pessoas estão aqui para prestar serviço à sociedade. Se alguém acha que pode chegar aqui e se servir, cai do cavalo, porque a pessoa pode me enganar um dia, mas não engana todo mundo todo dia. E, quando acontece, a pessoa perde — disse Lula, em entrevista ao portal Terra.
Segundo Lula, não foi a pressão da oposição que derrubou Erenice, mas os indícios de que ela teria errado no cargo: — O que aconteceu com a Erenice é que ela jogou fora uma chance extraordinária de ser uma grande funcionária pública deste país — disse ele. As denúncias sobre tráfico de influência na Casa Civil foram publicadas pela imprensa. Após sair na mídia, com depoimentos e documentos, é que o Planalto demitiu Erenice.
Lula falou ainda da relação entre imprensa e política, das críticas da oposição e do ex-presidente Fernando Henrique, de sua participação na campanha de Dilma Rousseff (PT) e da necessidade de cautela até a eleição. Citando o ex-prefeito de São Paulo Cláudio Lembo (DEM), Lula disse que os meios de comunicação deveriam anunciar seus candidatos e partidos.
Procurador investigará contrato da EBC
A Empresa Brasil de Comunicação (EBC) terá de dar explicações ao Ministério Público junto ao Tribunal de Contas da União (TCU) sobre a contratação, por R$ 6,2 milhões, da empresa que emprega Cláudio Martins, filho do ministro Franklin Martins (Secretaria de Comunicação Social). Em ofício enviado ontem à estatal, que administra a TV Brasil, o procurador Marinus Marsico requisitou toda a documentação sobre a licitação, feita a toque de caixa em dezembro.
O pedido foi enviado à presidente da EBC, Tereza Cruvinel. A estatal terá dez dias úteis para dar informações sobre a concorrência, além de providenciar cópia do contrato, eventuais termos aditivos e a lista dos pagamentos à Tecnet Comércio e Serviços, da qual Cláudio seria representante. A estatal informa que já repassou R$ 1 milhão.
O objetivo é apurar os motivos da pressa sem que houvesse verba prevista no Orçamento da União, diz Marsico. Será investigado ainda se Cláudio participou de alguma etapa da concorrência, o que feriria os princípios da moralidade e da impessoalidade na administração pública. — Caso se constate irregularidade, vamos representar ao TCU para que instaure processo, apure responsabilidades e calcule eventual prejuízo ao erário. A EBC está subordinada a Franklin Martins, que chefia o Conselho de Administração e dá aval à sua política de investimentos.
Consultor confirma que pagou por lobby
O consultor Fábio Baracat afirmou ontem, em depoimento na Polícia Federal, que contratou os serviços de Israel Guerra, filho da ex-ministra Erenice Guerra, para facilitar a obtenção de uma licença na Agência Nacional de Aviação Civil (Anac) para a empresa de transporte aéreo de carga Master Top Airline. A licença permitiu a renovação do contrato da Master Top com os Correios, estatal que estava sob influência direta de Erenice. O consultor disse que pagou cerca de R$ 200 mil pelos serviços do filho da ex-ministra.
Baracat confirmou ainda encontros com Erenice, mas negou que ela tenha interferido nos negócios dele com Israel. — Ele disse que se encontrou com ela. Mas foi encontro social. Não se tratou de negócio. Ele não pediu nada a Erenice — afirmou o advogado Douglas Silva Telles, que acompanhou Baracat durante o interrogatório.
PT e UNE deixam de ir a ato contra mídia
O “Ato contra a mídia golpista”, convocado por centrais sindicais e dirigentes petistas após o presidente Lula atacar a imprensa, reuniu cerca de 400 pessoas no Sindicato dos Jornalistas de São Paulo ontem e se tornou um misto de plenária social com comício pró-candidatura da petista Dilma Rousseff. À exceção do presidente do PCdoB, Renato Rabelo, o evento não atraiu nenhum presidente de centrais sindicais — que mandaram representantes — ou de partidos políticos. Rabelo acusou grandes veículos de comunicação brasileiros de organizarem uma “conspiração” contra Dilma Rousseff. A grande imprensa foi atacada e acusada de ter “saudade” da ditadura.
— Eles achavam que o candidato deles, José Serra, é que ia ganhar a eleição porque começou disparado. Quando perceberam que o povo votava contra tucanos e José Serra, começaram então a produzir factóides contra a candidata Dilma Rousseff — disse Rabelo. O PCdoB, de Rabelo, é um dos partidos da coligação que apoia a candidatura de Dilma. — O que eles querem mesmo não é simplesmente uma tentativa golpista de impedir o favoritismo de Dilma Rousseff. Eles vão além. É conspiração! É golpismo e conspiração! — disse Rabelo.
Representando o PSB, a deputada Luiza Erundina (SP) afirmou que a imprensa tem uma reação “irada” e “macarthista”, em referência à perseguição contra comunistas realizada pelo senador norte-americano McArthur nos anos 50.
Ministro rebate crítica de autoritarismo
Escalado pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva para conversar com jornalistas ontem em Maringá, no Paraná, o ministro do Planejamento, Paulo Bernardo, afirmou que é “conversa fiada” as denúncias de que o governo é autoritário na relação com a imprensa. — Isso é conversa fiada.
Acho que tem gente que não quer dizer que está apoiando a oposição e fica arrumando esse tipo de argumento. Acho que seria mais honesto publicar um editorial e dizer: “Olha, o nosso candidato é tal. Nós queremos apoiar tal candidato.” E tirar a máscara. Ficar querendo se esconder atrás da defesa da democracia… Nós sempre defendemos a democracia. Quer dizer, nós não somos democratas e quem é contra nós é democrata? É muito esquisito esse tipo de comportamento — criticou o ministro.
Paulo Bernardo lembrou que, nos Estados Unidos, o jornal “New York Times” publicou editorial na primeira página para anunciar que apoiaria uma candidatura, e que Lula tem dito que no Brasil alguns veículos de comunicação querem se transformar em partidos políticos. — O que ele (Lula) fala sobre a imprensa é que tem alguns órgãos de imprensa que querem se transformar em partidos políticos.
Desemprego cai e renda sobe
O mercado de trabalho brasileiro está no melhor momento dos últimos oito anos. Em agosto, a taxa de desemprego das seis principais regiões metropolitanas do país surpreendeu analistas e atingiu 6,7% — abaixo de 6,9% de julho e de 8,1% de igual mês do ano anterior. Trata-se da menor taxa apurada desde que o IBGE iniciou a Pesquisa Mensal de Emprego (PME), em março de 2002. E os ganhos dos trabalhadores também foram recorde: o rendimento médio está em R$ 1.472,10, numa alta de 1,4% frente a julho e de 5,5% em relação a agosto de 2009. Segundo economistas, os números do mercado de trabalho apontam para novas quedas na desocupação que, contudo, podem pressionar a inflação.
