Assinado pelo economista Luiz Gonzaga Belluzzo, pelo teólogo Leonardo Boff, pelo ex-porta-voz do ex-presidente Lula André Singer, pelo MST, entre outros, o texto aponta as eventuais indicações como “uma regressão da agenda vitoriosa das urnas” e uma guinada à direita por parte de Dilma. O manifesto reúne mais de 60 assinaturas.
Kátia Abreu é dada como nome certo para o Ministério da Agricultura, enquanto Joaquim Levy é apontado na imprensa como o preferido de Dilma para comandar o Ministério da Fazenda. “Ambos são conhecidos pela solução conservadora e excludente do problema fiscal e pela defesa sistemática dos latifundiários contra o meio ambiente e os direitos de trabalhadores e comunidades indígenas”, afirmam os ativistas e intelectuais.
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O texto critica a postura de Dilma e cobra mais diálogo por parte da presidente reeleita com os setores que ajudaram a reelegê-la. “No terceiro turno que está em jogo, a presidenta eleita parece levar mais em conta as forças cujo representante derrotou do que dialogar com as forças que a elegeram.”
Presidente da Confederação Nacional da Agricultura e Pecuária (CNA), Kátia Abreu é uma das principais lideranças da bancada ruralista no Congresso e fez forte oposição ao governo Lula, quando era filiada ao DEM. Aproximou-se de Dilma em 2010 e filiou-se ao PSD, partido que trocou pelo PMDB em 2013.
Desde que seu nome ganhou força para comandar a Fazenda, Joaquim Levy enfrenta resistência de petistas que consideram seu perfil conservador. Executivo do Bradesco, o ex-secretário do Tesouro no governo Lula teve atrito com o atual titular da pasta, Guido Mantega, quando era auxiliar do então ministro Antonio Palocci. Em 2006, Mantega chegou a dizer que Levy não tinha visão sintonizada com as políticas sociais do governo Lula.
O manifesto aponta contradição entre as possíveis nomeações de Joaquim Levy e Kátia Abreu e as bandeiras de campanha de Dilma. “A presidenta Dilma Rousseff ganhou mais uma chance nas urnas não porque cortejou as forças do rentismo e do atraso e sim porque movimentos sociais, sindicatos e milhares de militantes voluntários foram capazes de mostrar, corretamente, a ameaça de regressão com a vitória da oposição de direita”, afirmam os intelectuais e ativistas.
Leia o “Manifesto em Defesa do Programa Vitorioso nas Urnas, contra Joaquim Levy e Kátia Abreu”:
“A campanha presidencial confrontou dois projetos para o país no segundo turno. À direita, alinhou-se o conjunto de forças favorável à inserção subordinada do país na rede global das grandes corporações, à expansão dos latifúndios sobre a pequena propriedade, florestas e áreas indígenas e à resolução de nosso problema fiscal não com crescimento econômico e impostos sobre os ricos, mas com o mergulho na recessão para facilitar o corte de salários, gastos sociais e direitos adquiridos.
A proposta vitoriosa unificou partidos e movimentos sociais favoráveis à participação popular nas decisões políticas, à soberania nacional e ao desenvolvimento econômico com redistribuição de renda e inclusão social.
A presidenta Dilma Rousseff ganhou mais uma chance nas urnas não porque cortejou as forças do rentismo e do atraso e sim porque movimentos sociais, sindicatos e milhares de militantes voluntários foram capazes de mostrar, corretamente, a ameaça de regressão com a vitória da oposição de direita.
A oposição não deu tréguas depois das eleições, buscando realizar um terceiro turno em que seu programa saísse vitorioso. Nosso papel histórico continua sendo o de derrotar esse programa, mas não queremos apenas eleger nossos representantes políticos por medo da alternativa.
No terceiro turno que está em jogo, a presidenta eleita parece levar mais em conta as forças cujo representante derrotou do que dialogar com as forças que a elegeram.
