FOLHA DE S.PAULO
Inflação estoura meta, e governo prevê juro maior
O Planalto já trabalha com a possibilidade de o Banco Central elevar os juros na próxima semana, apesar de fazer uma avaliação positiva da inflação oficial de março.
No mês passado, o IPCA avançou 0,47%, ante 0,60% em fevereiro.
Mesmo com o rompimento do teto da meta –o IPCA em 12 meses atingiu 6,59%–, assessores presidenciais ponderam que o BC poderia esperar mais para decidir se sobe o juro diante de sinais de que a inflação deve seguir em queda.
Dois motivos, porém, indicam que a alta da Selic pode acontecer já na reunião do Copom da semana que vem.
Em primeiro lugar, o BC precisa reforçar a credibilidade de seu discurso, que passou a sinalizar preocupação com a inflação desde janeiro.
Não polemizo com réu, diz Fux sobre fala de José Dirceu
O ministro do STF Luiz Fux evitou confronto com o ex-ministro José Dirceu, dizendo que não “polemiza com réu”. Anteontem, o petista afirmou que Fux, quando em campanha por vaga no Supremo, prometera absolvê-lo no julgamento do mensalão
Eliane Cantanhêde: Petista lança suspeitas sobre negociações do governo Dilma
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Ao dizer que o ministro Luiz Fux tomou a iniciativa de prometer absolvê-lo caso ganhasse a vaga no Supremo Tribunal Federal, José Dirceu não deixa só Fux mal. Faz um mea-culpa, deixa outros ministros constrangidos e lança suspeitas sobre negociações nada republicanas do governo Dilma para nomear ministros do STF. Toma lá, vota cá?
Dirceu, claro, declarou não acreditar que a promessa de absolvição tenha pesado para Dilma nomear Fux, mas a dedução lógica do que ele disse –aliás, de tudo o que vem sendo dito– é que essa negociação valeu não só para Fux, mas para outros, desde o governo Lula. A diferença é que ele, em vez de absolver, condenou.
Acusado por Dirceu, Fux diz que ‘não polemiza com réu’
O ministro do STF (Supremo Tribunal Federal) Luiz Fux evitou ontem o confronto com o ex-ministro José Dirceu, dizendo que não responderia às suas acusações porque não “polemiza com réu”.
Em entrevista à Folha e ao UOL publicada ontem, Dirceu afirmou que Fux o “assediou moralmente” quando estava em campanha para ocupar uma vaga no STF e disse que ele prometeu sua absolvição no julgamento do mensalão.
Indicado para o Supremo pela presidente Dilma Rousseff no início de 2011, Fux era considerado pelos petistas voto certo a favor dos réus, mas foi um dos mais rigorosos no julgamento e votou pela condenação de Dirceu.
“Ministro do STF não polemiza com réu”, disse Fux ontem. Ele não quis fazer nenhum outro comentário sobre a entrevista de Dirceu.
STF coloca fim a regra de sigilo nas ações do tribunal
O STF decidiu, por 7 votos a 4, revogar a regra que mantinha sob sigilo o nome dos envolvidos em inquéritos e ações penais da corte.
A regra foi imposta em 2010 pelo então presidente Cezar Peluso, hoje aposentado. A regra já havia recebido críticas de colegas.
Para eles, o princípio constitucional da publicidade deve ser respeitado, cabendo sigilo somente em casos excepcionais.
Justiça concede perdão a operador ligado ao mensalão
A Justiça Federal em São Paulo concedeu perdão judicial ao operador financeiro Lúcio Bolonha Funaro, o dono da empresa Guaranhuns, que ajudou a distribuir R$ 6 milhões do dinheiro do mensalão.
O juiz federal Márcio Catapani disse que Funaro cometeu o crime de lavagem de dinheiro ao repassar os valores ao deputado federal Valdemar Costa Neto (PR-SP), mas merece perdão por ter colaborado com as investigações do caso.
O juiz não autorizou a divulgação da íntegra da decisão e se recusou a fornecer à Folha detalhes sobre a contribuição de Funaro, que assinou acordo de delação premiada com o Ministério Público em 2005.
