O Ministro da Defesa, Nelson Jobim, confirmou hoje (15) que irá depor na próxima quarta-feira (17) na CPI das Escutas Telefônicas Clandestinas da Câmara. A convocação de Jobim foi feita após a constatação de que o Exército, em conjunto com a Agência Brasileira de Inteligência (Abin), adquiriu aparelhos com capacidade de realizar escutas telefônicas. A princípio o depoimento estava marcado para a última quarta-feira (10), mas Jobim pediu adiamento em razão de uma crise alérgica.
Além desse fato, o ministro também deve explicar aos parlamentares o possível envolvimento de militares da ativa na Operação Satiagraha, coordenada pelo delegado Protógenes Queiroz. A operação foi responsável pela prisão, no início de julho deste ano, de Daniel Dantas, dono do Banco Opportunity. O banqueiro é acusado de lavagem de dinheiro, evasão de divisas, formação de quadrilha, uso de informação privilegiada, corrupção de servidores públicos, além de suborno.
Matéria publicada nessa sexta-feira (12) pela revista Época afirma que oficiais dos serviços secretos das Forças Armadas também participaram das investigações. Em nota, o Ministério da Defesa nega.
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“Os esclarecimentos dados pelo Exército, tanto à revista quanto a outros órgãos de imprensa, que abordaram anteriormente o assunto, mostram que a Força investigou na verdade uma denúncia contra um suposto militar do Exército. A denúncia, que mostrou-se infundada, fora feita pelo delegado Protógenes Queiroz e apontava para supostas atividades externas que estariam sendo exercidas irregularmente por um suposto oficial do Exército”, diz trecho da nota.
Felix, Lacerda e Corrêa
Nesta quarta-feira (17), também está previsto o depoimento do ministro-chefe do gabinete de Segurança Institucional, Jorge Felix, do diretor-geral da Polícia Federal, Luiz Fernando Corrêa, e do diretor afastado da Agência Brasileira de Inteligência (Abin), Paulo Lacerda. A sessão irá ocorrer na Comissão de Controle das Atividades de Inteligência do Congresso (CCAI).
Segundo o presidente da comissão, senador Heráclito Fortes (DEM-PI), os três foram reconvocados para esclarecerem contradições entre os depoimentos prestados ao colegiado na última quinta-feira (11) e à CPI das Escutas Telefônicas Ilegais da Câmara.
Além dos três, também deverá voltar à comissão para depor, o diretor afastado de Contra-Inteligência da Abin, Paulo Maurício Fortunato. (Erich Decat)