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O ex-presidente da Câmara deputado João Paulo Cunha (PT-SP) divulgou ontem uma nota na qual nega a informação de que teria sacado R$ 200 mil das contas do empresário Marcos Valério no Banco Rural, ao contrário dos R$ 50 mil divulgados inicialmente. "O único saque realizado a meu pedido em uma dessas contas foi de R$ 50 mil, já divulgado e confirmado", afirma o deputado na nota. A retirada foi feita pela esposa de Cunha, Márcia Regina Milanesi Cunha, na conta da SMP&B no Banco Rural em Brasília. João Paulo foi citado anteontem pela funcionária da SMP&B Simone Vasconcelos em depoimento à Polícia Federal. Ontem pela manhã, o relator da CPI dos Correios, deputado Osmar Serraglio (PMDB-PR), confirmou que a lista entregue pela funcionária à PF relaciona o nome do petista ao saque de R$ 200 mil. O deputado disse que, em breve, vai explicar publicamente todas as denúncias que recaem sobre ele, assim como a razão do saque. Parlamentares próximos afirmam que ele vai dizer que o dinheiro foi usado para pagar dívidas de campanha. "Espero que a verdade seja reposta para que se evite o cometimento de novas injustiças", disse. Leia também PTB pede cassação de Dirceu, Mabel e Valdemar O presidente do PTB, Flávio Martinez, entregou ontem, ao Conselho de Ética da Câmara, uma representação pedindo a cassação dos mandatos do deputado José Dirceu (PT-SP), ex-ministro chefe da Casa Civil, do líder do PL na Câmara, Sandro Mabel (GO), e do presidente do PL, Valdemar Costa Neto (SP), que renunciou ao mandato de deputado federal na segunda-feira. O PTB argumenta que os três quebraram o decoro parlamentar ao articularem o mensalão, suposto pagamento de mesada do PT a deputados da base aliada. O esquema foi denunciado pelo deputado Roberto Jefferson (PTB-RJ), que responde a processo protocolado por Valdemar no próprio Conselho, também por quebra de decoro. O presidente do PL alega que Jefferson burlou o código de ética ao apresentar acusações sem provas. Antes de instaurado o processo no Conselho, Dirceu e Mabel podem usar a mesma estratégia de Valdemar e renunciar ao mandato para não perderem os direitos políticos. Porém, depois que a mesa diretora da Câmara aprovar o pedido feito pelo PTB, mesmo que abram mão voluntariamente dos cargos, os deputados não ficarão livres de uma possível cassação e de perder os direitos políticos até 2015. Ex-tesoureiro complica presidente do PL Em depoimento à Polícia Federal, o ex-tesoureiro do PL Jacinto Lamas confirmou ontem que fazia saques nas contas das agências do empresário Marcos Valério Fernandes de Souza no Banco Rural em Brasília. Lamas falou aos agentes por mais de cinco horas. O ex-tesoureiro disse que os saques foram feitos a pedido do presidente do PL, Valdemar Costa Neto, que renunciou ao mandato de deputado federal na segunda-feira. Lamas disse que levava o dinheiro até a casa do ex-parlamentar, segundo informou o delegado Luiz Flávio Zampronha, por meio de sua assessoria de imprensa. No mês passado, Maria Christina Caldeira, ex-mulher de Valdemar, disse ao Conselho de Ética que Lamas transportava malas de dinheiro para o presidente do partido. Confirmou que o ex-marido articulava o pagamento de mesadas pelo PT a membros do PL e denunciou a existência de um cofre com cerca de um metro e meio de altura cheio de dinheiro na casa de Valdemar. |