Em seu primeiro dia de julgamento pela Justiça Federal, o ex-deputado Hildebrando Pascoal (PFL-AC) defendeu-se por quase quatro horas diante do júri. Ele é acusado de mandar matar o soldado do Corpo de Bombeiros Sebastião Crispim, em 1997. O pefelista voltou a insistir na tese de que há um complô para condená-lo e chegou a chorar no tribunal.
Crispim foi morto dias antes de prestar depoimento contra Hildebrando, o que levou o Ministério Público Federal (MPF) a sustentar queima de arquivo. O soldado teria feito parte de um grupo de extermínio que atuaria no Acre sob o comando do ex-parlamentar. A defesa alega não haver provas do crime.
O ex-deputado responde por homicídio duplamente qualificado. Se condenado, pode pegar até 30 anos. O julgamento deve durar pelo menos três dias. Inicialmente, foi feito o interrogatório. A leitura do processo começou hoje e deve terminar amanhã. Em seguida, serão ouvidas as cinco testemunhas de acusação. Não há testemunhas de defesa. A sentença será proferida depois de debates entre o MPF e a defesa.
O defensor público Sérgio Habib, escolhido para defender Hildebrando, sustenta que o ex-parlamentar já foi condenado a mais de 60 anos de reclusão por outros crimes como homicídio, tráfico de drogas e crime eleitoral. Ele cumpre pena em um presídio do Acre.
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Complô
O complô, segundo Hildebrando, envolveria o MPF, a Polícia Federal, a Justiça e pessoas condenadas pelo mesmo. Estes, segundo o pefelista, teriam forjado provas para incriminá-lo e escapar da acusação.
“A revolta é grande. Sou inocente, não transgredi a ordem, me insurgi contra atos do Poder Judiciário e do Ministério Público, por isso perdi minha vida. Não sou criminoso, sou vítima de uma conspiração”, declarou Hildebrando, que alegou também problemas de saúde para comover os jurados.
O ex-deputado disse ainda que é um “preso político” e afirmou que a cassação de seu mandato, em 1999, é uma das provas da existência do complô. “Ele disse que era um preso político, mas o Ministério Público diz que ele é um ex-político preso. Ele foi expulso do partido e cassado pela Câmara”, afirmou o procurador da República Vladimir Aras, que atua na acusação.
Outros cinco acusados já foram condenados pelo crime. Todos responsabilizaram Hildebrando pela morte do soldado. Um acusado foi absolvido por falta de provas.