Thomaz Pires
Passado o aumento da temperatura no Senado, os protestos pelo afastamento do presidente da Casa, José Sarney (PMDB-AP), seguem crescentes na internet. A próxima grande manifestação organizada por internautas acontece neste feriado de sete de setembro. O protesto nacional, previsto em 13 cidades, vem sendo divulgado há mais de um mês pela rede mundial de computadores, principalmente pelo microblog Twitter, e promete ser uma resposta à sensação de que a crise está superada, conforme sustentam alguns parlamentares.
Embora o clima seja de ressaca no plenário, ainda há disposição de uma minoria em cobrar explicações de Sarney. Pivô da última investida contra o peemedebista, o petista Eduardo Suplicy, que causou rebuliço ao apresentar um cartão vermelho ao presidente da Casa, também resolveu enveredar para as marchas cibernéticas. Em sua página pessoal, lançou uma enquete sobre a necessidade do afastamento temporário de Sarney. Em menos de uma semana obteve 3.175 registros. Desses, 90,32% se mostraram favoráveis à saída do presidente do Senado.
“Essas mobilizações na internet confirmam a insatisfação das pessoas com a crise. O assunto não está encerrado com o arquivamento das representações contra Sarney no Conselho de Ética”, argumenta Suplicy. “Muitos, inclusive dentro do PT, são a favor do afastamento de Sarney. O levantamento feito por minha equipe mostra que 17,7% dos internautas filiados também defendem essa posição”, completa.
A concentração do protesto nacional está marcada para o início da manhã. Em Brasília, ela irá ocorrer na rodoviária da cidade. A previsão é que os manifestantes, munidos de apitos, panelas e cartazes compareçam ao desfile oficial na Esplanada dos Ministérios, onde as autoridades acompanham a cerimônia juntamente com o presidente Lula.
Ferramenta de protesto
Criado há dois meses, pouco depois das denúncias dos atos secretos, o site Fora Sarney tornou-se uma das referências nos protestos disseminados na internet contra o presidente do Senado. De acordo com seu idealizador, Moah Sousa, a página já registra 48 mil mensagens postadas desde o lançamento oficial do site. No Twitter, já reúne mais de 12 mil seguidores, que espalham em progressão geométrica os protestos na rede.
A ideia teve como inspiração e pano de fundo o futebol. Após uma ampla campanha de um site para o afastamento do então técnico do Palmeiras Wanderley Luxemburgo, Moah percebeu que teria o mesmo poder de mobilização na política. “Foram registradas mais de 150 mil mensagens pedindo a saída do técnico. Acabou dando certo. Sempre tive lucidez para saber que na política é diferente, mas o episódio serviu de incentivo”, conta o criador.
Inicialmente, o site contava com apenas três pessoas. Mas em menos de cinco dias caiu na simpatia dos internautas. Passou então a contar com a colaboração de novos internautas com o envio de textos, charges e vídeo, como o postado no site na última semana.
“A internet é um poderoso instrumento de manifestação. É por meio dela que conseguimos discutir assuntos que estão fora da ordem do dia. Isso está acontecendo nas denúncias contra Sarney nos últimos dias. Mas conseguimos causar agitação e efervescência nos blogs, no Twitter, no Orkut e no MSN. E as pessoas não estão deixando o assunto de lado”, afirma.