Fábio Góis
Responsável pela gestão administrativa do Senado, o primeiro-secretário, Heráclito Fortes (DEM-PI), evitou comentar a notícia publicada com exclusividade por este site, nesta quinta-feira (23), segundo a qual o ex-diretor de Recursos Humanos da Casa João Carlos Zoghbi fez 42 viagens, das quais pelo menos dez ao exterior, por meio da cota de passagens aéreas da Câmara. Heráclito disse que, como os bilhetes foram emitidos pela Câmara, não caberia a ele fazer comentários sobre a situação.
“Ele é um funcionário do Senado, mas este não é um assunto que [sic] se possa tomar providências”, disse o senador, questionando se Zoghbi recebeu mesmo as passagens como “presente” de deputados. “Está claro que ele ganhou de presente? Esse assunto, para mim, ainda está um pouco nebuloso, envolve passagens da Câmara. Nós já estamos com problemas demais aqui no Senado”, acrescentou o democrata, alegando que, enquanto não houver “clareza” sobre o uso das passagens, não há o que ser dito.
“Até porque se há alguma falha cometida, mesmo o senhor Zoghbi sendo funcionário da Casa, não foi no âmbito do Senado Federal”, completou.
Segundo a reportagem do Congresso em Foco, as viagens saíram das cotas de 12 parlamentares diferentes e tiveram como passageiros sete integrantes da família Zoghbi. Isso quer dizer que, mesmo as passagens tendo sido emitidas na cota estipulada pela Câmara, está comprovada, no mínimo, a cumplicidade de um alto funcionário do Senado no escambo de passagens. Perguntado pela reportagem se houve relação imprópria entre as duas Casas no repasse de bilhetes, Heráclito foi diplomático:
“Não acho que o termo promiscuidade seja o colocado para nós tratarmos, pois estamos falando para o Brasil inteiro”, rebateu o senador, diante de câmeras de televisão de diversos veículos nacionais. “[O termo] promiscuidade se usa em outras circunstâncias. Eu acho que existe é exagero.”
Heráclito disse ainda que as novas normas da Mesa Diretora para o uso da cota de passagens, aprovadas ontem (22) em plenário, estão em fase de publicação do boletim interno da Casa, a despeito das reclamações não só de senadores, como também de deputados. “Algumas críticas são compreensíveis, mas isso foi uma decisão da maioria, com o apoio das lideranças. A Mesa aprovou e o plenário consagrou.”
“Temos de examinar como as críticas são feitas por cada um, e temos de respeitá-las. O importante é que a resolução foi aprovada”, concluiu.
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