— Os números apontam para um cenário econômico com dinamismo. Mais 115 mil pessoas passaram a fazer parte dos ocupados em agosto, frente a julho. Na comparação com agosto do ano passado, foram quase 700 mil. Mais gente está trabalhando e o vigor de antes da crise voltou — disse Cimar Azeredo, gerente da PME, frisando que o destaque foi São Paulo, com desocupação de 6,8%, a menor da série.
Ainda que os desempregados somem 1,6 milhão de pessoas, os números mostram que o mercado de trabalho ganha qualidade. Dos ocupados, 46,2% são empregados com carteira — estabilidade frente a julho e avanço ante agosto de 2009 (44,5%). Das 691 mil vagas abertas entre agosto de 2009 e mês passado, 685 mil são com carteira assinada.
Membros do MTST invadem Ministério das Cidades
Cerca de 300 manifestantes do Movimento dos Trabalhadores Sem Teto (MTST) invadiram ontem o prédio do Ministério das Cidades para protestar contra o despejo de famílias de áreas públicas e privadas nas cidades sede da Copa do Mundo de 2014. Eles permaneceram até as 16 horas reunidos no auditório do ministério, esperando o resultado das negociações. Segundo os coordenadores do movimento, as famílias estão sendo despejadas e até agora os governos estaduais e federal não apresentaram um plano de realocação.
Os manifestantes do MTST pediram providências para impedir o despejo ou estruturar um plano de regularização fundiária no Distrito Federal e em quatro estados: São Paulo, Minas Gerais, Pará e Amazonas. De acordo com um dos coordenadores do movimento, Zezito Alves, o ministério se comprometeu a analisar cada caso e negociar uma solução de moradia para as famílias despejadas com governos estaduais e prefeituras.
Santos desfecha golpe nas Farc
No que classificou como o golpe mais forte da História do país contra as Forças Armadas Revolucionárias Colombianas (Farc), o governo colombiano anunciou ontem a morte de Jorge Briceño, mais conhecido como Mono Jojoy, número dois da guerrilha e chefe militar do grupo. Abaixo apenas do líder Alfonso Cano, Mono Jojoy, símbolo da linha-dura das Farc, era procurado no país há mais de 20 anos. O Departamento de Estado dos EUA havia, inclusive, oferecido US$ 5 milhões por sua captura — a maior recompensa já proposta por um membro da guerrilha.
O guerrilheiro, de 57 anos, foi morto pelas Forças Armadas durante uma operação aérea batizada de Sodoma — porque, segundo o ministro da Defesa, Rodrigo Rivera, “chegou ao coração da maldade das Farc”. O ataque foi a primeira grande ofensiva de Juan Manuel Santos contra a guerrilha desde que assumiu a Presidência, há um mês e meio, e já é considerado sua maior vitória política e militar.
Jornal da Índia e Volkswagen lançam 1º anúncio sonoro
Os leitores do jornal indiano “Times of India” levaram um susto nesta terça-feira, ao folhear a edição impressa do matutino. Uma mensagem sonora foi ativada ao abrirem as páginas onde fora publicado o anúncio do Vento, o novo modelo da Volkswagen. De acordo com reportagem sobre o assunto do próprio “Times of India”, alguns leitores chegaram a ficar em choque, diante da novidade.
O primeiro anúncio mundial falante, uma criação do jornal indiano e da Volkswagen, veio com um dispositivo de áudio, que toca uma mensagem pré-gravada sobre o novo modelo da montadora, no momento em que os leitores abrem as quatro páginas especiais com o conteúdo publicitário.
“Milhares de leitores em seis cidades reagiram com surpresa, deslumbramento e até mesmo choque ao descobrir o som saindo das páginas de seu jornal matinal, à medida que o folheavam”, registrou nesta terça-feira o “Times” indiano em sua edição on-line.
Greve contra reforma na aposentadoria paralisa a França
Trabalhadores de diversos setores da França cruzaram os braços, nesta quinta-feira, para pressionar o governo a recuar na sua intenção de aumentar a idade mínima para aposentadoria de 60 para 62 anos. Centenas de milhares de franceses tomaram as ruas por todo o país, em mais de duzentas passeatas. A greve geral parou aeroportos, trens e escolas. Jornais também não circularam.
Foi a segunda greve organizada pelos principais sindicatos do país no mês de setembro. No último dia 7, cerca de 2 milhões de trabalhadores (segundo os sindicatos) ou 1 milhão (segundo autoridades) paralisaram o trabalho para protestar contra as reformas propostas pelo presidente Nicolas Sarkozy.
Igreja Católica indenizará vítimas de abusos na Alemanha
A Igreja Católica da Alemanha anunciou nesta quinta-feira que vai pagar indenizações a vítimas de abusos cometidos por padres, num valor ainda não determinado. – O número de vítimas que já pediram compensação financeira é muito baixo – disse a jornalistas Robert Zollitsch, presidente da Conferência Episcopal Alemã, após uma reunião com bispos de todo o país. – Isso poderá mudar quando se souber que há um tipo de assistência ou reconhecimento financeiro – completou.
Enquanto Zollitsch falava, cerca de 100 manifestantes se reuniram diante da catedral de Fulda para pedir reformas e um reconhecimento mais claro dos abusos por parte da Igreja. – É difícil compensar algo assim , mas estamos prontos para contribuir financeiramente, no sentido de pagar pela terapia, e também como uma admissão (de culpa) – continuou Zollitsch.
FOLHA DE S.PAULO
Lula responsabiliza Erenice e diz que ela perdeu chance de ser “grande funcionária”
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva afirmou, em entrevista veiculada ontem pelo portal “Terra”, que a ex-ministra da Casa Civil Erenice Guerra jogou fora a chance de ser “uma grande funcionária pública no país”. Foi a declaração mais enfática de Lula responsabilizando a sucessora de Dilma Rousseff pelas acusações de tráfico de influência.
“Se alguém acha que pode chegar aqui e se servir, sabe, cai do cavalo. Porque a pessoa pode me enganar um dia, pode me enganar, sabe, mas a pessoa não engana todo mundo todo tempo. E quando acontece, a pessoa perde”, disse Lula ao portal. “O que aconteceu com a Erenice é que ela jogou fora uma chance extraordinária de ser uma grande funcionária pública deste país.”
Até então, Lula vinha insistindo na tese de que não haveria provas e responsabilizando a imprensa pelas acusações. Ao “Terra”, Lula repetiu os ataques à imprensa. “A imprensa brasileira deveria assumir categoricamente que ela tem um candidato e tem um partido. Seria mais simples, mais fácil. O que não dá é para as pessoas ficarem vendendo uma neutralidade disfarçada”, afirmou.