Oposição levanta suspeita sobre processo de indicação de Fux
Enquanto os políticos governistas criticaram e cobraram explicações de Luiz Fux, a oposição levantou suspeitas sobre a indicação ao Supremo feita pela presidente Dilma Rousseff. “As declarações do ex-ministro nos levam a pensar que isso pode ser uma das suas razões de sua indicação. A situação é mais grave porque estamos às vésperas da indicação de um novo ministro do Supremo que vai participar desse processo [do mensalão]”, afirmou o senador Aécio Neves, provável candidato do PSDB à Presidência. Dilma tem avaliado nomes para a vaga deixada pelo ministro Carlos Ayres Britto.
O presidente do DEM, senador José Agripino Maia (RN), afirmou que as declarações de Dirceu comprometem “todo o processo de indicação” de autoridades pela presidente da República. “Dilma o escolheu [Fux] por estar comprometido com os interesses do José Dirceu?”(…)
Os deputados Cândido Vaccarezza (PT-SP) e Nazareno Fonteles (PT-PI) cobraram que Fux se explique. “Fux tem que se explicar à sociedade. Ele nos disse que mataria no peito [o mensalão]. Agora, isso não foi condição para qualquer um defender sua indicação”, afirmou Vaccarezza. Para Fonteles, a entrevista de Dirceu mostra que Fux fez “de tudo para ter poder pelo poder”. Ele pediu impeachment do ministro.
Justiça bloqueia bens de empresa da família Maluf
A Justiça determinou o bloqueio de R$ 520 milhões da empresa Eucatex, da família do deputado federal Paulo Maluf (PP-SP).
O valor corresponde à indenização pedida pelo Ministério Público de São Paulo em uma ação civil na qual aponta que Maluf participou de desvios em obras da Prefeitura de São Paulo.
O balanço da Eucatex referente a dezembro passado apontou um patrimônio total de R$ 1 bilhão.
A medida, de caráter provisório, foi requerida pelo promotor Silvio Marques.
Câmara questiona nova distribuição de bancadas
O presidente da Câmara, Henrique Eduardo Alves (PMDB-RN), disse ontem que estuda recorrer da decisão do TSE (Tribunal Superior Eleitoral) que recalculou o tamanho das bancadas estaduais na Casa.
O motivo, segundo Alves, é a interpretação segundo a qual o TSE não teria atribuição para fazer a mudança, que deveria ser aprovada por lei complementar.
“[A decisão] nos pegou de surpresa e vejo com preocupação. Há interpretações de que o TSE não teria poderes para isso”, disse Alves.
O presidente da Casa afirmou que já encomendou a técnicos uma avaliação sobre um possível recurso ao STF (Supremo Tribunal Federal).
Assembleia de Deus tem disputa entre gerações hoje
Maior denominação evangélica do país, a Assembleia de Deus realiza hoje em Brasília uma megaeleição para escolher a cúpula de sua principal entidade.
Participarão aproximadamente 24 mil dos mais de 50 mil pastores da Convenção Geral das Assembleias de Deus no Brasil, a mais tradicional da igreja –fundada em Belém em 1910.
É o maior pleito de sua história, antecedido por três dias de plenárias e cultos lotados realizados num centro de eventos da capital.
Foram necessárias 20 mil cadeiras para comportar o oceano de homens vestidos de terno com suas indefectíveis bíblias. Diante do esgotado sistema hoteleiro de Brasília, boa parte deles acampou em torno do local.
Jornalista lança livro sobre papel de motoristas em reportagens
A jornalista Sylvia Debossan Moretzsohn lança hoje, no auditório da Folha, o livro “Repórter no Volante – O papel dos motoristas de jornal na produção da notícia”. O livro ganhou o Prêmio Folha Memória de 2011, organizado pela Folha em parceria com a Pfizer. (…) Em seu livro, Sylvia mostra a importância dos motoristas na produção das notícias e as transformações que essa função vem sofrendo em razão da diminuição gradual do número de repórteres que saem às ruas –“hoje, o jornalista vai à rua muito menos do que antes”, afirma– e da terceirização desse tipo de atividade na década de 1990.
Salvador: Deputado promove mutirão de exames de vista em Assembleia
Sob a justificativa de celebrar o Dia Mundial da Saúde, comemorado no último domingo, o deputado estadual da Bahia José de Arimatéia (PRB) usou ontem o auditório da Assembleia Legislativa para promover exames de vista e entregar armações de óculos para moradores da periferia de Salvador.
