O GLOBO
Marca do governo Dilma, Brasil Sem Miséria é alvo de fraudes pelo país
“Não queria luxo, não. Só sair do aluguel. Aluguel vence muito ligeiro”, diz Maria do Socorro Ribeiro, de 31 anos, inscrita no programa Minha Casa Minha Vida, no município de Redenção, no Pará, e não contemplada com uma das 500 casas entregues em 29 de março deste ano. Socorro vive com os filhos de 9 e 14 anos e o marido, servente de pedreiro que luta contra um glaucoma que já cegou um olho. Com problema crônico nos rins, ela deve mais de R$ 500 de aluguel e só não foi despejada porque a proprietária do imóvel tem “pena de botar para fora”. O Bolsa Família de R$ 134 por mês é o que sustenta os quatro. E a pouca comida chega à mesa graças às cinco galinhas que cria. — A casa ia mudar tudo. Não é que a gente ia ter mais dinheiro. Ia ter sossego — diz.
Enquanto Socorro sonha com a casa própria, o primeiro empreendimento do Minha Casa Minha Vida em Redenção é alvo de investigação da Polícia Federal (PF) e do Ministério Público Federal (MPF). A suspeita é que as casas foram usadas como moeda eleitoral pelo prefeito Wagner Fontes (PTB), que tentou se reeleger, mas perdeu no primeiro turno para Vanderlei Coimbra Noleto (PRP).O Minha Casa Minha Vida, para famílias que recebem de 0 a 3 salários mínimos, é um dos programas voltados para o público-alvo do Brasil Sem Miséria, plano lançado em 2011 como carro-chefe do governo Dilma Rousseff e que reúne ações como o Bolsa Família, o Programa de Aquisição de Alimentos e o Programa de Erradicação do Trabalho Infantil.
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Em todo o Brasil, até 15 de outubro, mais de 300 mil unidades foram entregues nessa faixa de renda. Mas o plano — criado para tirar 16,2 milhões de pessoas que ainda vivem abaixo da linha de pobreza extrema, isto é, com renda mensal inferior a R$ 70 — enfrenta uma série de fraudes investigadas por MP, PF, Controladoria Geral da União (CGU) e Tribunal de Contas da União (TCU), como mostra levantamento do GLOBO nos órgãos de controle.
Gato e dono de Land Rover entre inscritos para programas sociais
Billy é um gato de sorte. Ganhou sobrenome e entrou no cadastro do Bolsa Família. O dono do bichano, Eurico Siqueira da Rosa, era o coordenador do programa na cidade de Antônio João (MS) — e incluir o nome do gato da família é uma das fraudes pelas quais ele responde em duas ações na Justiça Federal. É um exemplo das irregularidades contra o Bolsa Família no país, que incluem ainda o caso de um dono de Land Rover na Paraíba inscrito no Cadastro Único para Programas Sociais (CadÚnico) do governo federal.
Billy é um gato de sorte. Ganhou sobrenome e entrou no cadastro do Bolsa Família. O dono do bichano, Eurico Siqueira da Rosa, era o coordenador do programa na cidade de Antônio João (MS) — e incluir o nome do gato da família é uma das fraudes pelas quais ele responde em duas ações na Justiça Federal. É um exemplo das irregularidades contra o Bolsa Família no país, que incluem ainda o caso de um dono de Land Rover na Paraíba inscrito no Cadastro Único para Programas Sociais (CadÚnico) do governo federal.
Prefeituras usam verba do Bolsa Família até para pagar calendários
Municípios tão distantes quanto Manoel Urbano, no Acre, e Taubaté, em São Paulo, fizeram mau uso da verba destinada ao Bolsa Família, segundo a Controladoria Geral da União (CGU). Em 2011, fiscalização da CGU mostrou que a prefeitura de Manoel Urbano usou parte do dinheiro para pagar mil calendários e um DJ de música eletrônica. Foram gastos R$ 2.610 e R$ 150, respectivamente.
A cidade, com 7.891 habitantes, tem índice de pobreza de 77,69%, de acordo com o IBGE. Em Taubaté, os recursos do Índice de Gestão Descentralizada do Bolsa Família foram usados para pagar salários e encargos de servidores municipais. Durante as inspeções, a CGU encontrou ainda muitos servidores públicos recebendo o benefício sem ter o perfil do programa. — Em Santo Antônio dos Milagres (PI), uma prefeita chegou a fraudar o cadastro para que ela também recebesse o benefício — conta Carlos Wagner Barbosa, procurador do MPF, que apresentou denúncia contra duas professoras e uma doméstica: — Elas terão que devolver o dinheiro aos cofres públicos.