STF racha e não decide sobre Ficha Limpa
Por conta de um impasse no julgamento sobre a Lei da Ficha Limpa, os ministros do Supremo Tribunal Federal suspenderam a sessão na madrugada de hoje sem tomar decisão sobre o caso. Depois de dois dias e mais de 15 horas de sessão, terminou em 5 a 5 a análise de um recurso de Joaquim Roriz (PSC) contra decisão do Tribunal Superior Eleitoral que vetou sua candidatura ao governo do Distrito Federal.
Leia mais no Congresso em Foco: Supremo decide não decidir sobre Ficha Limpa
“Vamos esperar para ver o que vamos decidir”, disse o presidente do Supremo, ministro Cezar Peluso. Não há prazo para que o tribunal volte a analisar o recurso, o que poderá acontecer após a nomeação de um novo ministro pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva, ou se os atuais membros da corte encontrarem alguma solução para o impasse.
Os ministros chegaram a dizer que deverão voltar a se reunir antes da diplomação dos vencedores, mesmo se o novo nome ainda não tiver sido escolhido para a vaga de Eros Grau, que se aposentou. Uma sessão extraordinária foi convocada para segunda-feira, mas ainda não está definido se a Lei da Ficha Limpa voltará a ser analisada.
Namorada de filho de ex-ministra também tem cargo no governo
A namorada de um dos filhos de Erenice Guerra, ex-ministra da Casa Civil, também conseguiu emprego no governo federal. Trata-se de Priscila Loreta Vaz Silva, namorada de Saulo Guerra, filho de Erenice e sócio da firma de lobby Capital Consultoria, envolvida no caso que provocou a saída da ministra do governo.
Priscila foi nomeada em novembro de 2009, após começar a namorar Saulo, e ganha R$ 3.000 do Ministério da Aquicultura e Pesca para fazer “serviços administrativos diversos”. É o quinto caso conhecido de parentes e pessoas próximas a familiares de Erenice no governo.
Juíza aceita denúncia contra 60 por fraudes em Dourados
A Justiça de Mato Grosso do Sul aceitou a denúncia (acusação formal) contra 60 acusados de integrar esquema de superfaturamento de obras e pagamento de propinas a políticos de Dourados. A aceitação da denúncia marca o início do processo judicial, em que os réus poderão se defender das acusações do Ministério Público até o julgamento.
Entre os denunciados estão familiares do prefeito Ari Artuzi (expulso do PDT), vereadores, assessores e donos de empreiteiras contratadas pela prefeitura. A decisão é da juíza Dileta Terezinha de Souza Thomaz, da 1ª Vara Criminal de Dourados. Artuzi continua preso em Campo Grande e, por dispor de foro privilegiado, aguarda o Tribunal de Justiça se manifestar se acata ou não a denúncia da Procuradoria. O Operação Uragano da Polícia Federal prendeu 28 pessoas em 1º de setembro.
Deputado já esclareceu vídeo, diz governador
O governador de Mato Grosso do Sul, André Puccinelli (PMDB), disse ontem que o deputado estadual Ary Rigo (PSDB) já esclareceu o conteúdo do vídeo gravado e divulgado pela internet indicando um suposto esquema de “mensalão” no Estado. Segundo ele, os repasses citados se referem à devolução ao governo prevista na Lei da Transparência. As gravações foram feitas pelo secretário de Governo de Dourados, Eleandro Passaia, que participou de investigações da Polícia Federal.
Também primeiro-secretário da Assembleia Legislativa, Rigo fala sobre repasses de valores para o governador Puccinelli, o Ministério Público e desembargadores do Tribunal de Justiça. O governador declarou que a devolução é prevista em lei, feita pelos Poderes e o Ministério Público.
“A única coisa que tenho na minha vida é a credibilidade adquirida ao longo de 62 anos de vida na rigidez, na sinceridade e, às vezes, até na rudeza e na aspereza do trato para com as pessoas”, afirmou, em entrevista à TV Morena, filiada da TV Globo no Estado.
Computador do Ministério Público é furtado
Um computador do Ministério Público Estadual foi furtado na madrugada de ontem de dentro da sede do órgão, em Campinas (93 km de SP). O aparelho armazenava informações sigilosas sobre as investigações de suposta organização criminosa suspeita de fraudar licitações públicas.
O computador estava na sala do Gaeco (Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado), responsável pelas investigações do caso. O prédio do Ministério Público foi invadido pelos fundos e a sala do Gaeco foi arrombada. Segundo os promotores, a sede da Promotoria tem vigias e ainda não se sabe como os criminosos conseguiram entrar no local sem serem notados.
A suposta organização criminosa investigada agia em três Estados (São Paulo, Minas Gerais e Tocantins) e em pelo menos onze cidades do interior de São Paulo, segundo as investigações do Ministério Público de São Paulo. Segundo as investigações, a suposta organização já fraudou pelo menos R$ 615 milhões.
Lula autoriza governo a indenizar família de agricultor morto
O presidente Lula autorizou o pagamento de indenização à família do agricultor Sétimo Garibaldi, 52, morto por milicianos durante tentativa de despejo em um acampamento do MST em Querência do Norte (PR), em 1998. Trata-se do cumprimento de sentença da Corte Interamericana de Direitos Humanos, que condenou o governo brasileiro por não responsabilizar os envolvidos no crime.
A autorização foi publicada ontem no “Diário Oficial da União”. A mulher de Garibaldi, Iracema, e os seis filhos do casal receberão US$ 179 mil – cerca de R$ 306 mil. Foi a terceira vez que o Estado brasileiro foi condenado na corte e a segunda que envolve crimes contra trabalhadores rurais sem-terra no PR.
Secretário de SP organiza evento contra ataques
O secretário de Relações Institucionais do governo paulista, Almino Affonso, organiza um ato ao mesmo tempo de repúdio às declarações críticas à imprensa feitas nos últimos dias pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva e em favor do candidato tucano, José Serra. A manifestação ocorrerá na quarta-feira na praça da República, no centro de São Paulo. Foram convidados políticos e advogados que assinaram o “Manifesto em Defesa da Democracia”, lançado anteontem, em ato no Largo São Francisco, em frente à Faculdade de Direito da USP, em São Paulo.
Entre os signatários do manifesto de anteontem estão o arcebispo emérito de São Paulo, dom Paulo Evaristo Arns, o ex-presidente do Supremo Tribunal Federal Carlos Velloso, os cientistas políticos Leôncio Martins Rodrigues e José Arthur Gianotti, os atores Carlos Vereza e Mauro Mendonça, o presidente nacional do PPS, Roberto Freire, além de quatro ex-ministros da Justiça, entre outros. O texto do manifesto foi lido no ato pelo advogado Hélio Bicudo, que foi um dos fundadores do PT e deixou o partido depois da crise do mensalão, em 2005.
