Estudo divulgado nesta quarta-feira (12) pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) mostra que a desigualdade de renda entre as pessoas que trabalham, tanto no mercado formal quanto no informal, diminuiu. No período analisado, entre 1990 e 2007, os salários dos que ganham menos aumentou, diminuindo a distância em relação aos salários mais altos.
A pesquisa revela, no entanto, que a desigualdade funcional de renda – ou seja, aquela que considera trabalho e propriedade – aumentou no período estudado. Em entrevista coletiva na manhã de hoje, o presidente do Ipea, Marcio Pochmann, afirmou que apesar da distribuição de renda entre os trabalhadores ter melhorado, não se pode afirmar que o país está menos desigual.
Segundo a análise do presidente do Ipea, o aumento da renda do trabalhador e a maior oferta de empregos só continuarão a ocorrer se o governo reduzir a taxa de juros básicos da economia, a taxa Selic, mantendo ainda investimentos nas áreas de saúde e de educação.
De acordo com a pesquisa, os gastos acumulados com juros, entre 2000 e 2007, foi da ordem de R$ 1,26 trilhão, enquanto os gastos relativos à saúde foram de R$ 310 bilhões e com educação, não passou de R$ 149 milhões.
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“Ademais de poder ser considerado como um gasto improdutivo [os juros], pois não gera emprego e tampouco contribui para ampliar o rendimento dos trabalhadores, termina fundamentalmente favorecendo a maior apropriação da renda nacional pelos detentores de renda da propriedade (títulos financeiros)”, conclui Pochmann no estudo.
O estudo mostra ainda que a participação dos trabalhadores na renda nacional está atualmente em 40% do Produto Interno Bruto (PIB). Em 1980, essa relação era de 50% do PIB e nos anos 50 chegou a 56%. De acordo com a pesquisa, no atual ritmo de crescimento, o rendimento do trabalho deve voltar à mesma situação já verificada em 1990 (quando representava 45,4%), somente em 2011, ou seja, 21 anos depois de um período de recrudescimento. (Renata Camargo)