Em Sapé (PB), obras atrasadas servem para consumo de drogas
É com vergonha que Marineide Bandeira do Nascimento, em Sapé, na Paraíba, mostra a casa com fogão a lenha. Analfabeta aos 35 anos, ela mora com o marido e os quatro filhos num imóvel que é um quarto, sem espaço para cadeiras — o jeito é a família comer em pé em volta da mesa. Marineide é uma das cadastradas à espera, há mais de um ano, de uma das 60 casas que estão sendo construídas dentro do Programa de Habitação de Interesse Social, para famílias com renda até três salários mínimos, na cidade que, em junho último, viu o prefeito João Clemente (DEM) ser preso na Operação Pão e Circo, do Ministério Público, da PF e da CGU, sobre um esquema no estado e em Alagoas que teria desviado R$ 65 milhões na realização de festas; já solto, Clemente renunciou à candidatura à reeleição.
Num exemplo da falta de acompanhamento de programas federais nos municípios, as famílias cadastradas para receber os imóveis denunciam que as casas já levantadas estariam sendo usadas à noite para uso de drogas e prostituição. No chão das casas, quando O GLOBO esteve lá, puderam ser vistos vestígios de uso de crack, como latas cortadas, além de embalagens usadas de preservativo.
Sem Bolsa Família, pais deixaram de comprar roupa para filhas
Sem trabalho, e com o marido fazendo bicos como ferreiro “que não aparecem todo dia”, Risomar da Costa Araújo, de 28 anos, moradora de Cedro (CE), a cerca de 400 quilômetros da capital Fortaleza, diz que é o dinheiro do Bolsa Família que faz com que as duas filhas do casal, Francisca, de 4, e Raizlya, de 9, tenham carne, fruta e até “Danone”. O marido Francisco Damião de Souza, também de 28, ganha cerca de R$ 200 por mês — só de aluguel, o casal paga R$ 100.
— No começo deste ano, de janeiro até agosto, a gente ficou sem receber (o benefício), não sabemos por quê. Na prefeitura, diziam que não conseguiam ver o cadastro porque o sistema ficava fora do ar. Nesse tempo, a gente ficou comprando menos comida, e sem comprar também roupa, sapato para as meninas. Elas pediam uma boneca que viam na loja, mas não dava, não — conta ela, que, assim como o marido, estudou até a antiga 8ª série.
Beneficiados por programas federais contam como a vida melhora
— Passei a vida de casa em casa, tomando banho de caneca, imaginando o que era ter um chuveiro. Quando meu filho nasceu, a gente morava de favor num quarto de uma casa de tábua toda podre. Levei muito tempo para acreditar que temos uma casa nossa — conta Deusilene Pereira de Souza, de 30 anos, casada com José Carlos Souza, de 25, pai de João, de 5.
Os dois foram beneficiados com um imóvel do Minha Casa Minha Vida, em Redenção (PA). Pagam pouco mais de R$ 50 por mês e, desde que se mudaram, em abril, José conseguiu um emprego de carteira assinada, Deusilene passou a trabalhar num posto de Saúde e os dois têm feito vários planos. — Compramos os móveis, o menino deixou de ficar doente e fizemos um pequeno galinheiro. É a época mais feliz das nossas vidas. Daqui para frente é trabalhar mais — conta José.
Mensalão tucano: sem punição para o ex-ministro Walfrido Guia
O político mais influente na condição de réu do mensalão que envolveu tucanos em Minas Gerais não vai ser punido por seu envolvimento com o episódio. Ex-ministro do Turismo, aliado número um de petistas, tucanos e socialistas em Minas Gerais, Walfrido dos Mares Guia completa 70 anos daqui a três semanas e, a partir daí, estarão prescritas as acusações de peculato e lavagem de dinheiro contra ele em tramitação na Justiça estadual.
Walfrido havia sido denunciado por sua participação na campanha pela reeleição de Eduardo Azeredo (PSDB) ao governo de Minas, em 1998. Para que réus com a sua idade pudessem ser condenados, a denúncia deveria ter sido apresentada até 2006, o que não ocorreu.