Escândalos não são citados em evento da CNBB
Em um debate marcado pelo engessamento das regras e sem menção a escândalos, Dilma Rousseff (PT), José Serra (PSDB), Marina Silva (PV) e Plínio de Arruda Sampaio (PSOL) participaram ontem de um encontro promovido por entidades ligadas à Igreja Católica. Os poucos momentos acalorados se resumiram a aborto e corrupção. Dilma disse que não permitirá “fichas-sujas” no governo.
Sobre o aborto, voltou a dizer que é contra. Marina também se disse contra, mas defendeu plebiscito. Devido às regras, Serra não pode falar sobre esses dois temas, mas patrocinou momentos de ataque. Disse não ser “cristão de véspera de eleição”, em referência a antigas declarações de Dilma de que tinha dúvidas sobre a existência de Deus.
PSOL retira candidato para ajudar Paim
O PSOL do Rio Grande do Sul retirou uma de suas candidaturas ao Senado e agora pedirá o segundo voto para senador Paulo Paim (PT). A executiva estadual do partido anunciou ontem que o professor Luiz Carlos Lucas não vai mais disputar a eleição, mantendo Berna Menezes como única candidata do PSOL ao Senado. O apoio ao petista, dizem dirigentes do PSOL, é devido a sua atuação contra o fator previdenciário. Segundo o Datafolha, Ana Amélia Lemos (PP) tem 49%; Paim, 45%; e Germano Rigotto (PMDB), 38%.
Cid e Alcântara batem boca em debate no CE
O governador do Ceará e candidato à reeleição, Cid Gomes (PSB), e o ex-governador Lúcio Alcântara (PR) trocaram pesadas acusações ontem, durante o debate promovido pela Folha e pela RedeTV!, em Fortaleza, com candidatos ao governo. Os ataques ocorreram no segundo bloco, com perguntas entre os candidatos. No primeiro, todos responderam à mesma questão, feita pelo mediador, o repórter especial da Folha e apresentador da RedeTV!, Kennedy Alencar. O tema foi o combate ao turismo sexual.
Questionado por Alcântara sobre quem pagou viagem de jatinho que o governador fez com a família ao exterior, Cid disse que não tinha “respeito” pelo ex-governador e o acusou de montar “um covil de ardilosos” para forjar denúncias contra ele. “Nunca fiz apropriação indébita”, disse Cid. “Se estiver procurando isso, procure na sua casa, que vai ter mais facilidade”, declarou, insinuando a participação de um filho de Alcântara em irregularidades administrativas. O ex-governador obteve direito de resposta e afirmou que sua pergunta ficou sem resposta.
Richa leva a mãe professora à TV depois de desentendimento com educadores
Após chamar de “laranjas podres” um grupo de professores que apoia o candidato do PDT ao governo do Paraná, Osmar Dias, tucano Beto Richa apareceu no programa eleitoral ao lado de sua própria mãe para mostrar apreço pelos professores. O objetivo foi tentar deter a exploração que Osmar está fazendo do episódio, quando Richa se referiu a educadores que ocupam cargos de confiança no atual governo como “laranjas podres” sem relação com os demais integrantes da categoria.
No programa, Richa apareceu ao lado da mãe, que já foi professora, e chamou as críticas de “boato maldoso, mentiras e calúnias”. “Me referi a pessoas de cargos comissionados a serviço do meu adversário e que promoviam calúnias a meu respeito”, declarou Richa, para, ao lado da mãe, dizer: “Jamais ofenderei a minha mãe Arlete, também professora”.
Debate da Globo terá papel decisivo, avaliam partidos
Petistas e tucanos avaliam que o debate da TV Globo, agendado para a próxima quinta-feira, terá papel decisivo para determinar se a eleição presidencial terá ou não segundo turno. Depois de quase dar como perdida a eleição, o PSDB avalia que basta Dilma Rousseff (PT) perder mais dois pontos nas pesquisas para que o debate ganhe caráter de definição da eleição.
Entre tucanos, a maior preocupação não está no conteúdo, mas na forma. Serra treinará para ser mais objetivo, concluindo suas respostas dentro do tempo fixado pela emissora. O comando da campanha de Dilma, do seu lado, vai lançar uma ofensiva na próxima semana para tentar recuperar os pontos perdidos nos últimos dias e chegar ao debate numa situação confortável, evitando pressões sobre a candidata.
Costa nega envolvimento no escândalo dos Correios
Candidato do PMDB ao governo de Minas, Hélio Costa se eximiu da responsabilidade pela crise nos Correios e disse que, embora as indicações para a estatal sejam feitas pelo Ministério das Comunicações -comandado por ele até março-, é a Casa Civil que as avaliza. “Quem faz a indicação é o ministério… que faz a representação política [inaudível] da institucionalidade, e é submetido à Casa Civil”, afirmou, em debate Folha/RedeTV! anteontem. Costa disse não ter responsabilidade pela crise na estatal, que começou com má gestão e se agravou após o envolvimento de diretores em lobby com a ex-ministra da Casa Civil Erenice Guerra.
O ESTADO DE S. PAULO
Lula rebate acusação de autoritarismo
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva voltou a fazer duras críticas à imprensa, rebateu acusações de autoritarismo e reafirmou seu papel de líder partidário simultâneo ao de chefe de Estado, em entrevista concedida ao portal Terra, divulgada ontem. Lula sugeriu que a imprensa “deveria assumir categoricamente” que tem candidato e partido, deixando de “vender uma neutralidade disfarçada”. Questionado sobre ataques feitos anteriormente à imprensa, Lula disse duvidar “que exista um país na face da Terra com mais liberdade de comunicação do que neste País, da parte do governo”.
“A verdade é que nós temos nove ou dez famílias que dominam toda a comunicação do País. A verdade é essa. A verdade é que você viaja pelo Brasil e você tem duas ou três famílias que são donas dos canais de televisão. E os mesmos são donos das rádios e os mesmos são donos dos jornais”, disse o presidente.
Para ele, “muita gente” não teria gostado do fato de seu governo ter distribuído os recursos para publicidade para imprensa entre vários Estados. “Hoje, o jornalzinho do interior recebe uma parcela da publicidade do governo.” Segundo Lula, “muitas vezes uma crítica que você recebe é tida como democrática e uma crítica que você faz é tida como antidemocrática”. “Ou seja, como se determinados setores da imprensa estivessem acima de Deus e ninguém pudesse ser criticado.”
