O procurador-geral da República, Rodrigo Janot, pediu ao diretor-geral da Polícia Federal, Leandro Daiello, que abra inquérito para apurar o vazamento das informações sobre pedidos de prisão de integrantes da cúpula do PMDB. Em discurso duro, na última sexta-feira (10), Janot rebateu as “insinuações maledicentes” de que seria o responsável pelo vazamento das informações.
O procurador-geral pediu há três semanas ao Supremo Tribunal Federal (STF) a prisão do presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), do senador Romero Jucá (PMDB-RR) e do ex-presidente e ex-senador José Sarney (PMDB-AP) por tentarem obstruir as investigações da Operação Lava Jato. Também solicitou a prisão do presidente afastado da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), a quem acusa de tentar prejudicar as apurações mesmo suspenso do mandato parlamentar. Para a Procuradoria-Geral da República, Sarney, Renan e Jucá “conspiraram” para tentar derrubar a Lava Jato.
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Em pronunciamento feito no fim da semana passada em encontro com procuradores eleitorais, Janot defendeu o papel do Ministério Público Federal e contestou críticas dirigidas à instituição. O procurador-geral disse não ter “transgressores preferidos” e que utilizará todos os “instrumentos legais que se fizerem necessários para investigar, processar e buscar a punição de corruptos e autores de outros delitos”.
“Figuras de expressão nacional que deveriam guardar imparcialidade e manter decoro tentam disseminar a ideia estapafúrdia de que o procurador-geral da República teria vazado informações sigilosas para – vejam o absurdo – pressionar o Supremo Tribunal Federal e obrigá-lo a decidir em tal ou qual sentido, como se isso fosse verdadeiramente possível. Há ainda juízes em Berlim, é preciso avisar a essas pessoas”, criticou.
Segundo Janot, é preciso saber quem se beneficiou com o vazamento dos pedidos de prisão dos peemedebistas. O Ministério Público, ressaltou, é que não foi. “Afirmo, senhores, peremptoriamente que esse indigitado vazamento não foi da PGR. Cabe indagar, e aí estará a resposta, a quem esse vazamento beneficiou? Ao MPF, não foi. Tomo isso como efeito colateral do trabalho sério e responsável que vem desenvolvendo o Ministério Público Federal”, declarou.