Quem entrava na sala recebia um formulário para deixar seus dados pessoais. Arimatéia, que preside a Comissão de Saúde, negou que tenha praticado aliciamento político e disse que a comissão também tem ações itinerantes.
Policial militar é preso após crítica a governador do Acre
Um comentário crítico a uma mensagem do governador do Acre, Tião Viana (PT), publicada na internet resultou em cinco dias de prisão para um sargento da Polícia Militar do Estado. Isaías Brito Brandão começou a cumprir ontem a punição imposta pelo Comando da PM numa cela do Batalhão de Policiamento Ambiental.
Segundo a Corregedoria da PM, o sargento desrespeitou o governador em comentários publicados em 2 de março na rede social Facebook. Abaixo de uma postagem do governo sobre verbas federais repassadas ao Estado, Brandão comentou: “Eu quero ver o senhor cumprir a promessa de asfaltar todas as ruas do Estado até 2014”. Ao defender-se, disse que o post foi escrito por um sobrinho.
O comandante da PM do Acre, coronel José dos Reis Anastácio, negou qualquer interferência do governador. O secretário de Comunicação do Acre, Leonildo Rosas, disse que Viana não iria comentar o assunto por não ter “participação no caso”.
Agência não pune Cid por invasão a pista de aeroporto
Após cinco meses de apuração, a Agência Nacional de Aviação Civil (Anac) decidiu não punir a invasão do governador do Ceará, Cid Gomes (PSB), à pista do aeroporto de Salvador, que interditou o local por cinco minutos e obrigou um avião a arremeter e outro a abortar o pouso.
Na ocasião, em 9 de novembro passado, Cid não esperou seu jato fretado chegar ao terminal. Sem autorização, abriu a porta e atravessou a pista andando em direção à base aérea, onde estava a presidente Dilma Rousseff.
Embora tenha classificado a conduta do governador como “desembarque à revelia” –sem aval da torre de controle nem do piloto–, a sindicância da Anac concluiu não haver previsão legal para enquadrar Cid no Código Brasileiro de Aeronáutica.
Prefeitura de SP pede doação de TVs para vigiar trânsito
A Secretaria dos Transportes paulistana publicou no “Diário Oficial” pedido para receber doações de 96 produtos, em total de quase 11 mil itens, incluindo computadores e TVs
Consumo elevado de álcool sobe 24% entre as mulheres
Estudo com 4.607 pessoas revela que, de 2006 a 2012, a proporção de mulheres que consomem ao menos quatro latas de cerveja em duas horas subiu de 15% para 18,5%
O GLOBO
Pressão no bolso: Inflação passa teto da meta e juro pode subir
A inflação deu uma leve trégua em março. O IBGE informou ontem que o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA, usado nas metas de inflação do governo) ficou em 0,47%, abaixo do 0,60% registrado em fevereiro e inferior às projeções dos analistas do mercado, que previam uma alta de 0,50%. Mesmo assim, pela primeira vez desde novembro de 2011, o IPCA acumulado em 12 meses estourou o teto da meta de inflação perseguido pelo governo. O índice subiu 6,59% nesta conta – a meta de inflação do governo para este ano é de 4,5%, com margem de tolerância de dois pontos para baixo e para cima, ou seja, no limite, até 6,5%.
No mês passado, os alimentos subiram 1,14% e tiveram o maior impacto na inflação, respondendo por mais de metade do índice (0,28 ponto percentual). Em 12 meses, acumulam alta de 13,48%. O grupo serviços, cujos preços têm subido devido ao mercado de trabalho aquecido, também tem pressionado a inflação e já registra alta de 8,37% nos últimos 12 meses. Em março, a alta dos serviços foi de 0,26%. O custo do empregado doméstico, que em fevereiro subiu 1,12%, teve aceleração, para1,53% no mês passado. Foi o maior impacto individual do mês, correspondendo a 0,06 ponto percentual do IPCA. Também ajudou a puxar a inflação a alta do etanol, de 3,55%.
Enquanto alguns economistas viram no ligeiro recuo da inflação em março um alento que pode fazer o Banco Central (BC) adiar para maio uma elevação na taxa básica de juros Selic, outros apontam que o IPCA apresenta ainda um grande número de itens com elevação de preços. Em março, 69% dos produtos pesquisados pelo IBGE subiram. Em fevereiro, este índice de difusão havia sido de 72,3%. Para o estrategista chefe do Banco WestLB, Luciano Rostagno, a inflação permanece em patamar ainda elevado.