Lula disse que, independentemente de quem seja o futuro presidente, um novo marco regulatório de telecomunicações precisa ser discutido. “As pessoas, em vez de ficarem contra, deveriam participar, ajudar a construir, porque será inexorável”, afirmou. “Discutir isso é uma necessidade da nação brasileira. Uma necessidade dos empresários, dos especialistas, dos jornalistas, ou seja, de todo o mundo, para ver se a gente se coloca de acordo com o que nós queremos de telecomunicações para o futuro do País.”
Entidades e partidos criticam ‘golpismo midiático’ e defendem controle social da mídia
Em ato realizado no Sindicato dos Jornalistas Profissionais no Estado de São Paulo nesta quinta-feira, 23, partidos e entidades criticaram o que chamam de ‘golpismo midiático’ e defenderam o ‘controle social’ da mídia. Estiveram presentes ao ato representantes da coligação que apoia a candidata Dilma Rousseff (PT) e de centrais sindicais, além de outras entidades.
Representando o PSB, a ex-prefeita de São Paulo, Luiza Erundina, que foi ovacionada pelos presentes, acusou Macartismo na imprensa e afirmou que “o controle social terá que acontecer”. “É o estado que faz a outorga, a sociedade vai ter o controle”, afirmou. Para ela, o ‘golpismo midiático’ se explica porque “deu certo o governo do primeiro presidente operário e porque vamos eleger a primeira mulher presidente do Brasil”. E acrescenta “vamos ficar vigilantes, eles vão tentar tudo.”
Altamiro Borges, que preside Centro de Estudos de Mídia Independente Barão de Itararé, entidade que organizou o ato, esclareceu confusão que teria ocorrido na divulgação do evento. Segundo ele, o ato não foi contra a mídia. Segundo ele, parte da imprensa (os debatedores, em geral, citavam o Estado, a Globo, a Folha e a Abril), faz uma cobertura ‘enviesada’ “Claro que tem que apurar o caso da Erenice Guerra, mas não falam dos problemas da filha do Serra. Porque isso não dá manchete?”, diz referindo-se à denúncia feita pela revista Carta Capital, que acusa Verônica Serra de ter violado o sigilo bancário de 60 milhões de brasileiros.
PT entra com ação contra Serra por divulgação de vídeos agressivos
A campanha de Dilma Rousseff entrou nesta quinta-feira, 23, com ação no Tribunal Superior Eleitoral (TSE) contra a coligação “O Brasil Pode Mais” – do candidato tucano José Serra. A motivação para a medida é uma série de vídeos publicados nesta quinta na internet – e feitos a pedido da campanha do PSDB – que, em tom agressivo, acusam o PT de ser “o partido que não gosta da imprensa” e que “ataca seus adversários e a família dos seus adversários”. Na ação, os advogados de Dilma pedem liminar para retirar o vídeo do ar e impedindo o PSDB de exibi-lo na mídia tradicional. De acordo com a assessoria jurídica da petista, a coligação teria, ainda, solicitado à Polícia Federal que investigue o caso. O mesmo pedido foi feito ao Ministério Público, de acordo com o site de Dilma.
“É de fácil verificação que o vídeo não tem o condão de criticar a adversária com a finalidade de debater ou discutir propostas de governo antagônicas ou diversas – o que é aceito de forma irrestrita no embate eleitoral. Trata-se de evidente e absurda ofensa à dignidade da candidata Dilma Rousseff e de seu partido, em desacordo com a legislação vigente, pois ofensiva, degradante e falsa”, diz a ação protocolada no TSE.
No mais agressivo dos vídeos, um sósia do presidente Luiz Inácio Lula da Silva aparece segurando quatro cães da raça rottweiler, que latem ferozmente em direção à câmera. Um locutor diz: “Lula fez coisas boas pelo País. A melhor delas foi não deixar o PT mandar no seu governo”. E conclui: “Lula conseguiu segurar, mas e a Dilma? Será que ela vai ter força para segurar o PT?”
‘A gente não tem que se inquietar’, diz Dilma sobre pesquisa
A candidata do PT à Presidência da República, Dilma Rousseff, disse há pouco, em Brasília, que a queda de 5 pontos porcentuais de sua posição em relação aos demais candidatos, segundo pesquisa Datafolha, divulgada na quarta-feira, 23, está dentro da margem de erro. “Faltam dez dias. Está muito perto. Vamos aguardar. A gente não tem que se inquietar”, disse Dilma, na saída de encontro com representantes da Confederação Nacional de Saúde.
Sobre os atos de apoio e crítica à imprensa, Dilma disse que não é contra nenhum tipo de manifestação como a ocorrido na quarta-feira, em Defesa da Democracia, em São Paulo e aquela previsto para hoje, também em São Paulo, contra a chamada “imprensa golpista”, segundo seus organizadores (PT, centrais sindicais e partidos da base aliada).
“Nós temos que conviver com eles (atos). Não vou desautorizar nenhum”, afirmou. Dilma disse que não vê a democracia do Brasil em risco e voltou a afirmar que política não pode ser feita com ódio. “Ódio é como droga. Você vicia. É fácil entrar e difícil sair”, comparou. Em rápida entrevista coletiva a petista comemorou o índice de 6,7% na taxa de desemprego no País, em agosto, segundo dados divulgados pelo IBGE. Segundo ela, o número indica que o Brasil está em situação de “praticamente pleno emprego”.
Peemedebistas de São Paulo declaram voto a Dilma e Temer
Alinhados aos tucanos em São Paulo, parlamentares do PMDB paulista assinaram ontem manifesto de apoio à candidatura de Dilma Rousseff (PT) à Presidência e a Michel Temer (PMDB) para a vice. O documento conta com assinaturas de três dos quatro deputados estaduais Jorge Caruso, Baleia Rossi e Uebe Rezeck e o único federal além de Temer, Francisco Rossi. Segundo o deputado estadual Jorge Caruso, vice-presidente do PMDB de São Paulo e um dos que subscrevem o apoio a Dilma, a bancada paulista ainda não tinha se manifestado oficialmente sobre a disputa nacional.
“O (Orestes) Quércia deu orientação no sentido de apoiarmos o (José) Serra, mas sempre defendemos as coligações oficiais do PMDB, em São Paulo com Geraldo Alckmin (PSDB) e Aloysio Nunes (PSDB) e a nacional com Michel Temer”, explica Caruso. “Não poderíamos ir contra uma decisão da Executiva Nacional do PMDB”, justifica o deputado, referindo-se à decisão do partido de coligar-se nacionalmente com o PT e Dilma.
A manifestação da bancada ocorre semanas após o mentor da aliança com o PSDB e presidente do PMDB paulista, Orestes Quércia, ter se ausentado da disputa eleitoral ao Senado por motivos de saúde. Os parlamentares paulistas afirmam que Quércia “sempre respeitou as posições individuais”. “O Quércia sabe a postura de cada um e também está ciente da questão nacional”, reitera Jorge Caruso.
