O programa Bom Dia Brasil, da Rede Globo, começou nesta segunda-feira (18) a realizar uma sabatina com os presidenciáveis. Hoje, a convidada foi a candidata do Psol, senadora Heloísa Helena, que falou sobre inflação, programa de governo, reforma agrária, governabilidade, Lei de Responsabilidade Fiscal, previdência social, entre outros assuntos abordados.
A candidata do Psol, em alguns momentos, demonstrou irritação com os questionamentos dos jornalistas. Ela chegou a se indispor com a jornalista Miriam Leitão, que fazia perguntas sobre o sistema previdenciário brasileiro.
Em determinado momento da entrevista, a jornalista perguntou: "Candidata, o sistema previdenciário brasileiro tem uma enorme injustiça – alguns ganham muito pouco e outros ganham mais. Então, você tem 16 milhões de brasileiros que ganham salário mínimo dentro do sistema previdenciário. Quem ganha mais dentro do sistema são exatamente os funcionários públicos, que ganham às vezes 10, 20 vezes mais do que a massa dos trabalhadores que foram aposentados. A senhora brigou com o PT exatamente quando ele queria reduzir os ganhos de quem ganha mais na Previdência. Essa é a sua forma de defender os mais pobres – brigar pelo direito de quem ganhar mais no sistema previdenciário?
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Heloisa Helena disse que isso é impossível. "Meu Deus, estou impressionada com essa colocação. Realmente, os aprendizes de (Joseph) Goebbels, que era o publicitário de estimação de (Adolph) Hitler, que dizia que "mentira repetida muitas vezes vira verdade"…
Intrigada, Miriam Leitão perguntou se Heloísa Helena estava dizendo que a jornalista estava mentindo. "Não, não. Eu estou dizendo que eles enganaram", afirmou a candidata do Psol. Elas também divergiram quando o assunto foi inflação. Miriam Leitão afirmava que existe risco de inflação no país. Heloísa Helena retrucava.
"Qualquer economista sério, que não vendeu seus neurônios às estruturas de poder, que analisa a inflação no Brasil e em qualquer lugar do mundo, vê que é impossível haver um surto inflacionário em um único país. Isso é fato, além de outros mecanismos, de investir no setor produtivo para, através do aumento da produção, disponibilizar mais mercadorias e, portanto, com um possível aumento de demanda, não criar problemas inflacionários".
Dois discursos?
Outro ponto, que gerou um pouco mais de atrito entre a senadora e os jornalistas, foi quando o apresentador Alexandre Garcia, que estava em Brasília, disse que ela tinha dois discursos sobre o setor agrícola brasileiro (um para o grande produtor e outro para o pequeno)
"Não, não, não, jornalista. Não sou. O que eu digo aqui eu digo em um acampamento de sem-terra. Não é verdade. Onde eu ando, pelo Brasil, tenho falado de tudo. Ou seja, a agropecuária brasileira tem que estar voltada para a demanda interna do Brasil (…). Eu vou incentivar a agricultura brasileira. Aqueles que querem produzir no Brasil – seja um assentado, seja agricultura familiar ou grande produtor – terá zoneamento agrícola, crédito, assistência técnica, indústria agropecuária para agregar valor na sua mercadoria. Terá as proteções que são necessárias diante de questões internacionais gravíssimas. Então, eu não sou mulher de fazer dois discursos".
Programa de governo
Heloísa Helena também foi questionada por causa do seu programa de governo. Os entrevistadores afirmavam que a senadora não tinha lançado o programa oficialmente e que ficava difícil para saber todas as suas propostas. "Mas não é possível que vocês não viram. É impossível. Não há nenhum candidato que tenha tratado mais de programa de governo do que eu. Me desculpe, jornalista. Nenhum outro candidato apresentou tão detalhadamente programa de governo do que eu. Vamos tratar agora dele. Vamos agora falar sobre programa de governo. Se é sobre a impressão, eu mando ainda hoje impresso e distribuo para todos. Eu não estou com tempo de fazer solenidades".
Sobre o apoio do Congresso, em um eventual mandato, a candidata do Psol afirmou que quer um parlamento independente e fiscalizador, que monitore cada um dos passos da presidência da República. "Agora, eu não vou querer o Congresso Nacional na surdina, nos subterrâneos, nos esgotos da política, onde a presidência da República se reúne com o líder, com a liderança partidária, distribui cargos, prestígios, poder, liberação de emenda. Isso não. Será uma relação pactuada. Eu irei quantas vezes necessárias forem ao Congresso Nacional, de forma transparente, pública, democrática, respeitando a instituição. Agora, eu não acredito no fatalismo de que só tem um jeito de garantir governabilidade: que é trocando cargos, prestígios, poder que gera mensaleiro, sanguessuga e outros delinqüentes da política que apavoram o povo brasileiro".
Próximas entrevistas:
19/09 (terça-feira): Geraldo Alckmin (PSDB)
20/09 (quarta-feira): Cristovam Buarque (PDT)
21/09 (quinta-feira): Lula (PT)