– Já são três anos de inflação muito acima dos centro da meta, apesar das desonerações que temos visto. O brasileiro está voltando a internalizar um cenário de inflação mais elevada e isso leva a reajustes automáticos de preços e aumenta o esforço necessário para o Banco Central levar a inflação para o centro da meta. O BC tem de agir logo.
Na TV, Campos vai atacar gestão Dilma
Com 6% de intenções de votos para presidente, segundo a última pesquisa Datafolha, o governador de Pernambuco, Eduardo Campos (PSB), terá sua imagem bombardeada hoje, e nos dias 13, 16 e 18, em horário nobre nas TVs e rádios como alternativa ao Planalto em 2014. Iniciando a estratégia de se tornar conhecido fora do Nordeste, ele vai estrelar as dez inserções diárias de 30 segundos, no horário reservado ao PSB, quando tentará firmar o slogan “é possível fazer mais”. Sem citar nominalmente a presidente Dilma Rousseff, Campos vai apontar fragilidades do governo em áreas estratégicas como Educação, Segurança e Infraestrutura.
Com críticas a gargalos na infraestrutura, Campos pretende mostrar as deficiências na área de gestão, para desmontar o mito da “presidente boa gestora”; as dificuldades de tomar decisões e também a limitação de Dilma no diálogo com os aliados. Além das inserções, ele será o protagonista do programa semestral de 10 minutos do PSB, que vai ao ar dia 25 de abril.
Aécio e Serra se encontram hoje em conferência do PPS
No meio de um processo delicado de negociação para manter espaço de destaque no seu partido, o PSDB, e promover reaproximação com os tucanos mineiros, o ex-ministro José Serra terá oportunidade de mostrar hoje, de público, se a relação com o senador Aécio Neves (PSDB-MG) realmente está se distensionando ou se permanece o mal-estar em relação ao provável candidato do partido a presidente. No momento em que circulam notícias sobre a possível saída do ex-governador paulista do PSDB, Serra e Aécio vão comparecer, juntos, à abertura da conferência “A Esquerda Democrática pensa o Brasil”, promovido pelo PPS. O PPS é justamente o partido que articula a ida de Serra para uma nova legenda, se vingar a fusão com o PMN.
Foram convidados para o encontro de hoje outros pré-candidatos à sucessão da presidente Dilma Rousseff, como Eduardo Campos (PSB) e Marina Silva. Mas só Fernando Gabeira (PV) e Aécio confirmaram presença. Campos viajou para os Estados Unidos para uma reunião no Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID). O ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, convidado, também não comparecerá.
Mensaleiros: corregedor diz que seguirá Supremo
O novo corregedor da Câmara, Átila Lins (PSD-AM), empossado ontem pelo presidente da Câmara, Henrique Eduardo Alves (PMDB-RN), para um mandato de dois anos, comunga da tese de que cabe à Câmara, no caso dos casos de deputados condenados pelo Supremo Tribunal Federal no mensalão, ater-se à análise das formalidades do processo, sem discussão do mérito. A tese, defendida por Henrique Alves, contraria o interesse dos condenados. Cauteloso, Lins afirma que irá aguardar o acórdão do Supremo para se posicionar, mas adianta que, para ele, a corregedoria deve emitir parecer sobre as formalidades legais e constitucionais.
– Prezo as decisões judiciais, temos que atacar as formalidades. A corregedoria irá emitir parecer sobre as formalidade legais e constitucionais. Vou ser defensor do regimento e da Constituição. O ato que criou a corregedoria já fala nas decisões judiciais, diz que serão analisadas formalmente, analisar as formalidades legais, nunca você adentrar em outras conjecturas, é claro que cada caso é um caso – disse Átila Lins ao GLOBO.
Ações contestam poder de investigação do MP
Um levantamento obtido pelo GLOBO junto ao Supremo Tribunal Federal (STF) mostra que há, atualmente, 39 ações em tramitação na Suprema Corte que pedem a anulação de apurações realizadas por procuradores e promotores do país. Dois processos já estão em fase final de julgamento, mas estão paralisados devido a pedidos de vista de ministros.