Serra se diz confiante de que haverá 2º turno
A diminuição da vantagem da candidata do PT, Dilma Rousseff, deu mais confiança aos tucanos, que agora têm esperança de que haverá segundo turno, embalado pela reação de Marina Silva (PV) e pelo estancamento na queda de José Serra (PSDB) nas pesquisas. Um dia após a divulgação do Datafolha, que mostrou a queda de cinco pontos porcentuais na vantagem de Dilma em relação aos adversários, Serra disse estar confiante com o resultado do dia 3 de outubro. “Estarei no segundo turno. Disso eu tenho uma enorme confiança, independentemente de pesquisas”, declarou ontem em Sinop (MT).
Para os tucanos, a pesquisa, embora menos otimista que os números que o comando da campanha tem em mãos, reforça a tendência de um segundo turno entre Serra e Dilma – as avaliações são feitas com base nas pesquisas qualitativas diárias com grupos de eleitores em sete Estados, encomendadas pelo PSDB.
Diferentemente das análises predominantes no cenário político, os principais integrantes da campanha dizem que os números existentes não são suficientes para bancar a tese de que a alteração no cenário se deu em razão das denúncias de quebra de sigilo fiscal de pessoas ligadas ao PSDB ou das notícias de tráfico de influência na Casa Civil. Na avaliação dos principais assessores de Serra, é mais provável que Dilma tenha oscilado negativamente por estar muito apoiada em Lula. Já Marina sobe, “e vai subir mais”, por não se meter na disputa PT e PSDB.
PT faz ofensiva final com Lula no RS
A uma semana e meia da eleição, a Unidade Popular pelo Rio Grande, coligação que reúne o PT, o PSB, o PC do B e o PR, decidiu ampliar a mobilização para a reta final da campanha, antecipando ações que estavam previstas para o segundo turno. A ordem é expor ainda mais as imagens das candidaturas de Dilma Rousseff para a presidência da República e de Tarso Genro para o governo do Rio Grande do Sul, organizar comícios e levar prefeitos para as portas de fábricas e mais militantes para as ruas.
Tudo porque na corrida estadual também surgiu a perspectiva de vitória no primeiro turno. Assegurar a vantagem demonstrada nas pesquisas e conquistar os dois ou três pontos porcentuais que faltam pode ser mais fácil para o PT agora do que numa segunda rodada no Estado, quando as demais forças tendem a se unir para impor derrotas ao partido, como ocorreu em 1994, 2002 e 2006.
Nesta semana, a candidatura de Tarso anunciou uma mobilização de prefeitos, convocados a organizar 200 atos de campanha até o dia da eleição, e a exibição de fotos do presidente Lula, em recorte e tamanho natural, segurando um cartaz com os nomes que ele apoia. Sete prefeitos da Grande Porto Alegre atenderam ao chamado imediatamente e se juntaram a Tarso para distribuir panfletos nas estações do trem metropolitano ao amanhecer de quarta-feira, antes do expediente.
Empresário confirma à PF pagamento por lobby de filhos de Erenice
Em depoimento que durou mais de seis horas nesta quinta-feira, 23, na Polícia Federal, o empresário Fábio Baracat deu informações que ajudam a montar o quebra-cabeças em torno do esquema de tráfico de influência montado na Casa Civil da Presidência da República pela família da ex-ministra Erenice Guerra, afastada do cargo na semana passada. Foi ele quem denunciou à revista Veja um esquema que consistia em cobrar “comissão de sucesso” de 5% sobre cada negócio obtido junto aos Correios em favor da empresa de transportes aéreos MTA.
Baracat reafirmou o teor da entrevista e deu recibos de pagamentos para provar que, na condição de representante da MTA, manteve contrato com a empresa Capital Assessoria, controlada por filhos de Erenice, para obtenção de negócios nos Correios. Os recibos, anexados ao inquérito da PF, mostram pagamentos mensais de R$ 20 mil, por um período de seis meses, totalizando R$ 120 mil. O delegado Roberval Vicalvi, encarregado da investigação, pediu evidências que caracterizem o pagamento da “comissão de sucesso” que Baracat teria acertado com Israel, filho de Erenice e principal operador do esquema.
Com a ajuda dos filhos de Erenice, a MTA conseguiu contratos no montante de R$ 60 milhões na estatal, um deles sem licitação. O empresário confirmou um encontro mantido com a ex-ministra, intermediado por Israel, mas disse que foi de natureza “social” e negou que ela tenha tratado de negócios ou demonstrado qualquer atitude que indicasse ter conhecimento do lobby dos filhos, conforme relato do seu advogado Douglas Silva Telles. “Ele disse que foi uma reunião meramente social e nada se discutiu relacionado a contratos ou negócios com o governo”, enfatizou.
Amigo de Peluso, advogado de Roriz fala sem ser interrompido
O advogado de Joaquim Roriz, Pedro Gordilho, fazia a sustentação no Supremo Tribunal Federal (STF) no julgamento da Lei da Ficha Limpa. Teria 15 minutos para defender os argumentos de seu cliente. Amigo pessoal do presidente do STF, Cezar Peluso, Gordilho correu risco. Os 15 minutos se aproximavam, mas Peluso estava de cabeça baixa quando o tempo estourou. Na semana passada, aos 14 minutos da sustentação de um advogado, o presidente do Supremo interrompeu a defesa para dizer “o senhor tem mais um minuto”.
O advogado de Roriz, no entanto, ultrapassou os 15 minutos e continuou falando. Aos 17 minutos da explanação, o secretário da sessão cutucou o presidente. Peluso ainda aguardou uma pausa do advogado e disse que, “infelizmente”, teria de interromper a sustentação, mas lhe garantiu mais um minuto. Assim, Gordilho pôde falar durante 18 minutos.
A interrupção dos debates, segundo reclamações de ministros do Supremo, é uma característica do estilo de Peluso, também criticado por tentar desqualificar os argumentos dos colegas. Um observador das sessões do Supremo Tribunal Federal lembrou: “Nem o ministro Nelson Jobim atravessava tanto a sessão.” E como definem os próprios ministros, que estiveram no STF durante a presidência de Jobim, “ele era um trator”.
É um estilo que um amigo do presidente do tribunal assim define: “O Peluso é juiz há 40 anos e está acostumado a mandar e ser obedecido. Não vai mudar.”
CORREIO BRAZILIENSE
Lula critica ex-ministra
Depois de demitir Erenice Guerra do cargo de ministra da Casa Civil, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva disse que sua ex-subordinada perdeu a chance de se tornar uma grande funcionária pública. Lula deu a entender que a exoneração foi decidida porque havia indícios de tráfico de influência envolvendo familiares da ex-ministra. “As pessoas estão aqui para prestar serviço à sociedade. Se alguém acha que pode chegar e se servir cai do cavalo, porque a pessoa pode me enganar um dia, pode me enganar, mas a pessoa não engana todo mundo ao mesmo tempo. E quando acontece, perde. O que aconteceu com a Erenice é que ela jogou fora uma chance extraordinária de ser uma grande funcionária pública deste país”, afirmou o presidente ao portal Terra.
