O presidente da CPI dos Grampos da Câmara, Marcelo Itagiba (PMDB-RJ), avaliou há pouco que ainda é cedo para se tirar conclusões sobre o laudo divulgado nesta quinta-feira (18) pela Polícia Federal (PF).
“Eu não digo nem que isenta nem que culpa a Abin [Agência Brasileira de Inteligência], até porque não cabe, nesse momento, em que as investigações ainda estão em prosseguimento, eximir alguém do que quer que seja. Acho que as investigações têm que ser aprofundadas e os outros equipamentos periciados”, afirmou.
Itagiba disse ainda que aguarda um novo laudo, que deve ser enviado à comissão pelo Exército. Uma terceira perícia nos equipamentos da Abin também não é descartada. Ela será realizada por técnicos do Centro de Pesquisa e Desenvolvimento em Tecnologia de Campinas, contratados pela CPI.
No documento divulgado hoje, a PF afirma que a Abin não possui equipamentos capazes de fazer interceptação em aparelhos celulares ou de linha digital. Apesar dessa primeira constatação, Itagiba classificou como preocupante a possibilidade dos aparelhos poderem realizar escutas ambientais.
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“O laudo trás informações importantes de que Abin possui equipamentos capazes de fazer escutas ambientes, o que ela não deveria possuir. Ela é proibida por lei de fazer qualquer interceptação que não seja com autorização judicial. Ela não é polícia e portanto não pode ter esse tipo de equipamento", afirmou o parlamentar.
Para o presidente da CPI dos Grampos, o documento também não isenta e nem incrimina a Abin sobre uma eventual participação na realização do grampo que interceptou uma conversa entre o presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), ministro Gilmar Mendes, e o senador Demóstenes Torres (DEM-GO). No início deste mês, a revista Veja publicou o diálogo entre o presidente do Supremo e Demóstenes, afirmando que o grampo havia sido realizado por arapongas da Abin.
Apesar da previsão da realização de outros dois laudos técnicos sobre a capacidade dos equipamentos adquiridos pela Abin de fazer grampos, servidores da agência comemoraram a divulgação do primeiro documento realizado pela PF.
“É fácil ver o sorriso nos rostos dos agentes hoje. São agentes que sofreram muita pressão. Essa situação deixa muita gente satisfeita”, afirmou ao Congresso em Foco um funcionário do órgão, que pediu para não ser identificado. "É um momento especial", complementou. (Erich Decat)