O relator da CPI dos Bingos, senador Garibaldi Alves (PMDB-RN), apresentou, nesta quarta-feira, as primeiras conclusões sobre a investigação do contrato da Caixa Econômica Federal com a Gtech. No relatório (veja a íntegra), que será votado na próxima semana, Garibaldi sugere o indiciamento de 34 pessoas que, direta ou indiretamente, teriam participado da renovação do contrato de R$ 650 milhões do banco com a multinacional de loterias.
Entre os citados, aparecem três ex-assessores do ministro da Fazenda, Antonio Palocci. São eles: Ademirson Ariovaldo da Silva (ex-chefe de gabinete de Palocci no ministério), Wladimir Poleto e Rogério Buratti, que foram auxiliares de Palocci em Ribeirão Preto. Garibaldi também responsabiliza o atual presidente da Caixa, Jorge Mattoso, e o ex-assessor da Casa Civil Waldomiro Diniz, pelas irregularidades.
O relator ainda sugere o indiciamento de três ex-dirigentes da CEF no governo Fernando Henrique Cardoso: Danilo de Castro, Sérgio Cutolo e Emílio Carazzai. Estão na lista ainda os executivos da Gtech Antônio Carlos Lino Rocha e Marcelo Rovai e o empresário Carlos Augusto Ramos, o Carlinhos Cachoeira.
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O relatório parcial ressalva que não há, por enquanto, como qualificar a conduta de Palocci, do ex-deputado José Dirceu e do ex-dirigente da Caixa Danilo de Castro porque eles, apesar de investigados, ainda não foram ouvidos pela comissão.
“É oportuno ressaltar que a CPI ainda está investigando Palocci e Dirceu em outras linhas de investigação que não fizeram parte do presente relatório, tais como a relação entre o jogo e o crime organizado, lavagem de dinheiro e máfias vinculadas a concessionários de serviços públicos como os de coleta de lixo e transporte, bem como o financiamento de campanhas por empresários de jogos em caixa dois”, diz Garibaldi.
O relator também sugere que o Congresso Nacional anule, por decreto legislativo, o contrato entre a Caixa e a Gtech. Garibaldi argumenta que a relação contratual entre a CEF e a multinacional para a operação do canal lotérico da Caixa foi marcada, desde o início, por irregularidades.
Entre as irregularidades apontadas pelo relator estão o direcionamento da licitação para implantação de um modelo on-line de loteria e a criação de dependência tecnológica entre a Caixa e a Gtech. Garibaldi também destaca que encontrou indícios de pagamentos de propina a pessoas ligadas a agentes públicos na renovação do contrato em 2003. Segundo ele, ainda houve sucessivos aumentos dos valores dos contratos acima do permitido por lei.
Veja, abaixo, os nomes de quem a CPI dos Bingos quer pedir o indiciamento ao Ministério Público:
– Ademirson Ariovaldo da Silva (ex-chefe de gabinete de Palocci);
– Wladimir Poleto (ex-assessor de Palocci);
– Rogério Buratti (ex-assessor de Palocci);
– Jorge Mattoso (presidente da Caixa);
– Waldomiro Diniz (ex-assessor de José Dirceu);
– Simão Brayer
– Marcelo José Rovai;
– Antônio Carlos Lino da Rocha;
– Marcos Tadeu de Oliveira Andrade;
– Magda Kihel;
– Carlos Augusto Almeida Ramos;
– Enrico Gianelli;
– Sérgio Cutolo dos Santos;
– Emilio Carazzai Sobrinho;
– Adelmar Torres;
– Eduardo Tavares de Almeida;
– Fernando Manuel Carneiro;
– Henrique Costábile;
– Jitsuo Almeida;
– José Maria Nardelli Pinto;
– Aires Ferreira Coimbra;
– Fábio Luis Rezende de Carvalho Alvim;
– Gláucio Geronasso;
– Márcio Tancredi;
– Antônio Carlos Barasuol;
– Marco Antonio Lopes;
– Luiz Francisco Monteiro de Barros Neto;
– José Lindoso Albuquerque;
– Paulo Roberto Paixão Bretas;
– Carlos Eduardo Fernandes da Silveira;
– José Carlos Alves;
– Walter Santos Neto;
– Hélcio Barbosa Cambraia Júnior;
– Marcelo Coelho de Aguiar.
O relatório preliminar sugere ainda o indiciamento das seguintes empresas:
Gtech Brasil Ltda;
MM Consultoria Ltda;
S Santos Assessoria Ltda.