Eduardo Militão
O líder do PMDB na Câmara, Henrique Eduardo Alves (RN), desistiu de ser candidato à Presidência da Câmara. Em entrevista ao Congresso em Foco, ele afirmou que “adiou” seu projeto. Com isso, o caminho para o PT dirigir a Casa no ano que vem ficou mais fácil. A fala de Henrique Alves, porém, pode ser um aceno para a negociação dos demais pontos exigidos pela bancada peemedebista na Câmara, numa moção assinada pelos deputados hoje (1º). Conforme este site noticiou há pouco, os deputados exigem que Henrique seja interlocutor nas negociações sobre a formação do novo governo e querem os ministérios da Agricultura e das Cidades na cota do PMDB da Câmara.
Segundo Alves, nesta quinta-feira (1º), o presidente do PT, José Eduardo Dutra, telefonou para o vice-presidente eleito, Michel Temer (PMDB-SP), comunicando que os petistas devem formalizar a tese do rodízio na presidência da Câmara. Num biênio, petistas, e noutro, peemedebistas. Será do PT o direito de escolher o período em que querem dirigir a Casa. O líder do governo e potencial candidato ao cargo, Cândido Vaccarezza (PT-SP) já disse que os petistas querem o primeiro biênio.
“Nós acataremos a decisão do PT”, garantiu Alves, no início da noite de hoje, no plenário da Câmara, dizendo-se “satisfeito” com o caminho a ser seguido. A reunião do PT vai acontecer na próxima terça-feira (7), quando será escolhido o candidato do partido ao cargo mais importante da Casa.
Informado das declarações de Alves, Vaccarezza não comemorou. Disse apenas que isso mostra que PT e PMDB não vão brigar por conta da disputa pelo cargo. “Se ele já disse, ele já resolveu o problema”, disse o líder do governo ao Congresso em Foco, minutos depois da entrevista de Alves.“Não vai ter briga. O PMDB é um grande partido: a tendência é a gente chegar a um grande acordo”, comentou Vaccarezza.
Só afagos também do lado peemedebista. Para Alves, o PT vai aceitar a tese do rodízio, escolherá o candidato e não haverá mais o que discutir. “Está tudo resolvido. É um casamento feliz”, disse o líder do PMDB. Ele disse que está “adiando o projeto” de ser presidente da Câmara, o que pode acontecer na eleição de 2013.
Moção
As afirmações de Henrique e Vaccarezza aconteceram depois de uma reunião dos deputados atuais e eleitos do PMDB, que assinaram uma moção em que dizem apoiar o nome do líder para a presidência da Câmara e fazem ainda reivindicações de espaço na negociação do novo governo e de cargos. O documento significa a “unidade do partido”, nas palavras do próprio líder.
“Os deputados eleitos entendem que o líder reúne todas a condições para a sua postulação à presidência desta Casa e reiteram neste momento o total apoio ao lançamento de sua candidatura”, diz o item 3 da moção assinada pelos deputados do PMDB, no qual exigiram que a presidente eleita Dilma Rousseff (PT) consulte os parlamentares antes de definir nomes para os ministérios do partido, o que deve incluir deputados.
Mas, no texto, os peemedebistas completam a frase dizendo confiar na continuação da harmonia entre PMDB e PT na presidência da Câmara nos próximos quatro anos. Em entrevista ao site, Alves disse que isso significa que qualquer apoio a ele está submetido a um acordo com os petistas.
Na reunião de hoje, estavam presentes o ministro das Relações Institucionais, o petista Alexandre Padilha, e o vice-presidente eleito, Michel Temer (PMDB-SP), um dos coordenadores do governo de transição de Dilma.
A moção dos deputados tem cinco itens. No quarto, cobram a consideração de Dilma por terem sido “parceiros da presidente eleita no processo eleitoral”. Eles se dizem “orgulhosos” da eleição da petista e a cumprimentam pela vitória nas urnas.
Leia a íntegra da moção
MOÇÃO DOS DEPUTADOS ELEITOS DO PMDB
1- Os deputados eleitos do PMDB cumprimentam e sentem orgulhosos da eleição da presidente Dilma Rousseff e do vice-presidente, presidente do nosso partido, Mcihel Temer.
2- Os deputados eleitos respaldam e manifestam o seu integral apoio às tratativas políticas conduzidas pelo líder Henrique Alves
3- Os deputados eleitos entendem que o líder reúne todas as condições para a sua postulação à Presidência desta Casa e reiteram neste momento o total apoio ao lançamento da sua candidatura, confiantes na continuação harmônica da boa relação do PMDB com o PT para a direção da Câmara dos Deputados nos próximos quatro anos.
4- Os deputados eleitos entendem que tendo sido parceiros da presidente eleita no processo eleitoral e pelo seu tamanho e importância nesta Casa devam ser previamente consultados sobre qualquer representação tomada em seu nome.
5- Os deputados eleitos compreendem a importância fundamental de serem representados no governo, com a escolha de qualquer dos seus integrantes.
Leia também