A greve de fome do deputado João Correia (PMDB-AC), iniciada ontem (11), começa a dar resultados. O presidente do Conselho de Ética da Câmara, deputado Ricardo Izar (PTB-SP), pressionou o relator do processo contra Correia, deputado Anselmo (PT-RO), para que apresente o parecer até amanhã. Caso contrário, Izar promete destituí-lo do cargo e nomear um novo relator.
Correia decidiu parar de comer e bebe apenas água para pressionar a agilização do julgamento sobre as acusações de envolvimento no escândalo dos Sanguessugas. A mulher do parlamentar foi, hoje (12), à Câmara para pedir o apoio do presidente do conselho. "Vou dar um prazo até amanhã. Se o relator não entregar o parecer, nomeio outro que esteja a par do assunto e coloco o processo em votação na semana que vem", prometeu Izar.
Em contrapartida, o presidente solicitou que ela intercedesse no fim da greve de fome. Os membros do conselho se reunirão ainda hoje para discutir o caso de Correia e dos outros deputados denunciados. Alguns dos acusados não apresentaram as próprias defesas.
Colchão e banho
Depois de passar a noite de ontem no plenário, Correia solicitou à direção da Câmara um colchão para ele descansar na próxima madrugada. Segundo o deputado, ele não conseguiu se acomodar nas cadeiras. "Dormi muito mal, por isso requisitei uns colchonetes", disse.
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Até o presidente da Câmara, deputado Aldo Rebelo (PCdoB-SP), se compadeceu do colega e foi visitá-lo, hoje pela manhã. "Ele tem direito a um julgamento justo. É uma questão de justiça que este caso tenha um desfecho. Mas já conversei com o presidente do Conselho para que ele agilize a votação", afirmou Aldo.
Além da mulher do deputado e do filho que passou a noite com ele, outros parentes o visitaram para tentar demovê-lo da iniciativa. Correia, entretanto, afirmou que permanecerá em jejum até o julgamento. "Se eu vim até aqui não vou voltar atrás. O processo tem que ser julgado", disse.
Ontem, o deputado conseguiu tomar banho nas dependências do Congresso. "É um lugar meio subterrâneo, onde ficam os bombeiros, mas foi bom para me dar ânimo", revelou.
Correia assume ter encaminhado três emendas para a compra de ambulâncias, contemplando a Planam em uma delas. O parlamentar nega, porém, ter recebido propina para isso. Apesar de não ter sido reeleito, Correia conta que deseja voltar a lecionar na Universidade Federal do Acre. "Quando eu era gente, dava aula de teoria econômica".
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