Edson Sardinha
A ex-senadora Heloísa Helena (Psol) anunciou hoje (20) seu afastamento da presidência nacional do Psol, alegando “total falta de identidade” com as posições assumidas pelo partido nos últimos meses. Em carta divulgada nesta manhã, a vereadora de Maceió cita o apoio “crítico” recomendado pela direção do Psol na semana passada à petista Dilma Rousseff, na disputa do segundo turno, como uma das decisões com as quais não concorda. A ex-parlamentar defendia o voto nulo.
“Comunico à direção nacional e à militância do Psol a minha decisão de formalizar o que de fato já é uma realidade há meses, diante das alterações estatutárias promovidas pela maioria do DN [diretório nacional] me afastando das atribuições da Presidência”, escreveu a ex-senadora.
No primeiro turno da eleição presidencial, Heloísa Helena não se envolveu na campanha do candidato do partido à Presidência, Plínio de Arruda Sampaio. A ex-senadora defendeu, antes da indicação de Plínio, que o Psol apoiasse a candidatura de Marina Silva (PV). Na falta de acordo, Heloísa apoiou a pré-candidatura do engenheiro Martiniano Cavalcanti, que acabou preterido.
“Não quero tapar o sol com a peneira e dizer que não tem nada. Teve, ficaram seqüelas e essas seqüelas não se apagam imediatamente. Estou jogando para apagar, e estou confiante que, com o desenvolvimento da campanha, vai apagar”, disse Plínio ao Congresso em Foco em julho, ao comentar a crise dentro do partido.
Leia ainda:
O velho PT na disputa presidencial
Dividido, Psol lança Plínio de Arruda Sampaio à Presidência
No último dia 3, a ex-senadora perdeu a eleição para o Senado. Foi a terceira colocada, com 16% dos votos. Ela ficou atrás do deputado Benedito de Lira (PP-AL), que ficou com 35,94% dos votos, e do senador Renan Calheiros (PMDB-AL), com 33,42%. Um mês antes das eleições, as pesquisas davam como certa a eleição dela. “Registro que enfrentei o mais sórdido conluio entre os que vivem nos esgotos do Palácio do Planalto – ostentando vulgarmente riquezas roubadas e poder – e a podridão criminosa da política alagoana”, diz a senadora na carta de afastamento da presidência do Psol.
Veja abaixo a íntegra da nota:
“Comunicado de Afastamento da Presidência Nacional do Psol
1. Agradeço a solidariedade de muitos diante da minha derrota ao Senado (escrevo na primeira pessoa pois sei, como em outras guerras ao longo da história já foi dito “A vitória tem muitos pais e mães, a derrota é orfã!”).
Registro que enfrentei o mais sórdido conluio entre os que vivem nos esgotos do Palácio do Planalto – ostentando vulgarmente riquezas roubadas e poder – e a podridão criminosa da política alagoana. Sobre esse doloroso processo só me resta ostentar orgulhosamente as cicatrizes, os belos sinais sagrados dos que estiveram no campo de batalha sem conluio, sem covardia, sem rendição!
2. Comunico à Direção Nacional e Militância do Psol a minha decisão de formalizar o que de fato já é uma realidade há meses, diante das alterações estatutárias promovidas pela maioria do DN me afastando das atribuições da Presidência. Como é de conhecimento de todas(os) fui eleita no II Congresso Nacional por uma Chapa Minoritária, composta majoritariamente pelo MES e Poder Popular (MTL), em um momento da vida partidária extremamente tumultuado que mais parecia a velha e cruel opção metodológica das lutas internas pelo aparato diante dos escombros de miserabilidade e indigência da nossa Classe Trabalhadora. Daí em diante o aprofundamento da desprezível carnificina política foi ora transparente ora dissimulado mas absolutamente claro!
Assim sendo, em respeito à nossa Militância e aos muitos Dirigentes que tanto admiro e por total falta de identidade com as posições assumidas nos últimos meses pela maioria das Instâncias Nacionais (culminando com o apoio a Candidatura de Dilma!) tenho clareza que melhor será para a organização e estruturação do Partido o meu afastamento e a minha permanência como Militante Fundadora do Psol, sempre à disposição das nobres tarefas de organização das lutas do nosso querido povo brasileiro! Avante Camaradas!
Maceió, 19 de Outubro de 2010
Heloísa Helena”
Leia também