Em acordo de delação premiada com a Procuradoria-Geral da República (PGR), os publicitários João Santana e Mônica Moura afirmaram que a senadora Marta Suplicy (PMDB-SP) sabia de dinheiro de caixa dois em sua campanha à prefeitura de São Paulo em 2008 e que ela “acompanhava passo a passo todas as negociações financeiras”. O mesmo anexo também fala sobre a campanha de Gleisi Hoffmann (PT-PR) à prefeitura de Curitiba naquele ano. O sigilo dos depoimentos foi levantado nessa quinta-feira (11) pelo ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Edson Fachin.
O marqueteiro dos ex-presidentes Lula e Dilma relatou à PGR o que chamou de “pedido curioso” de Marta, que, segundo ele, foi reforçado pelo colega Palocci. Segundo o delator, Marta pediu que a empresa dele contratasse Luis Favre, seu marido à época. Ele ainda afirma que a senadora já havia feito o mesmo pedido no passado a Duda Mendonça, quando ainda era prefeita da capital paulista.
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Por ser estrangeiro, Favre precisava de emprego regular no Brasil. De acordo com o publicitário, o custo da contratação do argentino seria compensado na verba não oficial da campanha, compromisso que foi honrado por Palocci com parte do pagamento em espécie e o restante depositado na conta Shell Bill pela Odebrecht. “Luis Favre foi contratado com um salário de cerca de R$ 20 mil mensais e seu contrato durou aproximadamente um ano, perdurando vários meses após a campanha, sem que nunca trabalhasse para nós. Marta disse, inclusive, que não nos preocupássemos com isto porque o currículo de Favre nos permitiria dizer que ele prestava consultoria em nossas campanhas internacionais”, conta o marqueteiro no anexo da delação.
A senadora paulista disse que as delações são mentirosas e que jamais participou de irregularidades.
“Pleno conhecimento”
De acordo com a delação de João Santana, para garantir que o casal cuidaria de sua campanha, Marta levou o ex-ministro Antonio Palocci “a tiracolo” para a primeira reunião com eles. Palocci era deputado federal por São Paulo à época. “Marta sabia da relação antiga que tínhamos com Palocci e entendia que isso facilitaria o fechamento do negócio. A responsabilidade de Palocci decorria também do compromisso da cúpula do PT, e do próprio presidente Lula, com a candidatura de Marta.”, disse Santana. Ele ainda afirma que ouviu Marta citar uma dívida histórica que o partido teria com ela, pela ajuda financeira que deu à campanha de Lula em 2002, quando ela ainda estava na prefeitura de São Paulo.
PublicidadeO então tesoureiro do PT paulista Edson Ferreira também foi citado. Segundo João Santana, Ferreira cuidou dos pagamentos oficiais da campanha “e também uma parcela por fora”. João Santana também afirmou que Marta disse a Mônica Moura que “não se preocupasse com o restante do pagamento porque ela já teria se acertado com Palocci.”
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