Num tom humilde adotado até o momento, o deputado João Paulo Cunha (PT-SP) pediu há pouco desculpas ao relator do seu processo de cassação no Conselho de Ética, Cezar Schirmer (PMDB-RS). "Quero pedir desculpas ao deputado Cezar Schirmer e estender as desculpas aos seus familiares", declarou, da tribuna, o ex-presidente da Câmara. "Não é do meu feitio (fazer isso)."
Na sessão do Conselho que aprovou seu pedido por perda de mandato, no dia 14 de março, João Paulo chamou Schirmer de "mentiroso". "Vossa excelência é omisso, para não dizer de caráter".
Durante seu discurso, o deputado reconstituiu sua trajetória política e de militância social. Destacou que, ao longo dos seus 22 anos de vida pública, boa parte deles ocupando cargos de direção, jamais precisou prestar contas dos seus atos. "Nunca precisei comparecer a canto nenhum sobre meus atos."
Contudo, João Paulo disse que a "circunstância" o colocou nessa situação para "justificar e conversar com os senhores deputados". "É muito duro para mim", declarou. "Eu sofro, sofri e sofrerei. Eu e as pessoas que me conhecem", completou.
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Após ser envolvido no escândalo no mensalão, o ex-presidente da Câmara disse que pensou em renunciar ao mandato ou abandonar a política. Afirmou que resistiu por dois motivos: o pai e a filha.
"Se me faltar coragem para seguir viagem, eu vou buscar em você, meu pai", parafraseou João Paulo, em seu discurso de improviso, uma frase do cantor Raul Seixas, constante de um retrato do pai em seu gabinete. "Eu não vou partir, vou ficar, vou resistir e vou falar", disse João Paulo a sua filha, quando perguntado se ele iria desistir de enfrentar o processo.
Ao citar várias vezes que a dureza do processo que enfrenta, o deputado petista declarou: "A política é tão excitante quanto a guerra. A diferença é que na guerra se morre só uma vez. E a gente está permanentemente morrendo."
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