O empresário Walfrido dos Mares Guia não chegou a ser denunciado pela Procuradoria Geral da República (PGR) no mensalão do PT durante o governo Lula. Mas estava na reunião com Luiz Inácio Lula da Silva no Planalto quando o então deputado federal Roberto Jefferson (PTB-RJ) alertou o então presidente da República sobre a distribuição de recursos a parlamentares por meio de Marcos Valério.
No processo em julgamento pelo Supremo Tribunal Federal (STF), Walfrido admite ter ocorrido o diálogo e a conversa. A menção ao esquema montado por Valério, na reunião às vésperas de o escândalo estourar, não foi para ele motivo de surpresa. Pois foi por meio de Valério que Walfrido pagou R$ 507 mil de uma dívida de Azeredo com seu tesoureiro de campanha, Cláudio Mourão.
União é lenta para tentar reaver recursos desviados no mensalão
A União teve pelo menos sete oportunidades de reaver parte do dinheiro público desviado pelo esquema do mensalão, mas os processos abertos pelo Tribunal de Contas da União (TCU) foram incapazes de determinar a recuperação dos recursos. Esses procedimentos surgiram na esteira da CPI dos Correios e das apurações abertas pelo Ministério Público e pela Polícia Federal, que resultaram na ação penal em julgamento no Supremo Tribunal Federal (STF).
O GLOBO identificou sete processos no TCU relacionados ao uso de dinheiro público no esquema, com investigações em três frentes: apropriação indevida de R$ 4,4 milhões em bônus de volume, em contratos entre o Banco do Brasil e a DNA Propaganda, agência de Marcos Valério; parceria entre o Banco BMG e o Instituto Nacional do Seguro Social para operações de crédito consignado, a um custo de R$ 7,6 milhões para a postagem de cartas a aposentados; e superfaturamento em contrato da DNA com a Eletrobras/Eletronorte. O primeiro está parado, na fase de recurso; os demais resultaram só em aplicação de multas individuais de R$ 3 mil a R$ 15 mil.
PT se fortalece nas grandes cidades em São Paulo
As trincheiras do PT e do PSDB para a sucessão paulista em 2014 foram demarcadas com o fim das eleições municipais. No estado considerado berço político de petistas e tucanos, as urnas deram aos primeiros, além da prefeitura de São Paulo, o domínio do chamado “grupo de elite” dos municípios paulistas.
Entre as dez maiores cidades do estado, seis estarão sob a administração do PT a partir de 2013: São Paulo, Guarulhos, São Bernardo, Santo André, Osasco e São José dos Campos. Os tucanos administrarão somente as duas menores: Santos e Sorocaba.
O PSB, com uma vitória na terceira maior cidade do estado (Campinas), amplia sua força regional, enquanto o PMDB diminui ao perder Santos, a única cidade que administrava no grupo das dez maiores.
Voo solo do PSB é principal preocupação de Dilma
Nem bem as urnas foram apuradas, no último domingo, e já no dia seguinte os principais líderes dos partidos do arco de alianças do governo começaram a traçar cenários e a montar seus exércitos para a eleição de 2014. Criticada por aliados e até integrantes do PT, que reclamaram uma maior participação política em defesa de seus candidatos derrotados, a presidente Dilma Rousseff já percebeu a movimentação e resolveu sair na frente. Nos próximos dias corre atrás para manter no seu grupo o principal aliado, o PMDB, mas, principalmente, para tentar neutralizar ações isoladas do PSB do governador de Pernambuco, Eduardo Campos.
O Congresso em Foco tratou do assunto na última quarta-feira (31/10):
PT elege Eduardo Campos o adversário número um
Neste primeiro momento de avaliação dos resultados das eleições municipais, nem é tanto o PSDB, que cresceu no Norte e Nordeste, que preocupa as forças políticas do governo. O PT se sente mais ameaçado com a possibilidade de Eduardo Campos antecipar para 2014 seu projeto de poder, aliando-se aos tucanos ou a outros partidos insatisfeitos da base, como PTB e PSD.
Repentista é eleito prefeito com promessa de assegurar tradição
“Quem discrimina a viola/ por não gostar de cultura/vai ver o povo/ levar um poeta à prefeitura”. E o povo viu mesmo. Localizada no sertão do Pajeú — celeiro da cantoria popular do Nordeste — Tabira elegeu um prefeito repentista. Isso depois de viver a chamada guerra das violas, na qual o instrumento símbolo da região esteve em evidência e em constante ameaça de destruição em praça pública. Pelo menos é o que conta o prefeito eleito Sebastião Dias (PTB).
