O ex-ministro da Fazenda Guido Mantega, que atuou no cargo por oito anos nos governos Lula e Dilma, acaba de ser preso em São Paulo na 34ª fase da Operação Lava Jato. Mantega foi localizado pelos policiais federais no Hospital Albert Einstein, onde acompanhava a esposa em uma cirurgia. Há outros sete mandados de prisão temporária. A nova etapa, batizada de Arquivo X, investiga fraudes em processo de licitação e corrupção de agentes públicos. O nome faz referência às empresas do grupo OSX, de Eike Batista.
Foram expedidos 33 mandados de busca e apreensão, oito de prisão temporária e oito de condução coercitiva em São Paulo, Rio de Janeiro, Minas Gerais, Rio Grande do Sul, Bahia e no Distrito Federal. Antes de prenderem Mantega, os agentes foram até a casa do ex-ministro, no bairro de Pinheiros, para cumprir mandado de busca e apreensão. Lá foram informados que ele estava no hospital.
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De acordo com as investigações, Mantega negociou com uma empresa contratada pela Petrobras o repasse de propina para o pagamento de dívida de campanha de partidos aliados do governo.
PublicidadeA Polícia está fazendo buscas em endereços das empresas Kriadon, Conceito, JCIS e RT. Elas estariam em nome de Júlio César Oliveira Silva, suposto operador de pagamentos de propina em nome de Eike e da Mendes Júnior. Segundo investigadores, as empresas simulavam prestação de serviços para fazerem pagamentos ilegais no esquema de corrupção da Petrobras.
Em depoimento ao Ministério Público Federal (MPF), Eike Batista declarou que recebeu um pedido do então ministro e presidente do Conselho de Administração da Petrobras para que fizesse um pagamento de R$ 5 milhões em favor do PT.
Segundo o empresário, a OSX firmou um contrato falso com uma empresa ligada aos publicitários João Santana e Mônica Moura, já denunciados na Lava Jato. Após uma primeira tentativa frustrada de repasse em dezembro de 2012, em abril de 2013, foi realizada transferência de US$ 2,35 milhões, no exterior, entre contas de Eike Batista e dos publicitários. O ex-ministro já havia sido levado pela Polícia Federal para depor, em maio, em outra operação, a Zelotes.
Em nota, a PF informa que nesta fase são investigados fatos relacionados à contratação pela Petrobras de empresas para a construção de 2 plataformas (P-67 e P70) para a exploração de petróleo na camada do pré-sal, as chamadas FSPO´s (Floating Storage Offloanding).
Conforme as investigações, ainda em 2012, “um ex-ministro da Fazenda” (Mantega) atuou diretamente junto ao comando de uma das empresas para negociar o repasse de recursos para pagamentos de dívidas de campanha de “partido político da situação”.
Confira a íntegra da nota divulgada pela Polícia Federal sobre a nova fase da Lava Jato:
“A Polícia Federal, com o apoio da Receita Federal, deflagrou na manhã de hoje, 22/09, a 34ª fase da Operação Lava Jato, intitulada Operação Arquivo X. As equipes policiais estão cumprindo 49 ordens judiciais, sendo 33 mandados de busca e apreensão, 08 mandados de prisão temporária e 08 mandados de condução coercitiva.
Aproximadamente 180 policiais federais e 30 auditores fiscais estão cumprindo as determinações judiciais em cidades nos estados de São Paulo, Rio de Janeiro, Rio Grande do Sul, Minas Gerais, Bahia e Distrito Federal.
Nesta fase da operação policial são investigados fatos relacionados à contratação pela PETROBRAS – PETROLEO BRASILEIRO S/A de empresas para a construção de 02 plataformas (P-67 e P70) para a exploração de petróleo na camada do pré-sal, as chamadas FSPO´s (Floating Storage Offloanding).
Utilizando-se de expedientes já revelados no bojo da Operação Lava Jato, fraude do processo licitatório, corrupção de agentes públicos e repasses de recursos a agentes e partidos políticos responsáveis pelas indicações de cargos importantes da estatal, empresas se associaram na forma de consórcio para obter os contratos de construção das duas plataformas muito embora não possuíssem experiência, estrutura ou preparo para tanto.
Durante as investigações verificou-se ainda que, no ano de 2012, um ex-ministro da Fazenda teria atuado diretamente junto ao comando de uma das empresas para negociar o repasse de recursos para pagamentos de dívidas de campanha de partido político da situação. Estes valores teriam como destino pessoas já investigadas na operação e que atuavam no marketing e propaganda de campanhas políticas do mesmo partido.
São apuradas as práticas, dentre outros crimes, de corrupção, fraude em licitações, associação criminosa e lavagem de dinheiro.
O nome “ARQUVO X” dado à investigação policial é uma referência a um dos grupos empresarias investigados e que tem como marca a colocação e repetição do “X” nos nomes das pessoas jurídicas integrantes do seu conglomerado empresarial.
Nos casos dos investigados para os quais foram expedidos mandados de condução coercitiva, estes estão sendo levados às sedes da Polícia Federal nas respectivas cidades onde foram localizados a fim de prestarem os esclarecimentos necessários. Os investigados serão liberados após serem ouvidos no interesse da apuração em curso.
Quanto aos investigados com prisão cautelar decretada, tão logo sejam localizados eles serão trazidos à sede da Polícia Federal em Curitiba onde permanecerão à disposição das autoridades responsáveis pela investigação.”