A insatisfação da base aliada ao governo de Dilma Rousseff, somada à obstrução da oposição, resultou na derrubada da pauta de votações desta quarta-feira (10). Estava prevista a análise da Medida Provisória 532/11, que atribui à Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP) a fiscalização e a regulamentação do setor produtivo de etanol, antes considerado um subproduto agrícola.
Na pauta, ainda estão outras três MPs, todas trancando as votações. Apesar dos diferentes motivos, a “obstrução branca” feita pela base provocou um comentário bem humorado do presidente da Câmara, Marco Maia (PT-RS), momentos antes de entrar no gabinete do colega de partido Arlindo Chinaglia (SP): “Pela primeira vez, base e oposição concordaram com alguma coisa. Ninguém quer votar nada”, brincou.
Leia também
No fim da tarde, o líder do governo, Cândido Vaccarezza (PT-SP), admitiu que a votação da MP 532/11 não sairia por falta de adesão de partidos da base, descontentes com o governo. “Hoje alguns líderes me informaram de um clima que dificultaria as votações desta quarta-feira. Por isso, não vamos forçar uma votação”, disse o líder. A intenção inicial era ler o relatório. Porém, o deputado Arnaldo Jardim (PPS-SP) disse precisar de mais tempo para elaborar o relatório.
Denúncias dificultam
O presidente da Câmara afirmou que as recentes denúncias contra partidos aliados ao governo, em especial o PR e o PMDB, dificultam as votações. “Acho que há um clima de desconforto, de instabilidade na base do governo em função dos acontecimentos políticos que tivemos nas últimas semanas”, disse. O petista acrescentou que, no entanto, vai propor uma pauta de votações na próxima semana em reunião de líderes.
Porém, aliado à insatisfação dos governistas com a demora na liberação de emendas e com o medo de uma possível faxina nos ministérios, existe a obstrução da oposição. O líder do DEM, deputado ACM Neto (BA), prometeu manter o clima de enfrentamento na semana que vem. “Comunicamos ao presidente da Câmara que só cogitamos sair da obstrução no momento em que ele aceitar colocar em votação matérias de interesse dos parlamentares. A pauta que ele [Marco Maia] apresentou hoje é uma pauta do Executivo e não do Legislativo”, ressaltou.
Publicidade