Ele afirma que seguidores do prefeito José Edson Cristóvão, o Dinca Bandino (PSB) — que disputou a reeleição — prometeram durante a campanha quebrar as violas da cidade na frente da residência do petebista, caso este fosse derrotado. Chegaram, segundo ele, a distribuir cerca de mil CDs no município, “despachando” o candidato e seu ganha pão: “amanheceu, peguei a viola/ botei na sacola/ e fui viajar”, ironizavam os socialistas.
— Não sei se o prefeito esteve diretamente envolvido nisso. Mas sua militância, com certeza. Compraram violas de brinquedo para quebrar e mandaram confeccionar uma gigante, de mais de três metros, para promover uma destruição simbólica na frente da minha casa. O que aconteceu aqui foi um atentado à cultura popular. Quebrar viola em Tabira é violentar a alma do povo e desrespeitar a essência do lugar — diz Sebastião.
FOLHA DE S.PAULO
Governo teme falta de combustível no país ainda neste ano
Algumas regiões do país estão sob ameaça de ficar sem combustível no fim deste ano. Para evitar o desabastecimento, ou atenuá-lo, o governo federal já começou a traçar um plano de emergência, que envolve a ampliação da capacidade de transporte e de armazenamento. As reuniões tiveram início em outubro, com técnicos do Ministério de Minas e Energia, Agência Nacional do Petróleo, Petrobras e representantes das distribuidoras e dos produtores de etanol.
“Há uma grande preocupação com o curto prazo. O governo já sabe que será preciso um forte ajuste entre Petrobras e distribuidoras para que não ocorram problemas no fim do ano”, diz Antônio de Pádua Rodrigues, presidente da Unica (União da Indústria de Cana-de-Açúcar), que participa das reuniões. Segundo avaliação do grupo, as regiões mais ameaçadas são o Norte, o Nordeste e o Centro-Oeste, além de Minas e Rio Grande do Sul.
A perspectiva de colapso se deve a três fatores: 1) o consumo recorde de gasolina, que, em 2012, pela primeira vez passará de 30 bilhões de litros; 2) a falta de capacidade interna de produção; e 3) problemas de infraestrutura de armazenagem e distribuição. No fim do ano esse problema se agrava porque, historicamente, o consumo nos meses de novembro e dezembro é cerca de 10% superior à média registrada nos bimestres anteriores.
Importação de gasolina pode chegar a 20%
O Brasil terá de importar quase 20% da gasolina que consome em cinco anos, caso a produção nacional não se amplie e a oferta de etanol continue restrita. É o que mostra estudo feito a pedido da Folha pelo Grupo de Economia de Energia da UFRJ.Isso significa que, em 2017, o volume de gasolina trazido do exterior praticamente dobrará em relação a 2012, chegando a 7 bilhões de litros. A estimativa é que 12% da gasolina consumida no país venha do exterior neste ano. Os pesquisadores consideraram um crescimento do PIB de 4,5% a partir de 2013.
De olho em 2014, ministro faz maratona no interior paulista
O ministro da Saúde, Alexandre Padilha, percorreu pelo menos 36 cidades do Estado de São Paulo nos últimos três meses da campanha eleitoral deste ano, numa maratona para cumprir compromissos de sua agenda oficial e subir no palanque de dezenas de candidatos do PT e de partidos aliados ao governo. Padilha nunca disputou uma eleição até agora, mas é visto no PT como uma opção para concorrer ao governo do Estado nas eleições de 2014, no lugar de políticos mais experientes que também têm interesse na sucessão estadual, como a ministra da Cultura, Marta Suplicy, e o da Educação, Aloizio Mercadante.
Em suas andanças na campanha, Padilha participou de comícios, fez promessas de ajuda do governo federal no caso de vitória de candidatos do PT e lançou programas federais em todo o Estado. Num único dia, o sábado 25 de agosto, Padilha percorreu quase mil quilômetros e passou por seis cidades: Araraquara, Araçatuba, Barretos, Catanduva, São José do Rio Preto e Bauru. No dia seguinte, participou de eventos em outras cinco cidades.
Na sexta-feira antes do primeiro turno, ele exibiu prestígio ao chegar com a presidente Dilma Rousseff em seu carro oficial ao aniversário do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, em São Bernardo do Campo. Havia outros cinco ministros na festa, incluindo Marta e Mercadante.