A expectativa de associações e entidades ligadas ao MP é de que a análise das ações seja finalizada nas próximas semanas. Em caso de decisão da Corte a favor do MP, ficaria enfraquecida no Congresso a Proposta de Emenda Constitucional (PEC) 37, que retira de promotores e procuradores o poder de investigação.
No STF, contudo, a avaliação é de que a análise dos processos deve ficar apenas para o segundo semestre. Nas duas ações, a maioria dos ministros já votou pela possibilidade de atuação do MP em casos de investigação. A mais antiga delas, julgada desde 2007, refere-se a um pedido de habeas corpus apresentado pela defesa do empresário Sérgio Gomes da Silva, o Sombra, acusado de ser o mandante do assassinato do ex-prefeito de Santo André (SP) Celso Daniel, ocorrido em janeiro de 2002. No pedido, o advogado do réu argumenta que a apuração foi inconstitucional, por ter ocorrido sem a participação da polícia, apenas do MP.
Versão sobre morte de militante é contestada
Em depoimento ontem à Comissão da Verdade de São Paulo, o cineasta e ex-preso político Renato Tapajós contestou a versão oficial sobre a morte da ex-militante da Aliança Libertadora Nacional (ALN) Aurora Maria Nascimento Furtado, a Lola, presa e morta no Rio em 1972. A versão oficial dava conta de que ela fora morta em confronto com policiais, após tentar fugir de uma abordagem ao carro onde estava com um companheiro da ALN. Seu corpo foi encontrado em um cruzamento do Méier, crivado de balas.
Anos depois, em depoimento para o livro “Os Anos de Chumbo: a memória militar sobre a repressão”, o ex-comandante do DOI-Codi do I Exército Adyr Fiúza de Castro desmentiu essa versão e afirmou que Aurora fora detida numa operação contra o tráfico de drogas e que matara um policial civil com um “tiro na cara”, sendo levada para a Invernada de Olaria, onde teria sido torturada até a morte pela Polícia Civil sem participação da polícia política.
TJ do Rio aposenta juiz suspeito de autorizar escutas ilegais
O juiz fluminense Rafael de Oliveira Fonseca está tirando a toga. Por maioria dos votos, o Órgão Especial do Tribunal de Justiça do Rio (TJ-RJ) decidiu aposentá-lo compulsoriamente. Denunciado em reportagem do GLOBO no ano passado, ele era acusado, como juiz criminal de Itaguaí, na Costa Verde, de autorizar escutas ilegais, destruir o conteúdo das gravações, receber dinheiro para livrar milicianos da prisão e repassar a assessores armas, carros e outros bens apreendidos pela polícia.
Rafael de Oliveira Fonseca, cujo último cargo foi na Vara Única de Mangaratiba, município da Costa Verde, também teria absolvido em tempo recorde o então prefeito de Itaguaí, Carlos Busatto Júnior, o Charlinho, que respondia judicialmente pela contratação ilegal de um jornal.
Para apressar o processo de improbidade administrativa movido pelo Ministério Público em 2009, o juiz Rafael Fonseca teria mandado um oficial ao MP fora do expediente e negado pedidos de produção de provas dos promotores
FH quer tucanos se opondo a projeto de lei sobre drogas
Após defender a descriminalização da maconha e provocar uma ampla discussão sobre o assunto ao assumir essa posição, o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso (PSDB) decidiu interferir diretamente na apreciação do projeto de lei que prevê a criação de um cadastro de usuários de drogas no país. Ele ligou para o líder do PSDB na Câmara, deputado Carlos Sampaio (SP), e pediu uma posição contrária da bancada tucana ao projeto, segundo o parlamentar.
A proposta estava incluída na pauta de votação de ontem na Câmara e foi retirada, a pedido dos líderes do PSDB e do PCdoB. A nova data para o plenário votar o projeto é dia 16. Sampaio prepara emendas ou até um substitutivo ao projeto de lei nº 7.663/2010, de autoria do deputado Osmar Terra (PMDB-RS).
– Fernando Henrique me ligou há dez dias e disse que tem sérias discordâncias em relação ao projeto. Ele considera que a filosofia do projeto não é a que vem sendo discutida no mundo.
Na panela: Família do Mali come camelo de Hollande
O camelo que o presidente francês ganhou de presente quando foi ao Mali acabou na panela, comido pela família que cuidava do animal.
