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Algumas máquinas já chegaram para a população. Em nove meses, deverão exportar arroz, feijão, milho, mandioca, segundo anunciou ao Congresso em Foco o coordenador do Centro Indigenista de Roraima (CIR), Mário Nicácio Wapichana, do povo macuxi. O objetivo é fazer produtos com a marca da Raposa. “Temos estudos para criação do selo verde, com produtos indígenas, artesanato, para dar qualidade ao consumidor”, explicou.
Para ele e outros membros da comunidade, a culpa do atraso na produção agrícola é das autoridades, que nos últimos quatro anos não ofereceram técnicas de plantio e manejo, além de embargarem lavouras. Nos próximos dias, prometem plantar na imensa reserva de 1,7 milhão de hectares. Inicialmente, serão 40 hectares de milho, dez hectares de mandioca e de dez hectares de feijão. O twxawa (pronuncia-se “tuchá-ua”) Constâncio Constantino, tem 58 anos e pertence ao povo macuxi na comunidade na região do Baixo Cotino, onde vivem 4 mil pessoas. Ele diz que a produção vai incluir também arroz e banana. Já existe gado na região.
Os brancos de Boa Vista devem ajudá-los. O deputado Márcio Junqueira (DEM-RR) esteve no centro dos conflitos com os índios na briga pela demarcação contínua da reserva junto com o deputado Paulo César Quartieiro (DEM-RR). Mas hoje quer apoiar a produção por entender que isso é importante para abastecer a economia local. “Nós vamos ajudá-los. Queremos que eles produzam. Estamos construindo entendimentos com os órgãos ambientais pois não podemos deixar essa área improdutiva. Quando eu chego no mercado, não quero saber se a farinha foi fabricada por um branco, índio ou negro. Quero saber se está acessível e se eu posso comprar”, afirmou o deputado.
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Passo a passo
PublicidadeFranklin Paulino, um dos líderes no Baixo Cotino, conta que o gado está morrendo, mas diz que aos poucos a população vai aprender as técnicas agropecuárias dominadas pelos antigos proprietários. Assim, poderão produzir em grande escala. “Passo a passo a gente vai chegar a alcançar o nosso objetivo. A gente quer estar negociando e ampliar mais as lavouras”, disse ele à reportagem. O lucro das vendas vai ser aplicado na comunidade local.
No local onde antes funcionava a sede da fazenda Providência, que chegou a ser destruída pelo próprio Quartieiro ao saber que deveria deixar a região, Paulino exibe um trator usado recém-obtido. Ele rejeita as críticas de que os índios são “preguiçosos” e estariam inaptos para o trabalho rural. “É história mesmo. Isso não é verdade. A gente nunca morreu de fome”, Paulino, um tempo depois de almoçar carne cozida e peixe assado.
Desde terça-feira da semana passada (16), o Congresso em Foco pede uma entrevista com representantes da Fundação Nacional do Índio (Funai), para explicar críticas ao abandono da Reserva Raposa Serra do Sol. Mas não a obteve até o fechamento da reportagem.
*O repórter viajou a convite da Comissão da Amazônia da Câmara
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