Uma troca de insultos entre deputados tirou do ar a calmaria instalada hoje (16) à tarde, no plenário da Câmara, durante a votação da MP 431/08, cujo texto principal foi aprovado pelos deputados. O líder do PHS na Câmara, deputado Miguel Martini (MG), ocupava a tribuna para discutir o mérito da matéria, que reajusta o salário de 1,4 milhões de servidores públicos civis (800 mil) e militares (600 mil). Martini é o líder de uma bancada que reúne, além dele, apenas outro deputado, Felipe Bornier (PHS-RJ).
A diminuta bancada do PHS foi o motivo para que o deputado Inocêncio Oliveira (PR-PE), diante do prolongamento do discurso de Martini, criticasse o fato de uma bancada com menos de cinco deputados ter direito a uma liderança – com todas as prerrogativas garantidas à função, como o direito ao uso da palavra em determinadas ocasiões, estrutura funcional na Casa e participação em reuniões reservadas às lideranças.
Obviamente, Martini não gostou nada das palavras de Inocêncio, proferidas no momento em que ele se preparava para iniciar seu discurso, já na tribuna. De forma alterada, Martini disse que, se Inocêncio quisesse impedir sua atuação em plenário, que “rasgasse” ou “mudasse” o Regimento Interno da Câmara. “Eu exijo que Vossa Excelência me respeite!”, bradou o líder do PHS.
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Inocêncio, que presidia a sessão naquele momento (o presidente da Câmara, Arlindo Chinaglia – PT-SP, havia se ausentado pouco antes do plenário), observou e, depois que Martini deixou a tribuna, disse que falou “genericamente”, e que não teve a intenção de nominar sua discordância. “Mas se a carapuça serviu…”, completou.
Como é de praxe em sessões deliberativas, a TV Câmara filmava tudo no momento do bate-boca, e flagrou essa última frase de Inocêncio. Fora de enquadramento, era possível ouvir o deputado Miguel Martini continuar a proferir seus gritos de revolta, tendo inclusive tornado a pedir a palavra, ao que Inocêncio proferiu: “Não vou dar novamente a palavra a Vossa Excelência. Não merece!”, vociferou, visivelmente nervoso. Mas a discussão parou por aí, e a votação prosseguiu. (Fábio Góis)