Entre o céu e a terra: Solidéu levanta voo no Vaticano
A ventania leva o solidéu do Papa Francisco após a audiência semanal, na qual o Pontífice falou, pela primeira vez, em espanhol.
Cidade em mutação: Polêmica na venda de quartéis
Vizinhos do QG da PM, no Centro, do 2° BPM (Botafogo) e do 6° BPM (Tijuca) reclamam de não terem sido ouvidos sobre a venda das unidades pelo estado. Eles temem que esses imóveis sejam alvo da especulação imobiliária.
Maracanã: Liminar suspende a privatização
A juíza Roseli Nalin concedeu liminar que suspende a concessão do Maracanã. Segundo o MP, há “ilegalidade no edital”.
Morre o pai da proveta
Pioneiro da fertilização in vitro e ganhador do Nobel de Medicina, Robert Edwards morreu ontem, aos 87 anos. Em 35 anos, foram quatro milhões de bebês e uma revolução de costumes.
O ESTADO DE S. PAULO
Inflação passa meta e cresce pressão por alta de juros
A inflação acumulada em 12 meses estourou, em março, a meta do governo, aumentando a pressão de economistas e do mercado por uma resposta do Banco Central (BG), com a elevação na taxa básica de juros (hoje em 7,25%). O índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), indicador utilizado na meta, atingiu 6,59% em 12 meses, a maior taxa desde novembro de 2011, informou ontem o IBGE.
A próxima reunião do Comitê de Política Monetária (Copom) do BC, que decide a taxa de juros, será realizada na semana que vem.
O resultado do IPCA levou os investidores a elevarem suas apostas em uma alta na próxima reunião. Os negócios fechados na Bolsa de São Paulo indicam uma chance de 80% de uma alta. A alta seria de 0,25 ponto porcentual, elevando a taxa a 7,5% ao ano.
Para a economista Priscila Go-doy, da Rosenberg & Associados, o BC será contraditório se não elevar a Selic após o IPCA acumulado superar o teto da meta. Outros economistas dizem que o BC está mais propenso a iniciar a alta em maio, como Silvia Matos, do Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getúlio Vargas (Ibre/ FGV), e Solange Srour, do BNY MellonARX.
Os alimentos foram os principais responsáveis pelo estouro da meta, respondendo por cerca de 50% da inflação em 12 meses. O IPCA veio mais comportado em março, mas os produtos alimentícios ainda subiram de forma considerável no mês, apesar dos esforços do governo.
Celso Ming: Teto perfurado
Está claro que a terapia de panos quentes não funcionou. Segurar a inflação com desonerações tributárias e com adiamento de remarcações criou mais distorções do que controle.
José Paulo Kupfer: Viés político
A decisão do Copom, na próxima semana, está marcada por nítido viés político. Uma pequena alta da Selic é menos improvável do que a real marcha da inflação faria supor.
Em inserções na TV, Campos faz críticas ao governo Dilma
O PSB dá início hoje à série de inserções políticas do partido na TV e no rádio, tendo como estrela única o governador de Pernambuco, Eduardo Campos, provável candidato à Presidência da República no ano que vem. Os filmetes vão exibir o governador no comando de um discurso crítico em relação ao governo da presidente Dilma Rousseff – numa das inserções, Campos insinua que uma centralização de poder sufocaria os aliados na hora das decisões. “Quem governa precisa saber decidir, mas não pode ser o dono da verdade. Como aliado do governo, temos o dever de propor, participar, apoiar, criticar até quando necessário, mas sempre comum objetivo: de fazer o País avançar.”
Os programas que irão ao ar também nos dias 13,16 e 18 exibem ainda o slogan da campanha de Campos, caso ele saia mesmo candidato: “É possível fazer mais”. Serão dez inserções em cada um dos dias da exibição. No dia 25 será exibido o programa partidário de 10 minutos, também na TV e no rádio. Todo ele em torno de Campos.
Fica claro que o PSB já quer mostrar independência em relação ao governo Dilma e ao PT. O discurso dos filmetes é crítico à gestão Dilma, com várias indiretas à administração da economia que tem por base o consumo. “A hora é de resgatar a confiança na nossa economia e ter foco no consumo, mas principalmente na produção. A hora é de fazer o Brasil crescer e ganhar 2013.”
