Mário Coelho
A deputada Jaqueline Roriz (PMN-DF) já sente os efeitos políticos da divlgação do vídeo que a flagra recebendo dinheiro do ex-operador e delator do mensalão comandado pelo ex-governador José Roberto Arruda. A deputada pediu nesta quarta-feira (9) para ser substituída por outro parlamentar do partido na Comissão Especial de Reforma Política. Em carta à secretária-geral nacional do PMN, a parlamentar brasiliense afirmou que os interesses de um grupo político devem “prevalecer acima de qualquer interesse individual ou vontade pessoal”. A mensagem foi em resposta à nota divulgada pelo PMN hoje.
Na sexta-feira (4), o jornal O Estado de S. Paulo divulgou vídeo da deputada, junto com o marido, recebendo dinheiro das mãos de Durval Barbosa, ex-presidente da Companhia de Desenvolvimento do Distrito Federal (Codeplan) durante o governo de seu pai, Joaquim Roriz, e secretário de Relações Institucionais da administração de José Roberto Arruda. Pivô do mensalão do Arruda, Barbosa colabora com o Ministério Público na investigação do esquema de propina.
Maia quer informações de propina a Jaqueline Roriz
Na carta, Jaqueline disse que entrou na comissão especial “com a convicção de que o nosso PMN e seus militantes têm uma valorosa contribuição a dar a essa comissão”. “Aprendi que os interesses da sociedade, de um grupo político, devem prevalecer acima de qualquer interesse individual ou vontade pessoal e, neste contexto, solicito a minha substituição na Comissão Especial representando o PMN”, afirmou.
Em momento algum do texto, porém, Jaqueline faz menção à denúncia feita pelo periódico na semana passada. Nem comenta a possibilidade de enfrentar processo no Supremo Tribunal Federal (STF) por parte do Ministério Público. Afirmou apenas que continuará “contribuindo com propostas que façam com que o País encontre mecanismos eleitorais ainda mais democráticos, que ajudem a minimizar as injustiças sociais do nosso Brasil”.
Mais cedo, o PMN disse que convidou Jaqueline para entrar no partido por se tratar de uma “pessoa de boa índole” e “interessada no exercício da ação política”. Antes de entrar no partido, ela foi filiada ao PSDB de 2005 a 2009. “Lamentamos profundamente que com esse perfil – por moto próprio ou induzida por terceiros – [Jaqueline] tenha se deixado envolver ingênua e desnecessariamente numa prática nefasta, própria de agentes políticos de pequena expressão, com tibieza ética, moral e intelectual, sem horizontes e carreira curta”, afirmou.
O partido criticou também o uso do vídeo e, indiretamente, Durval Barbosa. “Lamentamos igualmente a transformação do instituto da ?delação premiada? num instrumento de manipulação política de que a sociedade brasileira não é merecedora”, disse o PMN na nota. No documento, a direção afirmou que vai esperar o “desenrolar dos acontecimentos” para tomar providências sobre o caso.
Leia a íntegra da carta de Jaqueline Roriz:
Ilma Sr.
Telma Ribeiro dos Santos
Secretária-Geral Nacional do PMN
Cara amiga,
Quando pleiteei uma vaga para o Partido da Mobilização Nacional, na Comissão Especial da Reforma Política, no colégio de líderes da Câmara dos Deputados, o fiz com a convicção de que o nosso PMN e seus militantes têm uma valorosa contribuição a dar a essa comissão.
A reforma política é necessária e essencial para o avanço da democracia no Brasil, para o seu aperfeiçoamento e para toda a classe política. O atual modelo é falho e precisa ser revisto com a maior brevidade possível.
Aprendi que os interesses da sociedade, de um grupo político, devem prevalecer acima de qualquer interesse individual ou vontade pessoal e, neste contexto, solicito a minha substituição na Comissão Especial representando o PMN.
Continuarei contribuindo com propostas que façam com que o País encontre mecanismos eleitorais ainda mais democráticos, que ajudem a minimizar as injustiças sociais do nosso Brasil.
Deputada Federal Jaqueline Roriz
Presidente do PMN do Distrito Federal
Leia a íntegra da nota do PMN:
O Partido da Mobilização Nacional, em resposta ao questionamento da imprensa em geral acerca do acontecimento ocorrido em 2006, envolvendo a atual Deputada Federal Jaqueline Roriz eleita em 2010 por esta Agremiação, vem registrar o que segue:
-I- ao convidarmos, em 2009, a então Deputada Distrital para ingressar em nossas fileiras, o fizemos baseados nas informações então colhidas de se tratar de uma pessoa de boa índole e fácil trato, filha zelosa, mãe dedicada, esposa amantíssima, estimada pela população, com estabilidade financeira, interessada no exercício da ação política, permitindo-nos visualizar um futuro promissor e uma carreira em ascensão;
-II- lamentamos profundamente que com esse perfil – por moto próprio ou induzida por terceiros – tenha se deixado envolver ingênua e desnecessariamente numa prática nefasta, própria de agentes políticos de pequena expressão, com tibieza ética, moral e intelectual, sem horizontes e carreira curta;
-III- lamentamos igualmente a transformação do instituto da ?delação premiada? num instrumento de manipulação política de que a sociedade brasileira não é merecedora;
-IV- lamentamos também que – com elogiáveis exceções – alguns jornalistas venham se especializando em promover antecipadamente e a seu bel-prazer o linchamento moral de algumas pessoas, quando é visível o ?poupamento? de outras cujo enriquecimento súbito causa estranheza, tanta vez que incompatível com o currículo de atividades até então exercidas;
-V- por fim, não pretendendo invadir a competência dos Órgãos a que a matéria está e estará submetida, reserva-se esta Direção – sem prejuízo das providências internas que achar conveniente adotar, aguardar o desenrolar dos acontecimentos.
Leia também