Vestidos de verde e amarelo, de preferência com o uniforme da CBF com a marca da Nike, um grupo de “heróis” e “heroínas” tomou conta das ruas do Brasil nos dias 15 de março e 12 de abril deste ano.
Muitos deles, para economizar dinheiro, usavam uniformes não oficiais da seleção brasileira. Compraram a roupa pirateada, ou seja, faziam uso da corrupção para ir protestar contra a corrupção.
Alguém poderia dizer que isto é contradição. Não. É hipocrisia, oportunismo político.
Muitos destes “heróis” que estimularam os atos ou foram para as ruas não passariam incólumes por uma investigação policial.
É longa a lista dos que poderiam estar condenados. Alguns exemplos: reeleição de Fernando Henrique Cardoso, que, para aprová-la deputados foram comprados; o trensalão do metrô de São Paulo que incrimina parte do governo de José Serra e Geraldo Alckmin, ambos do PSDB; o mensalão do PSDB mineiro que compromete Aécio Neves e Eduardo Azeredo, etc.
Há também “heróis” e “paladinos da honestidade” no DEM, tais como o senador Agripino Maia, Demóstenes Torres e José Roberto Arruda. Todos investigados e alguns já com condenação.
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Citei os maiores “heróis”, mas há também os menores, como aqui no Paraná o senhor Luiz Abi Antoun, primo do governador Beto Richa (PSDB). Ele foi um dos heróis que foi para a rua protestar contra a corrupção. Dias depois, estava preso por corrupção.
Outros “heróis” e “heroínas” também foram desmascarados, como o senhor Danilo Amaral, que num restaurante de São Paulo puxou uma vaia ao ex-ministro Alexandre Padilha. E a vaia foi porque Padilha criou o programa “Mais Médicos” que presta atendimento médico a 63 milhões de pessoas. Pessoas, diga-se, que não tinham acesso a médicos.
Danilo Amaral foi um dos vice-presidentes da BRA, companhia aérea que faliu por incompetência e por suspeitas de falcatruas.
Por falar em Mais Médicos, na semana passada, foi preso por fraudar o SUS, em Montes Claros (MG), o médico Vagner Vinicius. Este também é um dos “heróis”. Além de fraudar o SUS, foi contra o Mais Médicos.
Nas últimas eleições o candidato a presidente da República Aécio Neves (PSDB), apoiado pelo DEM, PPS e Solidariedade, juntos com a maior parte dos meios de comunicação privados, botaram o ovo da serpente do nazi-fascismo.
Esse ovo se rompeu e permitiu que homens e mulheres exponham sem nenhum constrangimento sua ideologia nazi-fascista. Expõem o ódio, a ignorância e a imbecilidade em público sem nenhum constrangimento e sem nenhuma preocupação em virem a ser processados, afinal a polícia e a justiça têm se ausentado de investigar e condenar.
Semana passada, muitos de nós vimos na internet mais um “herói”, um tal de Daniel Barbosa. Fantasiado de policial, faz um violento e odioso discurso fascista contra um cidadão haitiano.
Em seu discurso, além de mostrar uma profunda ignorância expõe xenofobia e ódio aos imigrantes, principalmente haitianos, por serem negros.
Felizmente a polícia gaúcha abriu investigações contra o tal de Daniel Barbosa e rapidamente encontrou a ficha corrida: tem “antecedentes por roubo a estabelecimentos comerciais e sequestro”.
A mídia, os “heróis” e “heroínas” não falam nada ou falam pouco da corrupção apurada na Operação Zelotes e das contas secretas no HSBC (o chamado Swissleaks).
Não falam porque tais escândalos pegam a turma deles.
Na Zelotes aparecem empresários como Jorge Gerdau, mantenedor do Instituto Millenium, a RBS, de Eduardo Sirotsky, afiliada da Rede Globo, e Armínio Fraga, entre outros. No Swissleaks está José Roberto Guzzo, diretor da Abril (Veja).
Seria o momento para os “heróis” e “heroínas” irem para a rua protestar contra a corrupção do HSBC e dar apoio à Operação Zelotes. De lambuja também protestar contra a corrupção da Fifa e da CBF, mas, por favor, sem a marca da Nike, afinal, ela também é investigada.