‘Não somos ditadura que infiltra gente para saber das coisas’, afirma ministro
Responsável no governo da presidente Dilma Rousseff por intermediar o diálogo com movimentos sindicais e sociais, o ministro da Secretaria-Geral da Presidência da República, Gilberto Carvalho, disse ontem ao Estado que o monitoramento de trabalhadores portuários feito pela Agência Brasileira de Inteligência (Abin) foi motivado por razões econômicas, não políticas. Segundo Carvalho, o governo não é uma “ditadura” para fazer “arapongagem” de movimentos sindicais.
“Nós não precisamos de arapongagem sobre o movimento sindical porque temos um diálogo com o movimento o tempo todo. Nós não somos um governo repressivo, da ditadura, que tem de infiltrar gente para saber das coisas”, afirmou o ministro, que cumpriu agenda ontem na capital paulista.
O Estado revelou na semana passada que a Abin, a pedido do Gabinete de Segurança Institucional da Presidência (GSI), vigiava os passos de sindicalistas no Porto de Suape contrários à Medida Provisória 595, conhecida como MP dos Portos. Esses dirigentes sindicais, ligados à Força Sindical, encontraram-se com o governador de Pernambuco, Eduardo Campos (PSB), provável candidato à Presidência em 2014, e um dos maiores críticos à MP dos Portos. Carvalho rechaçou a tese de que a Abin estaria supervisionando politicamente o movimento sindical no Estado de Campos.
Chefe de inteligência promete depor na Câmara na quarta
O ministro do Gabinete de Segurança Institucional da Presidência, general José Elito, deverá comparecer à Comissão de Controle das Atividades de Inteligência do Congresso na próxima quarta-feira para prestar esclarecimentos sobre a ação de monitoramento da Abin nos trabalhadores de 15 portos, com especial atenção sobre o Porto de Suape, em Pernambuco. O convite a Elito foi aprovado depois de o Palácio do Planalto acionar o PT no Congresso e operar para evitar a convocação pretendida pelas oposições.
Justiça bloqueia bens da Eucatex, de Maluf
Depois de ter os bens pessoais bloqueados, o ex-prefeito de São Paulo e deputado federal Paulo Maluf (PP) sofreu ontem mais um duro golpe na Justiça: a 4.ª Vara da Fazenda Pública decidiu tornar indisponível pela primeira vez o patrimônio da empresa de sua família, a Eucatex S.A. Indústria e Comércio. A liminar concedida ao Ministério Público Estadual (MPE) atinge bens até o limite de R$ 519,7 milhões.
Procurados pelo Estado, os advogados de Maluf informaram que não iam se manifestar porque não conheciam o teor da decisão. Em todos os processos que responde, o deputado sempre negou manter contas bancárias no exterior ou ter desviado dinheiro dos cofres públicos. Segundo a acusação, R$ 519 milhões é o valor atualizado do que foi “surrupiado” pelo político dos cofres da Prefeitura quando ele a dirigiu entre 1993 e 1997. O dinheiro seria o resultado do superfaturamento das obras da Avenida Jornalista Roberto Marinho e do Túnel Ayrton Senna, ambos na zona sul de São Paulo.
O bloqueio dos bens da Eucatex foi decidido depois de o promotor Silvio Antonio Marques ter encontrado indícios de que a empresa estaria vendendo imóveis e transferindo parte de seus ativos para outra companhia da família para “salvar ou blindar” o patrimônio da família Maluf “em razão das ações do Ministério Público Estadual”. Além disso, a promotoria afirma ter detectado operações financeiras no exterior que visavam a transferência de dinheiro depositado requisitado em 2009 pela Promotoria de Defesa do Patrimônio Público e Social e negado então pela Justiça. A Eucatex informou por meio de nota que “tomou conhecimento da informação por meio da imprensa”. “Se confirmada, a empresa tomará as medidas judiciais cabíveis para reverter a decisão.” Segundo a nota, o patrimônio da empresa cresceu mesmo após a transferência de parte dele para uma nova companhia. Hoje ele seria de R$ 1,067 bilhão, conforme balanço publicado no Diário Oficial do Estado em 21 de março. “Vale ressaltar, que a Eucatex é uma empresa S/A de capital aberto, com centenas de acionistas, dentre eles o deputado Paulo Maluf, que não é diretor e nem mesmo membro do seu Conselho de Administração.”
