O ministro da Controladoria Geral da União (CGU), Jorge Hage, classificou como "inconseqüente" a suspensão imediata dos cartões corporativos, sugerida ontem (18) pelo procurador do Ministério Público junto ao Tribunal de Contas da União, Marinus Eduardo Marsico, em depoimento no Senado. "É uma proposta inconseqüente e inqualificável", rebateu.
Ouvido pela CPI dos Cartões Corporativos, Hage minimizou as denúncias feitas na imprensa sobre eventuais irregularidades cometidas por ministros e servidores federais e qualificou o instrumento de pagamento de despesas como o mais transparente. “O folclórico, o pitoresco sempre chama a atenção. Se fala em uma farra, mas é uma escandalização do nada”, afirmou o ministro.
De acordo com ele, as investigações da CGU podem ir além das tapiocas – em referência ao gasto feito pelo ministro do Esporte, Orlando Silva – porque elas também se voltam para as chamadas contas B (cheques), principal mecanismo de pagamento usado pelo governo federal antes dos cartões corporativos. Segundo ele, as contas B têm "transparência zero".
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Hage disse que não está fazendo papel de advogado do governo e que a CGU está investigando de forma isenta os cartões. O ministro declarou que o volume de gastos com cartões é muito pequeno perto do montante total gasto pelo governo. Por esse motivo, afirmou, a fiscalização é feita apenas por uma pequena amostragem. “Tanto o TCU [Tribunal de Contas da União] como a CGU tem mais R$ 650 bilhões para fiscalizar”, ressaltou.
Ele apresentou dados que mostram que, no ano passado, o governo federal gastou R$ 99,5 milhões com contas tipo B e R$ 78,03 milhões com cartão corporativo. Desse valor, R$ 58,77 milhões foram sacados em dinheiro e R$ 19,25 milhões com cartão. "Verificamos que, embora o saque fosse previsto como exceção, o saque era usado como regra", admitiu.
O ministro apresentou levantamento que, segundo ele, revela que houve abuso nas denúncias veiculadas na imprensa relacionadas ao emprego dos cartões corporativos. De acordo com Hage, das 102 denúncias analisadas, apenas quatro se referiam a despesas não devidamente comprovadas, 28 estão em apuração e as demais foram consideradas improcedentes pelo órgão. (Rodolfo Torres e Edson Sardinha)
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