Mário Coelho
O deputado Jean Wyllys (Psol-RJ) anunciou que vai entrar com uma representação por quebra de decoro parlamentar por racismo contra o também deputado Jair Bolsonaro (PP-RJ) no Conselho de Ética da Câmara. A representação vai ser baseada em declarações dadas por Bolsonaro ao programa CQC, da TV Bandeirantes, veiculadas na noite de ontem (28). No quadro “Povo quer saber”, o deputado foi questionado pela cantora Preta Gil sobre como agiria se seu filho se apaixonasse por uma negra.
“Preta, não vou discutir promiscuidade com quem quer que seja. Eu não corro esse risco porque meus filhos foram muito bem educados e não viveram em ambiente como lamentavelmente é o teu”, respondeu Bolsonaro. Caso seja aberto um processo por quebra de decoro no Conselho de Ética, a punição pode ir de censura verbal até cassação do mandato parlamentar.
Veja o vídeo do CQC. A pergunta é feita aos três minutos e quarenta segundos:
Para Jean, o colega de bancada fluminense praticou crime de racismo. Ele chamou Bolsonaro de “racista homofóbico”, em referência ao discurso de intolerância do deputado em relação aos homossexuais. Pelo Twitter, o deputado do Psol pediu o apoio e mobilização dos movimentos negro e LGBT (lésbicas, gays, bissexuais, travestis, transexuais e trangêneros). “‘Amanhã vai ser outro dia’. Bolsonaro terá de responder por seu crime e imoralidade porque queremos uma sociedade justa e boa!”, afirmou Jean Wyllys. O site ainda tenta contato com os deputados, mas não obteve retorno.
Jean Wyllys disse que hoje vai analisar qual o meio mais rápido de representar contra Bolsonaro no Conselho de Ética. A possibilidade maior é que o próprio partido entre com uma representação. A pergunta foi feita pela cantora Preta Gil. Ao ver a resposta no programa, ela disse, também pelo Twitter: “Advogado acionado, sou uma mulher Negra, forte e irei até o fim contra esse Deputado, Racista, Homofóbico, nojento, conto com o apoio de vocês”.
“Racismo é crime! Quem pratica racismo e homofobia em tv aberta é mais que imoral; é criminoso que debocha da Constituição”, disparou Jean. Ele acrescentou que a “derrota do reacionário travestido de fascista é a existência das frentes parlamentares pela Igualdade Racial e pela Cidadania LGBT”. Pelo Código Penal, praticar, induzir ou incitar a discriminação ou preconceito de raça, cor, pode gerar uma pena de um a três anos reclusão e multa. Como Bolsanaro é parlamentar e tem foro privilegiado, só pode ser processado no Supremo Tribunal Federal (STF).
Em 2009, o Congresso em Foco fez uma retrospectiva das polêmicas em que Bolsonaro já se envolveu. Confira: ?Com que moral vão me cassar aqui??