Candidatos a procurador-geral atacam ‘PEC da impunidade’
Reunidos ontem em São Paulo para o segundo debate com a classe, os quatro candidatos à lista tríplice ao cargo de procurador-geral de República declararam a seus pares que não abrem mão do poder de investigação do Ministério Público. Durante três horas, os subprocuradores-gerais Deborah Duprat, Ela Wiecko, Rodrigo Janot e Sandra Cureau responderam a colegas, servidores e jornalistas e se comprometeram a defender o que consideram missão constitucional da instituição.
O encontro dos candidatos à sucessão de Roberto Gurgel, que deixa o cargo em agosto, foi promovido pela Associação Nacional dos Procuradores da República. A lista com os três nomes mais votados internamente é encaminhada à Presidência da República. Já virou tradição o chefe do Executivo, a quem compete fazer a nomeação, acatar o desejo da classe e escolher o primeiro colocado do pleito. O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva e a presidente Dilma Rousseff prestigiaram a manifestação dos procuradores. Os candidatos que almejam a cadeira de Gurgel vão fazer cinco debates.
Deputado admite que se reuniu com empresário preso em megaoperação
O deputado estadual Roque Barbiere (PTB), citado na Operação Fratelli – investigação do Ministério Público sobre desvios de verbas públicas na região de São José do Rio Preto (SP) admitiu que recebeu em seu gabinete, na Assembleia Legislativa, o empresário Olívio Scamatti, dono da empreiteira Demop, preso anteontem. Ele, contudo, negou taxativamente que tenha recebido propina para ajudar na conclusão de uma obra em Birigui (SP).
“O único contato que eu tive com esse povo aí da Demop foi na mudança do governo estadual. O José Serra (PSDB) havia autorizado um obra no perímetro urbano de Birigui, uma estrada de oito quilômetros e meio. Quando ele deixou o governo, faltava concluir a obra, mas o Geraldo (Alckmin) entrou e mandou revisar todos os contratos, aquelas coisas quando muda governo.Os empresários ficaram preocupados e me procuraram.”
Pyongyang testará míssil em breve, dizem EUA
EUA e Coreia do Sul disseram ontem que a Coreia do Norte poderá lançar um míssil “a qualquer momento”, o que elevaria ainda mais a tensão na Península Coreana. Os dois países e o Japão reforçaram as medidas de monitoramento e defesa. O míssil teria alcance suficiente para atingir Coreia do Sul, Japão ou Guam, no Pacífico. (Págs. 1 e Internacional A10)
Tolerância zero
As autoridades da Mooca e do Brás iniciaram uma operação para a retirada dos moradores de rua e pediram à população que colabore.
CORREIO BRAZILIENSE
A cidade perplexa com mais um crime bárbaro
Inconformados, familiares, amigos e vizinhos acompanharam o enterro de Isaque Nilton Alves Boschini. Casado, pai de uma menina de 7 anos, o designer gráfico viu quando quatro viciados acendiam pedras de crack na porta do edifício onde morava no Guará 2. Ameaçou chamar a polícia e acabou assassinado a socos e pontapés. Da janela, a mulher dele assistiu a tudo impotente. Jean Carlos Nascimento, 18, e o ex-lutador de muay thai e kickboxing Moisés Maciel Pinto, 41, apontado como o principal agressor, foram presos pela polícia.
Doações terão imposto menor
GDF sinaliza com mudanças no tributo sobre o repasse de imóveis, veículos e dinheiro, mas mantém a cobrança retroativa. MP investiga a quebra de sigilo fiscal.
Entorno enfrenta ameaça real de epidemia de dengue
O dragão volta a assombrar o Brasil
Pela segunda vez, a carestia derrotou o governo Dilma. O IPCA, índice oficial de inflação, atingiu 6,59% em 12 meses e estourou os 6,5% estabelecidos como limite máximo do custo de vida no país. Para tentar conter a alta de preços, o BC deve subir a taxa de juros já na próxima terça-feira.
Adeus ao pai do bebê de proveta
Prêmio Nobel de Medicina, Robert Edward desenvolveu a técnica de fertilização in vitro na década de 1970. Ele morreu ontem, aos 87 anos, na Inglaterra