Ricardo Ramos e Guillermo Rivera
Longe de concluir todas as frentes de investigação abertas contra o governo e o PT, a CPI dos Bingos deve prorrogar os trabalhos – previstos inicialmente para se encerrarem no dia 26 de outubro. “Provavelmente (a CPI) será prorrogada”, afirma o relator da comissão, Garibaldi Alves Filho (PMDB-RN). “Vou tentar que seja pedida apenas uma prorrogação mínima, e divulgar (na data original) um relatório parcial com o caso da Gtech”, antecipa o peemedebista ao Congresso em Foco.
Ao fim da primeira etapa da CPI, o relatório parcial deve ser remetido ao Ministério Público e à Polícia Federal com as conclusões sobre irregularidades nos contratos da Gtech, multinacional que administra o sistema de informática das loterias da Caixa. Também deverão estar contempladas as investigações sobre o assassinato de Celso Daniel, em Santo André (SP), e as irregularidades envolvendo a empresa Leão & Leão, em Ribeirão Preto (SP).
Leia também
O aprofundamento das apurações sobre as casas de jogos ficou para uma segunda etapa, assim como uma eventual investigação sobre o escândalo de manipulação de resultados de futebol. Ontem, a CPI conteve o desejo do governo de apurar a “máfia do apito”. O esclarecimento sobre a morte do ex-prefeito de Campinas (SP), Antonio da Costa Santos, o Toninho do PT, também pode ser incluído na segunda etapa das investigações.
A sorte dos bingos
A comissão, que já se reuniu 27 vezes e ouviu cerca de 30 pessoas, só chamou um único dono de casa de jogos, Carlos Cachoeira. Mesmo assim, Cachoeira depôs como testemunha – e não como acusado. “Nesta CPI já veio questão de prefeitura, de lixo, de contrato, de homicídio já julgado, com pessoa já presa e responsabilizada criminalmente”, critica a senador Ideli Salvatti (PT-SC), que pelo menos ontem teve aprovado o requerimento de convocação do empresário do ramo de jogos Nagib Fayad.
Se depender da disposição dos oposicionistas, o governo ainda vai ter de apostar muito na sorte pra se ver livre dos golpes da CPI dos Bingos. “A CPI vai acabar quando tudo tiver esclarecido. O governo pode tirar o cavalinho da chuva, se pensa que, emperrando a CPI, forçará a uma conclusão apressada dos trabalhos”, avisa Arthur Virgílio (AM), líder do PSDB no Senado.