Em vídeo publicado na internet, a jornalista Andrea Neves, irmã do senador Aécio Neves (PSDB-MG), negou ter recebido dinheiro da Odebrecht em conta bancária operada por ela em Nova York e disse não entender “tanto ódio e tanta irresponsabilidade” na denúncia publicada pela revista Veja no último fim de semana. De acordo com reportagem da revista, o ex-presidente da Odebrecht Infraestrutura Benedicto Junior disse, em delação premiada, que a empreiteira repassou R$ 70 milhões ao senador em “contrapartida” por obras executadas pelo grupo no governo de Minas Gerais.
“Pra mim, como disse meu irmão ontem à noite, pouco interessa agora quem mentiu, quem é o mentiroso, se o delator ou a fonte da revista. O que interessa é a mentira. Eu não sei o que está acontecendo para tanto ódio e tanta irresponsabilidade, atacar de forma tão covarde a vida das pessoas.”
Ao longo do vídeo, Andrea Neves chora e diz que a acusação contra ela e o irmão é mentirosa: “Gostaria de poder olhar no olho… (choro) Desculpa… de cada pessoa que eu conheço, de cada amigo, de cada pessoa que acompanha nosso trabalho, pra dizer que é mentira. E nós vamos provar”.
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Veja o vídeo:
Responsável pela área de comunicação do governo de Minas durante os dois mandatos de Aécio, Andrea é uma das principais conselheiras do irmão. O senador disse ser alvo de “mentiras” e “incompreensões” e que vai pedir ao ministro Edson Fachin, relator da Lava Jato, que apure o vazamento do conteúdo da delação.
Ontem a cúpula nacional do PSDB divulgou nota de desagravo a Aécio. “Nós, governadores, senadores, deputados federais e demais lideranças do PSDB, manifestamos com firmeza e indignação nosso repúdio ao ataque covarde e mentiroso sofrido pelo nosso presidente nacional, senador Aécio Neves, com base em informações falsas e absurdas”, diz o texto.
“O senador Aécio Neves tem 30 anos de dedicação à vida pública. É inadmissível a tentativa de misturá-lo com o mar de lama de corrupção sem precedentes apurado pela Lava jato e por ele próprio denunciado em 2014”, completa a nota, assinada pelos seis governadores e pelos quatro ministros do partido. O texto também é endossado pelos líderes da legenda no Senado e na Câmara e pelo presidente do Instituto Teotônio Vilela, José Aníbal.
Leia a íntegra da nota do PSDB:
“Reportagem de capa divulgada pela revista Veja dessa semana com falsas acusações ao presidente nacional do PSDB, senador Aécio Neves, gerou perplexidade em todo o país, especialmente após o advogado do delator informar que o conteúdo divulgado não faz parte da delação de seu cliente.
O PSDB nasceu na luta pela liberdade, pela democracia, pela transparência, pela ética e pela Justiça.
É por isso que defendemos a Lava Jato e o combate sem tréguas à corrupção que mina as instituições. E nessa travessia difícil e complexa um compromisso é absolutamente essencial: a busca da verdade.
Porém é inaceitável a prática de vazamentos seletivos e mentirosos que encontram eco em práticas editoriais e jornalísticas pouco responsáveis. Esses vazamentos, movidos por propósitos obscuros, buscam lançar uma névoa sobre a vida pública brasileira manchando injustamente a imagem de pessoas de bem. Retiram de seus alvos o direito à ampla defesa, ferindo frontalmente a própria constituição.
A retirada do sigilo sobre os inquéritos e delações no âmbito da Lava Jato torna-se fundamental para que a verdade possa emergir a partir do contraditório no legítimo e transparente processo judicial. E, assim, inocentes sejam preservados e corruptos, punidos. Não há democracia e República sólidas com cidadãos fragilizados em seus direitos constitucionais básicos.
Por tudo isso, nós, governadores, senadores, deputados federais e demais lideranças do PSDB, manifestamos com firmeza e indignação nosso repúdio ao ataque covarde e mentiroso sofrido pelo nosso presidente nacional, senador Aécio Neves, com base em informações falsas e absurdas.
O senador Aécio Neves tem 30 anos de dedicação à vida pública. É inadmissível a tentativa de misturá-lo com o mar de lama de corrupção sem precedentes apurado pela Lava jato e por ele próprio denunciado em 2014.
Estamos seguros que, ao final, ficará demostrada a falsidade dos fatos relatados e seus autores responsabilizados.”
Ex-executivo da Odebrecht diz ter pago valores à irmã de Aécio por meio de conta em Nova York