PSB é a sigla que mais manteve prefeituras
Além de ter sido o partido que mais cresceu entre as siglas de médio e grande porte nas eleições municipais deste ano, o PSB foi o que maior sucesso obteve ao tentar manter sob seu controle prefeituras conquistadas nas eleições de quatro anos atrás. Em 2008, o PSB venceu as eleições para prefeito em 310 municípios. Neste ano, voltou a ganhar em 126 dessas cidades, em alguns casos com prefeitos que se reelegeram e em outros com novos nomes lançados pelo partido.
Assim, candidatos socialistas venceram em 40,6% das cidades que haviam sido conquistadas pelo partido nas eleições anteriores. A maior cidade que deu duas vitórias seguidas ao PSB é Belo Horizonte, onde o prefeito Marcio Lacerda foi reeleito. O PT do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva e da presidente Dilma Rousseff manteve sob seu controle 39,4% das cidades que havia conquistado quatro anos atrás, com destaque para Guarulhos, São Bernardo do Campo e Osasco, todos municípios da Grande São Paulo.
Interior de MT terá o prefeito mais rico do país
Lucas tem 24 anos e, apesar da pouca idade, é um importante produtor de soja, milho e algodão no interior do Mato Grosso. Mais recentemente, passou a investir na pecuária. Os negócios ganharam escala chinesa e vão lhe assegurar R$ 144 milhões na conta em 2013. Otaviano tem 53 anos, investe há mais de duas décadas nos mesmos negócios e na mesma região. Virou acionista majoritário de uma das maiores companhias agrícolas do país e tem em patrimônio declarado mais que o dobro de Lucas: R$ 321 milhões.
Lucas do Rio Verde é uma cidade com cerca de 50 mil habitantes que fica a 350 km de Cuiabá (MT). E Otaviano Pivetta (PDT) será seu prefeito a partir de janeiro. A vitória em Lucas nas eleições rendeu a Otaviano o posto de novo prefeito mais rico do país. “Só ser for entre os que declaram. Infelizmente, há tanta gente que não declara o que realmente tem. Eu declaro todos os meus bens pelo valor real”, diz.
Apesar da modesta receita anual da cidade, menos da metade da soma de seus bens, o empresário pedetista teve de investir alto para voltar a ser prefeito. Ele já governou Lucas entre 1997 e 2004 e elegeu seu vice, o atual prefeito Marino Franz (PPS).
Supremo retoma definição das penas na próxima quarta
O STF (Supremo Tribunal Federal) retoma na próxima quarta-feira o julgamento do mensalão em meio às incertezas criadas pelas ameaças do empresário Marcos Valério Fernandes de Souza, que se diz disposto a fazer novas revelações sobre o esquema. O julgamento chegou à fase final, em que os ministros do STF vão definir as penas de cada um dos 25 réus condenados. Ele foi interrompido há duas semanas porque o ministro Joaquim Barbosa, relator do caso, teve que viajar para tratamento de saúde.
Leia aqui neste site tudo sobre o mensalão
Segundo reportagens publicadas nos últimos dias pelo jornal “O Estado de S. Paulo” e pela revista “Veja“, Valério indicou aos ministros do Supremo e ao procurador-geral da República, Roberto Gurgel, que irá incriminar o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva se for chamado para prestar novo depoimento.
Marcos Valério narra chantagem por silêncio sobre assassinato
Segundo a revista “Veja”, Valério diz que os petistas lhe pediram ajuda em 2003 para silenciar um empresário de Santo André que estaria chantageando Lula e seu chefe de gabinete, Gilberto Carvalho, que hoje chefia a Secretaria-Geral da República.
MEC elimina 37 por publicar fotos do Enem em rede social
No primeiro dia de aplicação do Enem (Exame Nacional de Ensino Médio), ontem, 37 candidatos foram retirados da sala em que faziam a prova por postarem imagens do exame em redes sociais. O número foi divulgado pelo MEC (Ministério da Educação), que não informou os locais em que os alunos estavam. Candidatos que não foram flagrados ainda poderão ser desclassificados caso as mensagens sejam encontradas pelo MEC nas redes sociais.
No ano passado, ao menos oito jovens foram desclassificados por tuitarem de dentro das salas durante o exame. O porte de dispositivos eletrônicos, como calculador e celular, é vetado durante o Enem. Segundo o ministério, 5,8 milhões de candidatos participam do exame no país.
