Basília Rodrigues
Especial para Congresso em Foco
Em que pesem as atitudes do presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), nada a temer. Ele já elevou o tom contra o governo, cobrou respeito para o Democratas e até ensaiou atrasar o andamento da Comissão de Constituição e Justiça (CCJ), que tem pressa pra absolver Michel Temer da denúncia por organização criminosa e obstrução de Justiça.
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“Ele está tentando se descolar [de Temer]”, disse um líder de oposição sobre a conduta de Maia. “Ficou com a imagem negativa na primeira votação. Agora tem que fingir que não está jogando”, completou.
Na hora da leitura do relatório que livra Temer e ministros de todas as acusações, Maia disputou atenções, convocou os deputados para o plenário pra votação de uma medida provisória que muito interessa aos bancos. A queda de braço custou alguns minutos de atraso à CCJ. O susto foi superado rapidamente porque se tratava mesmo só de um recado.
“Rodrigo Maia não está errado de todo”, disse o vice-líder de governo na Câmara, Beto Mansur (PRB-SP). “Ele tem a pauta dele e precisa votar. Não pode ser acusado de que tá privilegiando o presidente na CCJ”, acrescentou o governista.
A investigação é contra Temer, mas é Maia que busca uma absolvição. Não quer ser acusado de manobrar nem contra nem a favor do presidente. Ele mesmo avisou que mudaria sua posição nesta segunda denúncia.
“Houve um pouco de estresse de tempo entre a votação no plenário e o atraso da leitura. Mas nada melhor do que o fim de semana com o feriado pra poder relaxar um pouco”, disse Mansur, sinalizando que conversas podem ajustar os ponteiros no período de folga.
“Não tem pelo em ovo. O Maia pode agir assim, mas não dá em nada, não”, afirmou o peemedebista Darcísio Perondi (PMDB-RS) puxando, cheio de expressões, a frase “queeeee nada” ao ser perguntado se a reação do aliado vai influenciar no resultado da votação.
Contando por baixo, o governo já tem o suficiente para vencer e barrar a consecução das investigações, 37 votos. Espera fazer trocas na bancada do PSD, virar votos no PSDB, não se abalar muito com o PSB e, assim, somar entre 38 e 42 votos. A votação do relatório a favor de Temer na CCJ está prevista para a próxima semana.
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