O pivô da demissão de Erenice foi o filho dela, Israel, que teria atuado dentro do governo para beneficiar empresas. Para intermediar um contrato da MTA Linhas Aéreas com os Correios, a empresa de Israel teria levado uma comissão de R$ 5 milhões. Erenice é suspeita de abrir portas para o lobby do filho. Além disso, surgiram denúncias de empreguismo por parte da ex-ministra, que teria agido para colocar parentes nos governos federal e do DF, além de ter abrigado filhos de amigos na Casa Civil.
O presidente disse ainda que a denúncia não terá efeito negativo na campanha de sua pupila Dilma Rousseff, por enxergar manipulação eleitoral, ainda que a denúncia seja verdadeira. “O povo percebe (quando é manipulado). O povo aprendeu a julgar”, afirmou Lula.
Indecisão do STF deixa candidatos no limbo
Encerrada na madrugada de hoje após quase onze horas de julgamento, a sessão do Supremo Tribunal Federal (STF) que protelou por tempo indeterminado uma definição sobre a validade da Lei da Ficha Limpa nestas eleições coloca reticências na candidatura de Joaquim Roriz (PSC) ao Governo do DF (leia mais nas páginas 23 a 28). Além disso, mantém em aberto a porteira para todos os políticos que ainda apostam no adiamento da validade da legislação para tentar a redenção pelas urnas. Os ministros não condicionaram a retomada da discussão à nomeação do 11º ministro da Corte, ausente desde a aposentadoria de Eros Grau. Com o entendimento guiado pelo empate em cinco votos, permanecem as incógnitas em pelo menos sete estados.
Em tese, permanecem inseridos no cercado eleitoral os condenados Cássio Cunha Lima (PSDB-PB), Expedito Júnior (PSDB-RO), Jackson Lago (PDT-MA), João Pizzolatti (PP-SC), Maria de Lourdes Abadia (PSDB-DF), Marcelo Miranda (PMDB-TO) e Paulo Maluf (PP-SP), além de Paulo Rocha (PT-PA) e Jader Barbalho (PMDB-PA), que entraram no rol dos enrolados por haver renunciado aos mandatos de deputado federal em 2005 e senador em 2001, respectivamente.
Desses candidatos, Lima, Expedito, Lago, Pizzolatti, Maluf, Miranda e Rocha ainda têm uma cartada a usar: o julgamento do TSE. Mesmo assim, manterão o binóculo apontado para o plenário do Supremo. Os sete firmaram defesa pautada em uma não aplicação da lei neste ano. Em alguns casos, tribunais regionais absolveram, em primeira instância, alguns deles (veja quadro). Serão diretamente impactados pela futura decisão do STF Abadia e Jader, que já esgotaram os recursos no TSE e recorreram à corte suprema para manter os registros ao Senado. Outras candidaturas questionadas, mas absolvidas em primeira instância ou por decisões iniciais do TSE, como as de Heloísa Helena (PSol-AL), Ivo Cassol (PPS-RO) e Roseana Sarney (PMDB-MA), se firmam como favoritas, já que dificilmente serão enquadradas na Ficha Limpa.
Dilma: “A eleição vai ser muito boa”
Embora não economize nas recomendações para que a equipe de campanha evite “subir no salto alto”, a candidata petista à Presidência, Dilma Rousseff, já dá, nas entrelinhas, as eleições de 3 de outubro como favas contadas. Ela afirmou ontem que a margem de vantagem que detém nas pesquisas é confortável e não pode ser revertida em nove dias. “Está muito perto. Vocês podem ter certeza que a eleição vai ser muito boa para nós”, disse.
A aparente confiança é explicitada exatamente no momento em que uma pesquisa divulgada pelo Datafolha indicou queda de 12 para sete pontos na vantagem de Dilma em relação à soma dos outros concorrentes. A ameaça cada vez maior de um segundo turno surge depois das acusações de tráfico de influência envolvendo Erenice Guerra, ex-assessora direta da petista e ex-ministra da Casa Civil, mas a candidata minimizou o levantamento. “É um resultado dentro da margem de erro.”
Na reta final do primeiro turno, o deputado Antônio Palocci (PT-SP), homem forte da coordenação de campanha da presidenciável, acompanhou Dilma ontem durante encontro com representantes da Confederação Nacional de Saúde, em Brasília. A aparição de Palocci ao lado da candidata causou uma saia justa. Dilma foi questionada por um humorista se o ex-ministro José Dirceu agiria nos bastidores de sua campanha enquanto Palocci aparecia “na cara dura”. A petista se recusou a responder a pergunta.
Apesar do discurso de serenidade dos petistas, a campanha de Dilma ingressou com pedido de abertura de inquérito no Ministério Público para apurar se vídeos divulgados na internet contra a candidata constituem prática de crime eleitoral. A coordenação de campanha encaminhou ação ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE) solicitando a retirada dos vídeos, hospedados no YouTube.
Foco nas viagens
Num esforço para evitar que a ligeira queda da candidata do PT à Presidência, Dilma Rousseff, na pesquisa do Datafolha se mantenha ao longo dos próximos dias, levando a eleição para o segundo turno, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva já tem um cronograma de viagens montado para os últimos dias de campanha. A ideia é concentrar a agenda em locais onde Lula considera que Dilma pode ampliar a vantagem sobre o tucano José Serra. Por isso, o presidente visitará pelo menos duas capitais do Nordeste — Salvador e Aracaju — e ainda fará duas viagens a São Paulo, onde sua presença tem surtido efeito, além de Porto Alegre, hoje, para um comício ao lado de Dilma.
A escolha de Salvador está diretamente relacionada às sondagens de intenções de voto. Ontem, por exemplo, o Datafolha mostrou que, na Bahia, Dilma caiu quatro pontos — de 65% para 61%. Na cidade do Rio de Janeiro, a queda foi de 47% para 42%. No Paraná, onde Lula esteve na noite de quarta-feira para mais um comício, o segundo deste mês, o Datafolha registra uma curva descendente da petista. Na pesquisa feita logo após o feriado de 7 de setembro, Dilma aparecia com 46%. Hoje, tem 39%. Há uma semana, tinha 41%.
