A Assessoria de Comunicação Social da Itaipu Binacional divulgou nota oficial para contestar reportagem veiculada neste final de semana pela revista Veja sobre o possível envolvimento do diretor-geral da empresa, Jorge Samek, com negócios irregulares. A estatal já havia desmentido reportagem publicada na semana passada pela revista, que acusara Samek de cobrar propinas de fornecedores da hidrelétrica.
Na edição que começou a circular ontem, Veja publica entrevista na qual o empresário Tony Garcia afirma que Samek “era ligação forte” do advogado Roberto Bertholdo, ex-conselheiro de Itaipu, que a revista aponta como o operador do mensalão no PMDB. Segundo Garcia, Bertholdo teria lhe contado que “o Samek tentava fazer os negócios sozinho ou com o Paulo Bernardo”, ministro do Planejamento e marido da diretora financeira de Itaipu, Gleisi Hoffmann.
Tony Garcia conta que Samek “às vezes deixava ele (Bertholdo) fora da coisa”, mas posteriormente os dois teriam estreitado relacionamento. “Tempos depois, o Samek passou a viajar com o Bertholdo nos jatos que ele locava para se deslocar de Foz do Iguaçu a Curitiba e Brasília”.
Na nota, a Itaipu Binacional repudia o teor da matéria, reitera que levará a revista à Justiça e anuncia outras duas providências: pedirá à Polícia Federal que investigue o assunto; e informa que Samek “colocará seus sigilos bancário, fiscal e telefônico à disposição da Comissão de Ética Pública do Governo Federal, para que se esclareça o absurdo das acusações levantadas pela revista Veja”.
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Segue a íntegra da nota divulgada pela Assessoria de Comunicação da Itaipu Binacional.
“A propósito da matéria publicada neste final de semana pela revista Veja, sob o título ‘Aparece uma testemunha’, em respeito à verdade, aos leitores de uma publicação de repercussão nacional e, sobretudo, em defesa da reputação da empresa, da dignidade e da honra de seu diretor-geral, Jorge Samek, a diretoria da Itaipu Binacional, através de sua Assessoria de Comunicação Social, sente-se na obrigação de prestar os seguintes esclarecimentos:
Mais uma vez, a revista Veja se excede e age sem compromisso com a verdade dos fatos. Na pressa de acusar, a revista generaliza, não apura, erra em suas análises e tem se revelado incapaz de separar o joio do trigo.
Ao dar ares de credibilidade ao depoimento de um aventureiro e caluniador contumaz, que se compraz em burlar a vigilância dos cidadãos de bem, ridicularizar a Justiça, afrontando-a sistematicamente – de que são provas incontestes suas folhas policial e judicial pregressas –, a revista Veja extrapola todos os limites do bom jornalismo.
E perde credibilidade, pois mistura fatos verdadeiros, dos quais Tony Garcia é profundo conhecedor e participante, com fatos notadamente falsos, lançando acusações gratuitas à Itaipu Binacional e ao seu diretor-geral brasileiro, Jorge Samek. Essa atitude talvez se justifique pela tentativa de comprovar as falsas acusações publicadas por Veja na semana passada.
Com isso, Veja nivela-se ao perfil moral de seus informantes.
A tentativa de associar Itaipu e seu diretor-geral ao suposto ‘mensalão’ não passa de mero exercício de suposição, engendrado por mentes inescrupulosas, que fazem do denuncismo fácil e desprovido de qualquer fundamentação uma forma de servir a interesses escusos.
A propósito, Itaipu reafirma enfaticamente seu compromisso de não se envolver em campanhas político-partidárias e de pautar sua gestão pela ética e pela obediência aos princípios universais da legalidade, moralidade e probidade, atendendo intransigentemente ao interesse público brasileiro e paraguaio.
A Itaipu e seu diretor-geral brasileiro, Jorge Samek, reafirmam que vão exigir direito de resposta na Justiça e adotar todas as medidas extrajudiciais e judiciais, cíveis e penais, cabíveis, para restabelecer a verdade dos fatos e reparar os danos que vêm sofrendo.
A Itaipu e seu diretor-geral brasileiro afirmam que vão requerer ao Ministério Público Federal e à Polícia Federal que investiguem o caso, especialmente para identificar os verdadeiros interesses escusos e ‘patrocinadores’ por trás dessas matérias da Veja, que os atingem, colocando-se à disposição para fornecer todas as explicações necessárias para demonstrar a absurda falsidade das acusações.
O diretor-geral Jorge Samek informa que colocará seus sigilos bancário, fiscal e telefônico à disposição da Comissão de Ética Pública do Governo Federal, para que se esclareça o absurdo das acusações levantadas pela revista Veja. Mais que isso. Samek coloca-se, também, à disposição do Congresso Nacional para prestar quaisquer esclarecimentos visando salvaguardar a sua honra e a imagem da empresa.
A revista Veja não apenas surpreende nesta atual escalada de denuncismo; ela se mostra ágil em acatar a lama, não importando de onde venha.
De resto, a Itaipu reitera o quão absurda é a notícia publicada na Veja, nº 1.946, de 8 de março de 2006, em reportagem de capa sob o título ‘Mensalão II’, com dois subtítulos epigrafados de ‘Fitas explosivas’.
Nessa matéria, entre outras tolices, a revista que outrora foi paradigma de confiabilidade e referência ética, estampou acusações à Itaipu Binacional segundo as quais a empresa teria perdoado dívida de US$ 200 milhões da Voith Siemens, em troca de suposta propina de US$ 6 milhões. Absurdo, entre outros motivos, porque o contrato para fornecimento das duas últimas unidades geradoras de Itaipu, assinado em 13 de novembro de 2000, tem o valor total de US$ 184 milhões.
Ademais, a obra em questão é conduzida pelo consórcio Ceitaipu, formado por 11 empresas, além de outras cinco subcontratadas especiais, todas lideradas pela francesa Alstom Power, não figurando a Voith Siemens como responsável exclusiva pela obra. A multa máxima por atraso no cronograma de entrega das obras é de 10% do valor total do contrato. Ou seja: US$ 18,4 milhões, valor que já está configurado, já foi cobrado parcialmente e a parte restante será cobrada em estrita observância das regras contratuais aplicáveis.
Em outras palavras, ao contrário do que foi veiculado por Veja, Itaipu não deixará de receber o valor total de multas previsto no contrato.
Por último, tal como aconteceu neste final de semana com a revista Istoé, outro veículo que estampara em suas páginas material calunioso envolvendo Itaipu – obrigada a publicar direito de resposta por decisão da juíza federal substituta, doutora Mônica Aparecida Bonavina Camargo, da 8ª Vara Federal Criminal, de São Paulo –, no caso de Veja, a resposta de Itaipu Binacional será igualmente o caminho da justiça, para que, sob as penas da lei, um veículo de imprensa, que deveria ser o paladino da ética e do compromisso de informar e formar sem preconceitos, restabeleça a verdade dos fatos, dando o direito de resposta à empresa e ao seu diretor-geral.”