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Na edição de O Globo do último sábado, o presidente do Senado, José Sarney (PMDB-AP), disse que desistiu da reeleição e que sequer vai concorrer a um novo mandato de senador. Quem conhece o ex-presidente da República sabe que todos os movimentos dele são estudados. Sarney esperava apoio certo do governo para mais dois anos à frente do Senado, o que não ocorreu quando o substitutivo do projeto de emenda constitucional que autoriza a reeleição foi derrotado na Câmara. Além do desgaste político, Sarney não gostou nem um pouco da briga desenfreada do líder do PMDB no Senado, Renan Calheiros (AL), pela sua cadeira. Pior do que isso, a disputa entre Sarney e Renan acabou se transformando em um reflexo da briga entre os ministros José Dirceu (Casa Civil) e Aldo Rebelo (Coordenação Política). Leia também Essa situação não é confortável para o governo. Um Sarney fora de cena e abatido é tudo o que o Palácio do Planalto não deseja. Ao anunciar que sai da disputa, Sarney deixa uma bomba de efeito retardado no colo de Renan. A suposta saída de Sarney da disputa tem efeito contrário ao desejado por Renan. Esse movimento de Sarney enfraquece o líder do PMDB, que tem um apetite voraz por poder e indicações no governo. O anúncio de Sarney ocorreu no momento em que o próprio Lula já havia acertado com José Dirceu, sem qualquer aceno ao ministro Aldo Rebelo, conduzir o ex-presidente da República para mais um período no comando do Senado. O raciocínio de Dirceu é que interessa mais ao governo ter Sarney no comando do Senado quando o presidente Lula disputar a reeleição em 2006. Com Renan na presidência do Senado, o apoio do PMDB custaria mais caro – mais liberação de verbas e mais cargos no governo para o PMDB. O próprio Renan sonha com a possibilidade de ser vice de Lula na chapa da reeleição, proposta que provoca arrepios no presidente. No PT, ter um "ex-collorido” na chapa também não agrada – uma referência ao ex-presidente Fernando Collor, de quem Renan foi líder no Congresso. |
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