Com o comício do Paraná e o de hoje em Porto Alegre, Lula fecha a sua participação na eleição estadual e, talvez, na Região Sul. No Rio Grande do Sul, aliás, os assessores do presidente consideram que o candidato a governador Tarso Genro (PT), primeiro colocado nas pesquisas, tem todo o seu estafe empenhado também na campanha de Dilma. O raciocínio dos petistas é o seguinte: se tem um lugar onde Dilma pode ganhar mais 10 pontos, caso da Bahia, ou mesmo de Sergipe, por que perder tempo precioso em estados onde a presidenciável do PT pode ganhar apenas um ou dois pontos?
Em clima de guerra fria, debate polariza
Poucos dias depois da demissão de seu ex-braço direito Erenice Guerra do cargo de ministra-chefe da Casa Civil, a candidata do PT à Presidência, Dilma Rousseff, afirmou não estar “numa situação difícil”, numa clara referência às denúncias de tráfico de influência no principal ministério do governo Lula. “Em 25 anos de vida pública, jamais fui acusada de atos indevidos”, disse Dilma durante o debate entre os presidenciáveis promovido ontem à noite pela Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) na Universidade Católica de Brasília (UCB).
A afirmação foi feita no terceiro bloco, realizado no auditório da Católica, em Taguatinga. O encontro foi transmitido por redes católicas de rádio e de televisão. Em sua última participação, já nas considerações finais dos candidatos, Dilma chegou a ser interrompida por um dos espectadores presentes: “E a Erenice, Dilma?”, gritou alguém no auditório. O grito não apareceu na transmissão pelas emissoras de TV.
Antes disso, a petista prometeu não indicar políticos fichas sujas num eventual governo seu. “Considero que essa questão (da Lei da Ficha Limpa, que estava sendo votada no mesmo momento no Supremo Tribunal Federal) é muito séria, principalmente nesse momento.” Mesmo com o engessado modelo — candidato não podia fazer pergunta para candidato — o debate teve pontos polêmicos, e a presidenciável petista protagonizou mais um embate com José Serra (PSDB).
Já na entrada da Católica, um grupo de manifestantes estendeu uma faixa com os dizeres “Dilma anticristo”. Ao longo da campanha, ela defendeu que a rede pública de saúde ofereça atendimento médico a mulheres que buscam clínicas clandestinas para abortar. A CNBB não deixou de abordar o tema: a pergunta foi direcionada a Marina Silva (PV) e comentada por Dilma.
Debutante é favorita no Sul
O senador Paulo Paim (PT-RS) não sai mais das ruas de Porto Alegre e da região metropolitana da capital do Rio Grande do Sul. No feriadão do último fim de semana, quando os gaúchos pararam para as comemorações da Revolução Farroupilha, foram mais de 12 horas de caminhadas e outras seis destinadas a discursos e debates. O próprio Paim comenta com amigos que nunca perdeu uma eleição e também nunca andou tanto nas campanhas políticas que enfrentou desde a década de 1980, quando conquistou seu primeiro mandato de deputado federal. Desta vez, entretanto, os ventos estão diferentes. Pela primeira vez, o senador, que ganhou fama de defender os aposentados e projetos que desagradam a área econômica, corre o risco de derrota. Sua algoz: a jornalista Ana Amélia Lemos, do PP, que estreia na disputa por um mandato eletivo.
Conhecida entre os colegas como uma espécie de “papisa” do jornalismo político no Rio Grande do Sul, Ana Amélia se prepara para desancar uma das suas antigas fontes de notícias no estado. Ela aparece em primeiro lugar nas pesquisas de intenção de voto. Paim e Germano Rigotto (PMDB) vêm logo atrás, disputando a segunda vaga do estado para o Senado.
Essa posição lhe conferiu o título de senhora absoluta da disputa. Nenhum dos rivais ataca Ana Amélia, de olho no segundo voto para senador. Hoje, essa herança parece mais próxima de Germano Rigotto do que de Paulo Paim. Nos debates dos candidatos ao Senado — que a disputa apertada transformou em uma tradição entre os gaúchos —, cada um tenta tirar uma casquinha do eleitorado do adversário. Rigotto é direto: “Quem já se decidiu por mim, ótimo. Quem decidir pela Ana Amélia, me dê o segundo voto. E quem optar pelo Paim, me dê o segundo voto também”, afirmou num debate esta semana.
Paim, ao contrário, não pede, nos debates, o segundo voto dos adversários. Na semana passada, por exemplo, na Associação Gaúcha das Emissoras de Rádio e TV, tentou surfar no fato de, como senador, sempre ter defendido a manutenção de todos os direitos trabalhistas. Tratou desse assunto ao fazer uma pergunta para Ana Amélia. A pepista aproveitou a deixa para dizer que o direito a férias, ao 13° salário e a outros benefícios não pode ser quebrado.
A conferir (Coluna Brasília-DF)
De acordo com a mais recente pesquisa Datafolha (21 a 22/9), a candidata do PT à Presidência da República, Dilma Rousseff, está com 49% das intenções de voto. O candidato do PSDB, José Serra, aparece com 28%, e Marina Silva (PV) tem 13%. A petista oscilou negativamente dois pontos percentuais (de 51% para 49%) em relação ao levantamento anterior; Serra passou de 27% para 28%; e Marina de 11% para 13%. Hoje, Dilma venceria no primeiro turno, mas novas pesquisas serão divulgadas nesta semana e poderão confirmar ou não essa tendência.
O recuo
Em uma semana, a vantagem de Dilma caiu de 12 para sete pontos em relação à soma dos votos válidos, fato atribuído às críticas que sofre da oposição e dos meios de comunicação de massa, sobretudo àquelas que a vinculam à ex-ministra da Casa Civil Erenice Guerra. A pesquisa deu mais ânimo às campanhas de José Serra (PSDB) e de Marina Silva (PV). A oposição ainda acredita no segundo turno.
Tensão
O que aumenta a tensão na campanha é a volatilidade da opinião dos eleitores que só agora se preocupam com as eleições. Começam a assistir aos programas eleitorais, conversam sobre os candidatos nos locais de trabalho e prestam mais atenção no noticiário político, principalmente da tevê aberta. A entrada em cena da grande massa de eleitores aumenta o nervosismo dos candidatos e radicaliza os discursos. O primeiro a sinalizar o fenômeno é o presidente Lula.
Tiriricar
Expert em pesquisas, Cesar Maia cunhou um novo conceito para analisar as variáveis possíveis de voto na reta final da eleição: “tiriricar”. Trata-se do voto em favor dos candidatos que ainda não pontuam, mas que podem ajudar a levar a eleição para o segundo turno.
Visual
Em visita ao local onde o PT grava os programas eleitorais em Brasília, a ex-governadora do Rio Grande do Norte Wilma de Faria (PSB), candidata ao Senado, apresentou um look parecido com o de Dilma Rousseff e de Marta Suplicy. A semelhança era tanta que, na saída, ela foi chamada de Wilma Rousseff.