Thomás Alves*
No mercado dos cursos preparatórios para concursos públicos, Pernambuco alcançou o patamar de líder em toda a região Nordeste e é um dos principais polos nacionais junto com Brasília, Rio de Janeiro e São Paulo. O posto é defendido pelos empresários do setor no estado. As novas formas de metodologia de estudo, aliadas à tecnologia, foram os principais motivos para o reconhecimento.
O estado chama atenção por abrigar sedes de empresas que possuem alunos do Brasil inteiro. É o caso do “Eu Vou Passar”, localizado no Recife. A instituição atua há cinco anos e, desde início, optou pelo ensino online. O fundador, João Antônio, frisa que a concorrência sempre foi forte na região. “Em Pernambuco, os fundadores de cursos preparatórios sempre apostaram no crescimento do setor. O Brasil possui 13 milhões de concurseiros e nós identificamos que muitos concurseiros estão no estado. Isso está representado de forma tão positiva que, se uma pessoa abre um curso bom, com certeza, terá lucro”, afirma.
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Não há uma contagem exata de quantos cursos há no estado. Mas quem está no setor estima que somente Recife possui dez cursos presenciais reconhecidos e mais cinco que atuam com aulas pela internet. “É, sem dúvida, uma das capitais do Nordeste com o maior número de estabelecimentos do tipo. Aproveitamos o nosso celeiro tecnológico para preencher um nincho de mercado. Acredito muito que o nosso mercado é líder. Quem ganha com essa disputa são os alunos, que sempre tiveram boas e diversas opções para se matricular. Existem cursos para quem pode pagar mais caro, com professores renomados, ou para quem prefere investir em baixo custo”, continuou João Antônio.
Os cursos online foram, de fato, o motivo crucial para o aquecimento do ramo. As vantagens são “iscas” para chamar a atenção dos concurseiros. Com as aulas transmitidas via web, é possível ter acesso a professores reconhecidos nacionalmente, a qualquer hora e em qualquer lugar. “Na rotina puxada, nem todos têm tempo para frequentar aulas presenciais. O gasto com o deslocamento significa prejuízo. Por isso, há crescimento do mercado on line. No site, os alunos podem aprender com professores, que se dividem por área. Eles também podem enviar dúvidas”, explicou o fundador da instituição “Eu Vou Passar”. Ele acrescenta que a suspensão dos concursos em 2011 impulsionou o nicho online do mercado. “Muitos candidatos preferiram se preparar com mais tempo usando as ferramentas da internet ao invés de irem para os cursos presenciais. A escolha foi feita apoiada no baixo custo do que oferecemos e da comodidade de poder estudar em qualquer hora e lugar”, conclui.
O Complexo de Ensino Renato Saraiva é outro exemplo de empresa que optou pelo online. O negócio deu tão certo que, além do Recife, onde fica a sede da instituição, a empresa conta com estúdios de gravação espalhados em mais cinco estados. “Nós começamos com aulas presenciais. Mas, após meses, aderimos aos recursos da web, depois que muitos alunos começaram a solicitar a expansão dos serviços. Começamos com um experimento e decidimos gravar algumas aulas para web. Daí por diante, a empresa decidiu que seria mais vantajoso ter conteúdo 100% online e estruturar um site que atendesse a essa demanda. Hoje, temos cerca de 150 professores, que atende a um público entre 23 e 33 anos, cuja maioria prefere cursos temático, que preparam para Receita Federal, Caixa Econômica, entre outros”, analisou Débora Alves, coordenadora de marketing da instituição.
Em Caruaru, cidade que fica a 136 km do Recife, Gibbson Dias, de 23 anos, foi aprovado no concurso da Polícia Militar, em 2009. Ele nunca frequentou aulas presenciais e lista os motivos: “Primeiro, porque não tinha tempo. Segundo, porque não tinha condições. Terceiro, porque é mais vantajoso. Eu assisti a muitas aulas através dos vídeos na internet. Além disso, procurei apostilas em sites de cursos. Em poucos minutos, eu baixava o arquivo e começava a estudar. Fiz isso porque tinha que conciliar com meu trabalho. Foi menos difícil, dessa maneira”, disse.
A diretora executiva da Associação Nacional de Proteção e Apoio aos Concurseiros (Anpac), Maria Thereza, analisa o quadro do setor, em Pernambuco. Para ela, o estado está aderindo a uma tendência do mercado globalizado. “Os cursos presenciais perderam alunos em função do crescimento daqueles que utilizam a internet para transmitir aulas. Facilita a vida do aluno e é mais barato. As próprias instituições economizam bem mais visto que a estrutura de um curso presencial é mais complexa administrativamente. As empresas economizam e lucram muito mais por causa da quantidade de matrículas que ultrapassa barreiras territoriais”, comenta.
Clebson Rodrigues é diretor da Super Provas Software e também aposta na tecnologia. Ele foi um dos pioneiros no estado a lançar um produto que continha uma base de dados com questões de concursos anteriores. O negócio começou em 2003. Hoje, o site possui 222 mil atividades, divididas em 100 matérias. “O lançamento desse tipo de produto faz com que o mercado de cursos incline para o meio web. No futuro, eu acredito que os cursos presenciais percam cada vez mais alunos”, prevê.
*Especial para o SOS Concurseiro/Congresso em Foco
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