O Governador do Maranhão, Jackson Lago (PDT), negou hoje (30), ter recebido R$ 240 mil de propina da construtora Gautama, acusada pela Polícia Federal de chefiar a máfia das obras.
Após depor à ministra do Superior Tribunal de Justiça (STJ) Eliana Calmon, por volta das 15h, ele afirmou ter “uma vida honrada e limpa”. “Tenho apenas um apartamento e uma caminhonete, que pago em 36 vezes”, completou Jackson Lago.
O advogado do governador, José Eduardo Alckmin, acrescentou posteriormente que seu patrimônio também inclui uma casa no valor de R$ 20 mil. Lago disse que o envolvimento de seus sobrinhos Alexandre Maia Lago e Francisco de Paula Lima Júnior com a Gautama foi “profundamente lamentável”. Segundo a PF, foram os dois que intermediaram o repasse dos R$ 240 mil para o governador. O advogado do pedetista disse que os sobrinhos de Lago agiram sem o consentimento dele.
Jackson Lago também afirmou que existem, sim, indícios de irregularidade em seu estado, tanto que mandou abrir uma auditoria para analisar os contratos da Gautama com o seu governo. Um servidor do Tribunal de Contas da União (TCU) estaria encarregado de estruturar uma Controladoria Geral no Maranhão para apurar os fatos.
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Documentos
De acordo com o advogado de Lago, durante o depoimento de uma hora e meia, o governador apresentou documentos que comprovariam sua inocência. O inquérito da PF diz que Lago veio a Brasília e ficou hospedado clandestinamente no hotel Kubitschek Plaza, a fim de receber a propina. Entretanto, o governador apresentou à ministra a ficha de hospedagem do hotel, a conta paga por ele, e uma declaração do Kubitscheck Plaza de que esteve regularmente hospedado.
Além disso, na semana passada seus advogados também fizeram representação no Ministério da Justiça contra a suposta clandestinidade do governador relatada pela PF. Eles pedem providências contra os policiais que narraram estes fatos. De acordo com eles, Lago esteve em Brasília em compromissos com o presidente Lula e com o presidente da Câmara, Arlindo Chinaglia (PT-SP).
Alckmin afirmou que o governador ainda apresentará ao STJ extratos bancários, declarações de Imposto de Renda e o carnê de pagamento de sua caminhonete para provar o que disse. O advogado também reiterou que a ministra não recebeu de ninguém, nem da PF nem da Procuradoria Geral da República (PGR), pedido de prisão de Lago. A ministra também teria afirmado que não houve bloqueio das contas bancários do governador do Maranhão.
Outros depoimentos
Antes de Lago, depuseram o governador de Lagoas, Teotônio Vilela Filho (PSDB) (leia mais) e o deputado distrital Pedro Passos (PMDB-DF). O parlamentar não conversou com a imprensa ao sair do tribunal. O próximo depoimento é do ex-procurador geral do Maranhão Ulisses César Martins. (Eduardo Militão)