Os rumores de indicação de Joaquim Levy e Kátia Abreu para o Ministério sinalizam uma regressão da agenda vitoriosa nas urnas. Ambos são conhecidos pela solução conservadora e excludente do problema fiscal e pela defesa sistemática dos latifundiários contra o meio ambiente e os direitos de trabalhadores e comunidades indígenas.
As propostas de governo foram anunciadas claramente na campanha presidencial e apontaram para a ampliação dos direitos dos trabalhadores e não para a regressão social. A sociedade civil não pode ser surpreendida depois das eleições e tem o direito de participar ativamente na definição dos rumos do governo que elegeu.
Confira a lista com as primeiras adesões:
LUIZ GONZAGA BELLUZZO – FACAMP/UNICAMP
JOÃO PEDRO STÉDILE – MST
LAURA TAVARES SOARES – UFRJ
LEONARDO BOFF – Teólogo
JOAQUIM ERNESTO PALHARES – Jornalista
LAURINDO LEAL “LALO” FILHO – USP
PEDRO PAULO ZAHLUTH BASTOS – UNICAMP
ANDRE SINGER – USP
JOSÉ ARBEX JR – PUC/SP
IVANA JINKINGS – Diretora Editorial
IGOR FELIPPE – Jornalista
PAULO SALVADOR – Jornalista
ALTAMIRO BORGES – Militante Político
ROSA MARIA MARQUES (PUC-SP)
VALTER POMAR – Militante do PT
MST – Movimento Dos Trabalhadores Sem Terra
FORA DO EIXO
MÍDIA NINJA
REDE ECUMENICA DA JUVENTUDE (REJU)
CENTRO DE MÍDIA ALTERNATIVA BARÃO DE ITARARÉ
GILBERTO CERVINSKI – MAB – Movimento Dos Atingidos Por Barragens
WLADIMIR POMAR – Analista político e escritor
ANDREA LOPARIC – USP
BRENO ALTMAN – Jornalista
ALFREDO SAAD-FILHO (SOAS – UNIVERSIDADE DE LONDRES)
MARIA DE LOURDES MOLLO (UNB)
NIEMEYER ALMEIDA FILHO (UFU)
CARLOS PINKUSFELD (UFRJ)
MARCELO PRONI (UNICAMP)
PEDRO ESTEVAM SERRANO – PUC/SP
PEDRO ESTEVAM DA ROCHA POMAR – Jornalista
GENTIL CORAZZA (UFRGS)
RUBENS SAWAYA (PUC-SP)
PEDRO ROSSI (UNICAMP)
CONCEIÇÃO OLIVEIRA – Educadofra e blogueira
LUIZ CARLOS DE FREITAS – UNICAMP
LUCIO FLÁVIO RODRIGUES DE ALMEIDA – PUC-SP
CAIO NAVARRO DE TOLEDO – UNICAMP
MARIA A. MORAES SILVA – UFCAR E UNESP
JOYCE SOUZA – Jornalista
EDUARDO FERNANDES DE ARAUJO – UFPA
LUIZ CARLOS PINHEIRO MACHADO – UFRGS – UFSC – UFFS
ANA LAURA DOS REIS CORREA – UNB
MONICA GROSSI – UF de Juiz de Fora
DANIEL ARAUJO VALENÇA – UFERSA
MARCIO SOTELO FELIPPE – Advogado
DEBORA F. LERRER – CPDA/UFRRJ
HORACIO MARTINS DE CARVALHO – Militante Social
GERALDO PRADO – UFRJ
ANTONIO MACIEL BOTELHO MACHADO –
JUAREZ TAVARES – UERJ
CLARISSE MEIRELES – Jornalista
HELOISA FERNANDES – Socióloga/SP
ARLETE MOYSÉS RODRIGUES – UNICAMP
HELOISA MARQUES GIMENEZ – UNB
FLAVIO WOLF AGUIAR – USP
FERNANDO MATTOS (UFF)
BRUNO DE CONTI (UNICAMP)
JOSÉ EDUARDO ROSELINO (UFSCAR)
ARIOVALDO DOS SANTOS – FEA/USP
LEVANTE POPULAR DA JUVENTUDE”