O ESTADO DE S. PAULO
Brasil expulsou mais de mil refugiados no auge da ditadura no Cone Sul
No auge da repressão no Cone Sul, o Itamaraty e militares brasileiros devolveram opositores buscados pelos regimes nos países vizinhos, rejeitaram dezenas de pedidos da ONU para que dessem asilo a famílias que estavam sendo ameaçadas e perseguidas e ainda forçaram a entidade a buscar uma saída desses refugiados para outros países. No total, em apenas cinco anos, o regime brasileiro na prática expulsou mais de 1 mil argentinos, uruguaios e chilenos do País, sempre com a cooperação da diplomacia brasileira. As informações fazem parte de centenas de telegramas, relatórios e cartas que estão guardadas nos arquivos da ONU em Genebra e que o Estado pôde consultar com exclusividade.
No total, 3,3 mil latino-americanos chegaram ao Brasil entre 1977 e 1982 em busca de asilo político e fugindo da tortura. Mas o status de refugiado seria dado para apenas 1380 deles e todos, sem exceção, seriam transferidos pela ONU a locais “seguros” à pedido do governo brasileiro. Quase 90% deles eram argentinos ou uruguaios. Nos diversos telegramas entre seus escritórios no Rio de Janeiro, Buenos Aires e a sede em Genebra, o Alto Comissariado da ONU para Refugiados alerta para a recusa do Itamaraty e do governo brasileiro em aceitar que esses opositores permanecessem no território nacional de forma permanente.
‘A Dilma ainda é uma novidade na política brasileira’, diz Temer – trecho de entrevista
Mesmo com a onda de renovação se espalhando em muitas disputas municipais, o vice-presidente Michel Temer (PMDB) se sente confortável para defender a repetição da chapa com a presidente Dilma Rousseff em 2014, preservando seu espaço como vice e procurando espantar a sombra do fortalecido PSB do governador de Pernambuco, Eduardo Campos.
Como o sr. avalia o desempenho do PMDB no 1º turno?
Acho que foi muito positivo. Nossa meta era fazer mais de mil prefeitos. Acabamos fazendo 1.031 em todo o Brasil. Só em São Paulo tivemos um acréscimo substancial. Basta dizer que na Câmara dos Vereadores não tínhamos nenhum e passamos a ter quatro. Gabriel Chalita teve um desempenho extraordinário como candidato a prefeito. E o próprio lançamento de uma candidatura em São Paulo influencia também no interior. Aumentamos em 21 municípios. Saímos de 70 e fomos para 91. Estou dando o quadro de São Paulo porque retrata um pouco o quadro do Brasil. Muitas vezes vejo alguma afirmação dizendo que o PMDB caiu em relação à última eleição. Diminuiu o número, é verdade. Mas ainda é o maior partido. O segundo tem 700 e poucas prefeituras. Atingimos a meta de manter o maior número de prefeitos, quase 8 mil vereadores. O desempenho do PMDB foi muito grande.
Um dos recados dados pelo eleitor foi a renovação. O sr. acha que o eleitor disse aos políticos “quero coisa nova”?
Acho que houve esse recado. Principalmente quando o nome novo sensibilizou o eleitorado. Porque, às vezes, pode ter um nome novo, inexperiente que não sensibiliza o eleitorado. Acho que houve em todo o Brasil um pouco essa coisa da novidade. O que é uma coisa útil. Não acho que seja uma coisa a ser criticada. É algo a ser elogiável. Acho que a renovação não foi num partido só, mas de maneira geral.
Essa renovação pode servir como recado para uma eventual candidatura da presidente Dilma Rousseff à reeleição?
A presidente Dilma é uma coisa nova. Na política brasileira, ela ainda é uma novidade. Ela traz isso e a ideia de um governo muito produtivo. Ela está fazendo um governo muito fértil para o povo brasileiro, que aplaude a presidente. Veja que ela tem um índice de aprovação de 70%. Não estou dizendo aqui que ela vai ou não para a reeleição. Isso é uma questão que ela decidirá, o partido dela decidirá. Mas que ela continua sendo uma novidade não tenho a menor dúvida disso.
Dilma projeta parcerias com Haddad para renovar discurso petista em 2014
O PT pretende utilizar a gestão de Fernando Haddad em São Paulo a partir de 1º de janeiro de 2013 para reciclar sua agenda programática. Cravada no coração do principal reduto do PSDB, a cidade promete ser, a partir do ano que vem, “laboratório” de testes de projetos do governo federal que poderão servir de bandeira na campanha eleitoral de 2014.
