Edson Sardinha
O ministro da Defesa, Nelson Jobim, disse que o número de militares brasileiros mortos no terremoto que devastou o Haiti na última terça-feira (12) subiu para 18. Até agora, o Exército confirma 14 morte de oficiais que integravam a Força de Paz da Organização das Nações Unidas (ONU) no país caribenho. Segundo o ministro, é “eufemismo” falar em sobreviventes no momento, descartando a possibilidade de que os quatro militares desaparecidos possam ser encontrados com vida. A declaração foi dada à TV Globo, em Porto Príncipe.
Os 25 militares brasileiros feridos no Haiti devem desembarcar esta tarde em São Paulo, onde serão submetidos a atendimento médico. Jobim desembarcou nesta madrugada em Brasília, depois de visitar a capital haitiana. O avião da Força Aérea Brasileira (FAB) também trouxe o corpo da médica Zilda Arns, fundadora da Pastoral da Criança. O corpo dela será velado esta tarde em Curitiba, onde morava.
O ministro disse ainda não ter esperança de encontrar com vida o brasileiro Luiz Carlos da Costa, número dois da Missão de Paz da ONU. “Ele está naquele hotel em que funcionava a Minustah. Estão todos soterrados”, afirmou Jobim à Folha de S. Paulo, referindo-se ao Hotel Cristopher. O local, que abrigava a sede administrativa da missão, desabou com cerca de 200 pessoas dentro.
De acordo com o Comando do Exército, estavam no hotel o coronel João Eliseu Souza Zanin, o tenente-coronel Marcus Vinicius Macedo Cysneiros, e os majores Francisco Adolfo Vianna Martins Filho e Márcio Guimarães Martins.
O Exército confirmou até agora a morte dos seguintes militares: coronel Emílio Carlos Torres dos Santos; 1º tenente Bruno Ribeiro Mário; subtenente Raniel Batista de Camargos; 2º sargento Davi Ramos de Lima; 2º sargento Leonardo de Castro Carvalho; 3º sargento Rodrigo de Souza Lima; cabos Arí Dirceu Fernandes Júnior, Douglas Pedrotti Neckel e Washington Luis de Souza Seraphin; e os soldados Tiago Anaya Detimermani, Antonio José Anacleto, Felipe Gonçalves Julio, Rodrigo de Souza Lima e Kleber da Silva Santos.
Não há dados oficiais sobre o número de mortos com a tragédia no Haiti. O presidente do país, René Préval, informou que 7 mil pessoas foram enterradas ontem (14) em uma vala comum. A Cruz Vermelha estima que mais de 45 mil pessoas tenham morrido.
Prioridades
Nelson Jobim e os comandantes da Marinha, Almirante Júlio Soares de Moura Neto, e do Exército, General Enzo Martins Peri, foram recebidos nessa quinta-feira por Préval. Os brasileiros apresentaram ao haitiano o plano emergencial do Brasil para ajudar o país.
Segundo o presidente do Haiti, a prioridade é restabelecer a comunicação, o que tem dificultado as ações do governo local. “Cada vez que o presidente tem que falar com o primeiro-ministro do país tem que mandar buscá-lo. Se o primeiro-ministro quer falar com o chefe da polícia, não sabe onde ele está”, disse Préval, de acordo com relato divulgado pelo Ministério da Defesa. Depois da comunicação, os próximos problemas a serem resolvidos são a remoção dos destroços e o suprimento de combustíveis para carros do próprio governo.