O ex-presidente do Supremo Tribunal Federal (STF) Joaquim Barbosa criticou a presidente Dilma Rousseff por ter declarado ontem (29) que não respeita delator, ao refutar a delação premiada do empresário Ricardo Pessoa, da UTC Engenharia. Em oito mensagens postadas consecutivamente no Twitter, o ex-ministro do Supremo disse que nunca viu um chefe de Estado “tão mal assessorado” quanto Dilma e pediu à assessoria da presidente que a informe que atentar contra o bom funcionamento do Judiciário configura crime de responsabilidade.
Segundo ele, quem está na Presidência da República não pode “investir politicamente” contra as leis vigentes, como a que instituiu a delação premiada. “Zelar pelo respeito e cumprimento das leis do país: esta é uma das mais importantes missões constitucionais de um presidente da República!”, escreveu ele por meio de sua conta no Twitter. O ministro ressaltou que a delação premiada é um “instituto penal-processual previsto em lei” no Brasil e, como tal, precisa ser respeitada.
Leia também
Em visita oficial aos Estados Unidos desde segunda-feira (29), Dilma comentou pela primeira vez a delação do ex-presidente da UTC que disse ter repassado R$ 7,5 milhões desviados do esquema de corrupção na Petrobras para a campanha à reeleição de Dilma. “Eu não respeito um delator (…). Não respeito nenhum, nenhuma fala” , disse ela. A presidente lembrou que resistiu “bravamente” às investidas dos militares para delatar seus companheiros de luta armada enquanto estava presa durante a ditadura, na década de 70.
Para Joaquim, a fala de Dilma mostrou que existe algo “profundamente” errado na vida pública do Brasil, a começar pela equipe que assessora a presidente. “Primeiro: nunca vi um Chefe de Estado tão mal assessorado como a nossa atual presidente”, tuitou ele. “Assessoria da presidente deveria ter lhe informado o significado da expressão “law enforcement”: cumprimento e aplicação rigorosa das leis”, disse em seguida.
Por fim, o ex-ministro propõe uma reflexão coletiva: “Vocês estão vendo o estrago que a promiscuidade entre dinheiro de empresas e a política provoca nas instituições?”