Novos áudios entregues por delatores da J&F ao Ministério Público Federal mostram o empresário Joesley Batista negociando com o atual ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio, Marcos Pereira (PRB). Joesley disse, em sua delação premiada, que pagou R$ 6 milhões em propina a Pereira em troca de favores, por meio de um indicado pelo partido, na Caixa Econômica Federal. As informações são da revista Veja, que divulgou a gravação.
Segundo a reportagem, o empresário contou aos procuradores que pagou a propina para conseguir um empréstimo de R$ 2,7 bilhões na Caixa, ainda no governo Dilma, por meio de um vice-presidente da instituição, indicado na cota do PRB.
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No áudio, Marcos Pereira, que é pastor da Igreja Universal do Reino de Deus, diz que está muito feliz no governo Temer. Sem que o ministro soubesse que estava sendo gravado, Joesley o provoca a falar: “ Eu não lembro mais a conta”.
“O ministro responde: ‘Meia cinco zero’. Marcos Pereira ressalta que já haviam se reunido cinco vezes. Joesley faz as contas: ‘Uma… Cinco e quinhentos… Cinco vezes cinco… Cinco de quinhentos dá… Dois e quinhentos, tá’, diz Joesley, que continua somando: ‘Mais uma, dá mais quinhentos (…) ‘Três e seiscentos e cinquenta. Três seiscentos e cinquenta’. Joesley pede que o ministro inclua em suas anotações o valor do pagamento daquele dia: “Então, anota aí… Mais seiscentos e vinte’. O ministro concorda com os cálculos: ‘Seis, é isso aí… É isso aí’”, destaca trecho da reportagem de Hugo Marques, Rodrigo Rangel e Marcela Mattos.
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O empresário contou aos procuradores que foi procurado, ainda no governo Dilma, pelo então vice-presidente da Caixa Antônio Carlos Ferreira para tratar do empréstimo que pretendia tomar do banco. Ferreira, segundo ele, o orientou a falar com Marcos Pereira. Joesley disse que ele e Pereira se encontram e combinaram o negócio: em troca do empréstimo bilionário, o presidente do PRB receberia R$ 6 milhões, em parcelas. A última delas, de acordo com o delator, foi entregue em mãos ao ministro.
“A conversa prosseguiu. Marcos Pereira se mostra cauteloso. Em momento algum usa a palavra dinheiro. ‘Seiscentos e vinte ‘pessoas’. Joesley, no entanto, quer deixar claro que está falando de dinheiro e utiliza mais de uma vez a palavra ‘saldo’: ‘Três, três seiscentos e cinquenta… Mais seiscentos e vinte… Quatro duzentos e setenta’, diz Joesley. ‘Menos seis, dá quanto? O saldo. Um setecentos e trinta. Divide por três aí. Dividido por três… Um setecentos e trinta dividido por três’, continua Joesley. O empresário comemora: ‘Mais umas três vezes nós mata essa p. (se referindo à propina)!.’”
Na conversa divulgada por Veja, Joesley ainda pergunta ao ministro se o “menino” da Caixa está firme. “O Antonio Carlos… Ele é bom, né?”, diz Joesley, fazendo referência ao vice-presidente do banco, Antonio Carlos Ferreira. “Mantivemos ele (…) Brigamos muito, né? Foi uma queda de braço com seu amigo baiano”, diz Marcos Pereira, sem esclarecer quem seria o amigo baiano.
O ministro não quis se pronunciar até o momento sobre o assunto.