A promessa de Haddad de “derrubar os muros” que separam a população pobre da rica será complementada, segundo petistas, por um trabalho conjunto da Prefeitura com a presidente Dilma Rousseff com foco especial na nova classe média, um contingente de 40 milhões de consumidores surgido na última década.
Em conversas com seus conselheiros políticos, Dilma costuma repetir que essa parte da população brasileira continua sem acesso a planos de saúde e a escolas particulares. Acabará cobrando, portanto, a melhoria desses serviços do poder público.
Renovação toma pauta dos tucanos após eleição
O debate sobre renovação partidária no PSDB, que surgiu na esteira de sua derrota na disputa pela Prefeitura de São Paulo, está longe de ser ponto pacífico no partido e se baseia, principalmente, na emancipação de novos representantes de antigas dinastias políticas. Dividido desde a derrota presidencial de 2010, o PSDB esbarra em dificuldades para unificar o debate. Há quem defenda espaço para novas gerações. Há quem diga que não é uma questão geracional, mas de ideias.
“Para mim, a questão da renovação está muito mais ligada às ideias do que à certidão de nascimento”, disse o deputado Vaz de Lima, aliado do candidato derrotado do PSDB à Prefeitura, José Serra. “O que define o novo não é uma categoria. Nada mais velho que o novo do PT. É uma questão ”a-histórica” e, portanto, apolítica”, afirma o senador Aloysio Nunes Ferreira (SP).
Comissão da verdade buscará dados fora do País
Além de pesquisas feitas no Brasil, a Comissão da Verdade, em sua tarefa de investigar os abusos cometidos contra os direitos humanos de 1946 a 1985, sairá em busca de documentos, arquivos, telegramas e relatórios sobre o assunto mantidos até hoje por governos estrangeiros e organizações internacionais. O que se pretende é lançar luz sobre atos praticados pela chamada Operação Condor, que uniu governos do Cone Sul no combate a movimentos de esquerda. Arquivos já montados por comissões da verdade na Argentina, Chile, Uruguai e Paraguai serão consultados pelos representantes do grupo brasileiro.
Comissão: que verdade será revelada?
Comissão criará grupo para investigar Operação Condor
Comissão corre atrás de documento dos EUA
Nessa investigação se tentará identificar a cooperação, via Operação Condor, entre os regimes militares da região. A reportagem obteve confirmações de que também serão consultados os arquivos diplomáticos desses países. Os nomes dos governos em questão ainda estão sob sigilo.
CORREIO BRAZILIENSE
CPI do Cachoeira vai propor indiciamento de depoentes que se calarem
O código de silêncio firmado entre os integrantes da organização criminosa comandada pelo bicheiro Carlos Augusto Ramos, o Carlinhos Cachoeira, será punido no relatório final da CPI que apura a ligação do contraventor com agentes públicos, políticos e empresários. Praticamente concluído e tratado com absoluto sigilo pelo relator Odair Cunha (PT-MG) e seus principais assessores, o documento vai sugerir o indiciamento de todos os integrantes da quadrilha que, munidos de habeas corpus, a exemplo de Cachoeira, ficaram calados durante os depoimentos. O calhamaço terá mais de mil páginas e só será apresentado em 20 de novembro. Membros da comissão revelaram ao Correio que o relatório pedirá o indiciamento do governador de Goiás, Marconi Perillo (PSDB), do ex-senador Demóstenes Torres, cassado em julho, do ex-vereador de Goiânia Wlademir Garcez, do dono da Delta, Fernando Cavendish, e de diretores da empresa envolvidos no escândalo.
As sugestões de indiciamento são diversas. Têm como base vários crimes previstos no Código Penal, a exemplo de formação de quadrilha, tráfico de influência, falsidade ideológica, fraude em licitações e lavagem de dinheiro. Mais da metade dos depoentes ficou calada. Os homens mais próximos a Cachoeira, justamente os que detinham mais informações sobre a atuação do grupo, a exemplo do sargento da Aeronáutica Idalberto Matias de Araújo, o Dadá, Jairo Martins, Gleyb Ferreira da Cruz, Lenine Araújo de Souza e José Olímpio de Queiroga Neto seguiram o mesmo caminho do chefe e silenciaram.