A quatro dias das eleições municipais em todo o país, na capital paulista as apostas continuam para saber com certeza quem disputará o segundo turno com a candidata Marta Suplicy (PT). Na frente da disputa pela prefeitura de São Paulo com 35% das intenções de voto, de acordo com as últimas pesquisas do Ibope e do
Datafolha, a petista aguarda a definição do adversário com quem irá disputar o segundo round previsto para ocorrer no dia 26 de outubro.
Em seu retrovisor, a ex-ministra tem o atual prefeito e candidato à reeleição Gilberto Kassab (DEM), que ultrapassou o ex-governador Geraldo Alckmin (PSDB) só agora, na reta final da campanha.
De acordo com o Datafolha, o democrata segue numa linha ascendente, atingindo 27% das intenções de voto. Já Alckmin oscilou para baixo, registrando 19%. Antes, eles estam empatados tecnicamente. Mas o tucano segue uma trajetória de queda nas pesquisas, em oposição a Kassab.
Apesar de apontar na dianteira, Marta deve itensificar o corpo-a-corpo nas ruas até o dia da eleição com o objetivo de obter o maior número de votos para enfrentar o vencedor da disputa que rachou o ninho tucano na capital paulista. Pela primeira vez, uma simulação de segundo turno mostra que ela perderia a disputa para Kassab, que teria 49% dos votos contra 44% da petista.
Atual disputa eleitoral coloca até mesmo uma possível coligação entre os antigos aliados na capital (DEM e PSDB) em xeque. Segundo o presidente do PSDB, senador Sérgio Guerra (PE), o partido só trabalha com a hipótese de Alckmin estar no segundo turno. Em contrapartida, o vice-líder do DEM na Câmara, Guilherme Campos (SP), diz que a legenda descarta apoiar o tucano. “Essa hipótese [de Alckmin vencer Kassab] é tão remota que ainda não pensamos nisso”, desdenhou.
Da arquibancada, o presidente nacional do PT, deputado Ricardo Berzoini (SP), comemora o imbróglio. “É óbvio que disputar com um adversário dividido sempre é melhor. Mas temos que ter humildade para trabalhar dentro dos nossos potenciais”, disse ao Congresso em Foco.
Berzoini desconversa quanto à preferência de um adversário para Marta. “Escolher o adversário ideal sempre é especulativo, tem que estar preparado para os dois”, afirmou o deputado. Ele vê na possibilidade de Alckmin não ir para o segundo turno um erro de estratégia cometido pelos adversários.
“Caso o Alckmin não vá para o segundo turno, ele será vítima da divisão do próprio partido. Quanto ao futuro político dele [em caso de derrota], não cabe a mim como presidente do PT fazer análise a respeito dessa questão”, ponderou.
Protagonistas
No segundo turno, com a definição do adversário de Marta, um novo elemento entra em cena. O atual governador, José Serra (PSDB), estará livre para apoiar abertamente o vencedor da disputa entra Alckmin e Kassab. Encurralado pela circunstância de ser cabo eleitoral do ex-governador contra o atual prefeito e também aliado, Serra preferiu pela discrição.
Membros do comitê de campanha de Alckimin garantem que já está tudo certo para o chefe do Palácio do Bandeirantes entrar na campanha no segundo turno.
“Ele vai ficar confortável para apoiar o partido que já o apoiou quando disputou a prefeitura”, avalia Guilherme Campos, que aposta na derrota de Alckmin.
Apesar da pouca exposição nessa primeira etapa, o nome de Serra é disputado pelos dois candidatos. Exemplo dessa estratégia pôde ser visto nas considerações finais do último debate ocorrido na Rede Record. Na ocasião, Kassab se esquivou dos ataques dos adversários e aproveitou para ressaltar o vinculo de sua gestão ao do governador.
“Continuarei desenvolvendo o plano que construí junto com o José Serra e com a excelente equipe que tenho. E quero dividir com eles a minha excelente gestão. Não vou cair nas provocações, não vou responder às agressões, nada vai me desviar de debate a cidade. O que interessa para o paulistano são as propostas”, considerou o candidato, que assumiu a prefeitura após Serra deixá-la para concorrer ao governo do estado, em 2006.
No primeiro bloco do programa, Alckmin contestou a estratégia de Kassab.
“Sou eu o candidato do PSDB. O candidato Kassab é do Democratas, antigo PFL. São fatos e fatos que são importantes, não estamos discutindo o atual mandato, estamos discutindo o futuro de São Paulo, os próximos quatro anos. Eu sou do PSDB e o aliado do Kassab é o Quércia. Coerência é importante e é muito importante saber quem vai governar a cidade”, disparou.
Confusão
Para o deputado tucano Sílvio Torres (SP), Kassab cresceu na preferência do eleitorado por causa do tempo de televisão. Entre os 11 candidatos, ele tem a maior exibição na telinha, com 8 minutos e 44 segundos. Marta conta com 6 minutos e 40 segundos e Alckmin com 4 minutos e 27 segundos. A propaganda será exibida até amanhã (2).
“De julho para cá, ele subiu 10 pontos passando de 14 para 24. O que fez ter esse crescimento com certeza foi o espaço de TV e rádio da campanha. Além disso, ele apostou na confusão porque nesses programas ele se colocou como candidato do PSDB”, criticou Torres.
“Nessa reta final vamos seguir a linha de acentuar as diferenças de história política, de realização e administração entre os dois.”
Guilherme Campos concorda com o fato de Kassab ter crescido em razão do maior espaço no programa eleitoral gratuito de rádio e TV, mas não descarta as realizações do candidato como fator principal do atual quadro da disputa.
“O que se tinha na avaliação anterior era o índice de conhecimento dos candidatos que já disputaram à presidência, o governo do Estado, por isso Kassab não tinha o mesmo índice. Agora, se colocou a aprovação da gestão no índice. Mas sem dúvida o crescimento seria impossível se não fosse a TV”, avaliou o deputado.
Reunião com Lula
Já o PT pretende pegar uma carona na popularidade do presidente Lula no intuito de garantir a vitória de Marta, no segundo turno. Às v&eacut
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