Integrantes da CPI dos Correios estão convencidos de que o indiciamento do publicitário Duda Mendonça pela Polícia Federal (PF), revelado pela revista Veja, não o fará colaborar com a comissão, informa a edição de hoje do jornal O Estado de S. Paulo. Ao contrário, os parlamentares acreditam que, no novo depoimento – ainda sem data marcada -, Duda será bem menos prestativo do que da primeira vez, em agosto, quando compareceu espontaneamente à CPI.
Ele disse, na ocasião, ter aberto conta nas Bahamas por orientação do empresário Marcos Valério Fernandes de Souza, acusado de operar o mensalão, para receber R$ 10,5 milhões como pagamento por serviços publicitários na campanha do PT em 2002. Para o senador Álvaro Dias (PSDB-PR), o publicitário disse “meias-verdades” em sua própria defesa e “ainda assim foi devastador”.
Duda e sua sócia, Zilmar Silveira, foram indiciados no último dia 2 por evasão de divisas e lavagem de dinheiro, depois de terem se recusado a colaborar com a investigação no depoimento que prestaram à PF, em Salvador. Ele se auto-rotulou “vítima política em um ano eleitoral”, sem avançar nas informações sobre o dinheiro que movimenta no exterior.
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A CPI dos Correios aguarda a chegada desses dados, rastreados por autoridades norte-americanas. A remessa foi acertada no encontro de promotores de Nova York com membros da comissão. O presidente da CPI, senador Delcídio Amaral (PT-MS), acredita que serão necessárias duas semanas para fazer o cruzamento das contas de Duda no exterior.
Em entrevista ao Estadão, o deputado ACM Neto (PFL-BA) diz que, no novo depoimento, o publicitário vai manter “postura retraída”. “Ele manterá postura retraída, arrependida, para construir uma história que interessa a ele.” ACM Neto disse temer que os dados novos sobre Duda só cheguem à CPI perto do encerramento dos trabalhos, na segunda quinzena de março.
Daí porque, para evitar que isso impeça seu depoimento, Álvaro Dias quer que Duda seja ouvido logo após o carnaval, estando ou não concluído o exame dos dados recebidos dos EUA. Dias avalia que não será fácil vencer “estímulos” do governo para mantê-lo calado. Referiu-se ao favorecimento de sua agência com contratos de peso, como o da Petrobrás.